Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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Como fatores que impossibilitam a imitação do recurso, Barney (1994) aponta<br />
a complexidade social, a ambigüidade causal (o entendimento da seqüência dos<br />
acontecimentos e o efeito de uma variável sobre a outra) e condições históricas<br />
únicas do processo de criação do recurso produtivo.<br />
Todos esses requisitos – value, rarity e imitability – devem ser identificados<br />
simultaneamente no recurso produtivo para existir a possibilidade de obtenção de<br />
renda econômica, mas não garantem que isso efetivamente aconteça. Um último<br />
fator deve ser analisado: a capacidade da firma em explorar essas potencialidades. A<br />
firma deve estar preparada estruturalmente para identificar e explorar os seus recursos<br />
de valor (organization); os recursos que a diferenciam de seus competidores e lhe<br />
garantem renda econômica. Na literatura esse tipo de recurso é denominado core<br />
competence (Prahalad e Hammel, 1990).<br />
Assim sendo, todo e qualquer recurso produtivo pode gerar renda econômica,<br />
e essa renda pode ser calculada, segundo Barney (1994), por meio da diferença<br />
entre o ganho com o ativo produtivo em utilização e a alternativa imediatamente<br />
posterior em termos de rentabilidade.<br />
“Owners of productive assets will make those assets available to an organization<br />
only if they are satisfied with the income they are receiving – and in particular, if the<br />
total income they are receiving (adjusted to risk) is at least as large as the income they<br />
could expect from any reasonable alternative.” (Barney, 1994, p. 152)<br />
Fica claro que, para o autor, assim como para Ricardo e Marshall, que a escassez<br />
do recurso produtivo é característica sine qua non para a existência da renda<br />
econômica. Uma organização que saiba trabalhar suas potencialidades e tenha<br />
eficiência organizacional terá sucesso se possuir algo único que seu concorrente não<br />
possa imitar e seus consumidores desejem obter.<br />
Besanko, contemporâneo de Barney, por sua vez conceitua renda econômica<br />
como lucro econômico, que surge da criação de valor em níveis maiores que seus<br />
concorrentes – condição necessária para que a firma tenha uma vantagem sobre<br />
outros competidores (Besanko et al, 1990).<br />
A criação de valor a que Besanko se refere está relacionada à disposição do<br />
consumidor de pagar um preço de mercado superior ao valor sacrificado para produzir<br />
uma mercadoria qualquer. O consumidor tomará sua decisão com base nos benefícios<br />
que a mercadoria lhe proporcionará e não no custo incorrido para sua fabricação.<br />
Portanto, o valor criado aparece nas duas frentes: por um lado existirá um<br />
excedente da firma na forma de lucro se o preço de mercado é superior ao seu custo<br />
de produção; por outro, existirá um excedente do consumidor se o benefício<br />
percebido é superior ao preço de mercado. A soma dessas duas frentes resultará no<br />
total do valor criado (Besanko et al, 1999).<br />
A geração de renda econômica é conseqüência do processo descrito acima;<br />
depende da criação de valor em montantes superiores aos dos concorrentes. Isso<br />
pode ser feito de duas maneiras: 1) a firma pode configurar sua cadeia produtiva<br />
(combinação de recursos) diferente de seu concorrente, ou 2) pode essencialmente<br />
ter a mesma configuração produtiva com atividades mais eficientes.<br />
Do mesmo modo que Barney, Besanko também expressa sua preocupação com a<br />
impossibilidade de se imitar um recurso produtivo, mas existe uma diferença tênue<br />
Renda econômica e a vantagem competitiva..., Patricia Lopes Fonseca, p. 125-135.<br />
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