Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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Racionalidade na ação –<br />
uma explicação a partir do<br />
modelo crença-desejo<br />
Carlos E. E. Mauro e José P. Maçorano *<br />
Resumo: O objetivo do artigo é propor um novo modelo de<br />
explicação da racionalidade na ação a partir do modelo crença-desejo<br />
originário da Filosofia Analítica. Na parte 1 torna-se explícita a<br />
pergunta de partida: é possível um agente levar a cabo uma ação<br />
irracional? Nessa mesma parte pretende-se justificar e posicionar<br />
teoricamente a escolha do tema. Na parte 2 tenta-se responder às<br />
seguintes perguntas: o que leva o agente a agir pela primeira vez?<br />
Como é possível explicar que, por exemplo, um agente humano<br />
inicie a sua vida de agente racional (independentemente da localização<br />
temporal dessa fronteira inicial)? O que permite a primeira ação<br />
racional? Na parte 3 argumenta-se em favor da falência do conceito<br />
de sistema de preferências. Na parte 4 descreve-se, então, o referido<br />
modelo de explicação da racionalidade na ação a partir do modelo<br />
crença-desejo originário da Filosofia Analítica.<br />
Palavras-chave: racionalidade na ação, preferências, modelo crençadesejo,<br />
escolha, decisão.<br />
Parte 1<br />
É possível um agente levar a cabo uma ação irracional? Esta questão,<br />
aparentemente de resposta fácil, surgiu-nos no decorrer da discussão de outros<br />
temas relacionados com a filosofia da mente e, mais especificamente, com a<br />
teoria da decisão racional. No entanto, da aparente facilidade de resolução, esta<br />
questão tornou-se uma problemática orientadora da investigação que deu origem<br />
a este trabalho. Cedo percebemos as implicações inerentes à possibilidade de<br />
uma resposta minimamente satisfatória. Não recuando perante o desafio, mas<br />
conscientes das dificuldades a superar, a linha de pesquisa tomou forma,<br />
assumindo como hipótese a testar a impossibilidade da existência de uma ação<br />
irracional levada a cabo por um agente.<br />
* Pesquisadores do Mind Language Action Group (MLAG), da Faculdade de Letras da Universidade do<br />
Porto (FLUP), Portugal (http://web.letras.up.pt/smiguens/mlag/index.html), e doutorandos no<br />
Departamento de Filosofia da mesma faculdade. José P. Maçorano é licenciado em Filosofia pela Universidade<br />
do Porto e Carlos E.E. Mauro é bacharel em Economia pela FAAP, mestre em Administração Pública e<br />
Governo pela FGV-SP e Professor Associado do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de<br />
Administração da FAAP. Quando o artigo foi escrito, era bolsista do Programa Alban . Uma versão preliminar<br />
foi apresentada nas Conferências Rationality Belief and Desire II, no Instituto de Filosofia da FLUP, em 28<br />
de janeiro de 2005. Nota do editor: a inclusão deste artigo nesta revista se justifica porque os economistas<br />
freqüentemente recorrem ao conceito de racionalidade, sem maiores reflexões sobre o mesmo.<br />
72 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>