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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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entre estes autores: para Besanko, o conceito de renda econômica se assemelha ao<br />

conceito de custo de oportunidade, ou seja, numa escala do mais eficiente para o<br />

menos eficiente, o último colocado (menos eficiente) não extrai renda econômica<br />

de seus investimentos, ao passo que Barney afirma em sua obra que todo e qualquer<br />

recurso produtivo é capaz de auferir renda e o fará enquanto estiver à disposição<br />

para o processo produtivo. A renda econômica é o motivo da disponibilidade<br />

desse recurso. Se os detentores desses recursos não acreditassem na possibilidade<br />

de obter lucros acima da média do mercado, não teriam motivos para ceder aos<br />

produtores seus recursos. O ponto de vista de Barney assemelha-se à tese de<br />

renda absoluta de Marx (1946), pois para esses dois autores todo e qualquer ativo<br />

produtivo é capaz de gerar renda.<br />

Segundo Schoemaker (1982), as firmas deliberadamente criam instabilidade<br />

(strategy of complexification), por meio da inovação contínua com produtos e<br />

serviços diferenciados. Essa diferenciação é um obstáculo para o mercado<br />

perfeitamente eficiente, dificultando a realização do consumo racional; neste passo,<br />

quanto maior a dificuldade em realizar o consumo racional, maior é a potencialidade<br />

de obtenção de renda econômica.<br />

Após essa incursão pela evolução histórica do conceito de renda econômica,<br />

percebem-se, portanto, algumas divergências entre os autores, mesmo dentro da<br />

corrente de pensamento da RBV. O próximo passo é entender a relação existente<br />

entre a renda econômica, vantagem competitiva sustentável e a importância desse<br />

tema para as empresas.<br />

2. A vantagem competitiva na perspectiva da RBV<br />

Os primórdios da teoria da vantagem competitiva estão ligados à teoria do<br />

comércio internacional, sob o nome de teoria das vantagens comparativas. Segundo<br />

essa tese, todas as nações têm tecnologia equivalente, mas diferem na disponibilidade<br />

dos fatores de produção (Grassi, 1997). Essa visão padece de um caráter essencialmente<br />

estático. A vantagem competitiva, como é entendida hoje, é um fenômeno verificável<br />

ex post, resultado de uma série de ações ex ante. A vantagem competitiva depende da<br />

adoção de uma estratégia adequada no passado, que ao longo do tempo resulta em<br />

acúmulo de capacitações que traz eficiência e bom desempenho no mercado, fato este<br />

verificado no fim do processo (Grassi, 1997).<br />

Como se pode averiguar, vantagem competitiva não é uma variável com<br />

comportamento estático, mas sim dinâmico. Percebe-se que há uma evolução ao<br />

longo do tempo. As vantagens são históricas e suplantáveis por outras a qualquer<br />

instante sob o efeito de inovações tecnológicas (Possas, 1987). Schumpeter (1982)<br />

foi o primeiro a expressar bem essa idéia em sua tese da “destruição criadora”, onde a<br />

constante inovação e superação tecnológica criam novos recursos e novas combinações<br />

eliminando os moldes antigos, podendo transformar uma vantagem em uma<br />

“desvantagem competitiva”.<br />

Mais uma vez o preceito clássico é questionado: o paradigma mecanicista<br />

e estático dos acontecimentos mostra-se um modelo incapaz de fornecer<br />

uma visão adequada de uma questão crucial para a empresa moderna – a<br />

vantagem competitiva.<br />

130 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>

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