Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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As obras dos principais autores, a dizer Besanko e Barney, apontam conceitos<br />
diferentes para renda econômica: enquanto Besanko busca sua base teórica na<br />
tese Ricardiana de renda, a tese proposta por Barney se aproxima à proposta por<br />
Marx na forma de renda absoluta.<br />
Besanko utiliza-se da idéia de custo de oportunidade para definir renda<br />
econômica: a diferença entre o investimento mais rentável e o imediatamente<br />
inferior em termos de rentabilidade, retomando, dessa forma, a tese de Ricardo<br />
a respeito da renda diferencial, ensejando a exclusão da possibilidade de detenção<br />
de renda econômica pelos ativos de pior rentabilidade.<br />
Barney, pelo contrário, afirma que renda econômica é o montante de<br />
rentabilidade que excede o valor mínimo necessário para induzir um proprietário<br />
de algum recurso a deixá-lo à disposição da firma para o processo produtivo.<br />
Subentende-se, portanto, que todo e qualquer ativo produtivo gera renda; se essa<br />
afirmativa não fosse verdadeira o ativo não estaria inserido na produção. A tese de<br />
Barney, coincidência ou não, se aproxima da tese de Marx sobre a renda absoluta.<br />
Essa distinção tem impacto significativo na discussão da vantagem<br />
competitiva: a renda econômica é a essência da vantagem competitiva e isso<br />
interfere nas ferramentas em uso e que ainda serão desenvolvidas para mensuração<br />
da renda econômica, que servem de suporte para a tomada de decisão das<br />
empresas a respeito de seu posicionamento estratégico em um cenário competitivo<br />
cada vez mais agressivo e dinâmico.<br />
Vale ressaltar o importante papel da RBV com a inserção no debate da<br />
vantagem competitiva da idéia de recursos intangíveis, como habilidades<br />
gerenciais diferenciadas, conhecimento e cultura organizacional no contexto<br />
contemporâneo de pós-terceira revolução industrial, resultando na era, que<br />
desponta aos olhos dessa geração, absolutamente fundamentada na informação<br />
e na capacidade do homem de inovar e superar as barreiras impostas à produção<br />
mais eficiente e sustentável no longo prazo.<br />
Ignorar a contribuição do recurso humano, de sua criatividade e capacidade<br />
de inovar significaria romper com a realidade gritante da criação de valor além<br />
do recurso material palpável. Por isso, a discussão a respeito de recursos e<br />
competências essenciais para a obtenção e manutenção da vantagem competitiva<br />
não poderia estar mais sintonizada com a realidade.<br />
Referências bibliográficas<br />
BARNEY, J. Gaining and sustaining competitive advantage. 2 ed. New Jersey:<br />
Prentice Hall, 1994.<br />
BESANKO, D.; DRANOVE, D.; SHANLEY, M. Economics of strategy. 2 ed. Nova<br />
York: John Willey, 1999.<br />
COLLIS, D. J.; MONTGOMERY, C. A. Competing on resources: strategy in the 1990’s.<br />
In: Seeing differently: Insights on innovation. Harvard Business Review Book Series. 1997.<br />
GRASSI, R. B. Comentários sobre a aplicação empírica do conceito estrutural de<br />
competitividade. Leituras de Economia Política, Campinas, (4): 3-22, jun.1997.<br />
134 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>