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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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ordenado e de longo prazo para o Norte e para o Sul, como a estabilidade<br />

financeira, a conservação dos espaços marítimos ou aéreos, o patrimônio<br />

comum da humanidade, o meio ambiente ou a paz e a segurança<br />

internacional 5 .<br />

Em relação direta com esta crise de fundamentação e ao debate sobre<br />

seus objetivos e sua validade como instrumento de desenvolvimento, uma<br />

mudança muito perceptível e preocupante tem sido a forte queda<br />

experimentada pela Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (AOD), 30% menos<br />

em termos reais entre 1992 e 1998, segundo estimativas do Comitê de Ajuda<br />

ao Desenvolvimento da OCDE. Além do mais existe um recente dado<br />

paradoxal: a aparição de uma “nova agenda” de cooperação para o<br />

desenvolvimento, que se estendeu a âmbitos como a liberalização e a reforma<br />

econômica, a democracia e os direitos humanos, a gestão pública, a igualdade<br />

entre os sexos, o meio ambiente, a construção da paz e a gestão da crise, e,<br />

como questão central desde a metade da década de 90, a luta contra a pobreza.<br />

Por outro lado, a partir do ano 2000 se conseguiu firmar um conjunto<br />

de metas internacionais de desenvolvimento que paulatinamente estão<br />

assumindo como próprias as agências bilaterais de cooperação e as<br />

organizações multilaterais (FMI, BIRD, OMC). Com efeito, nos últimos<br />

dez anos produziu-se um declínio visível do modelo econômico neoliberal<br />

conhecido como “Consenso de Washington” e, ao mesmo tempo, foi<br />

surgindo um novo consenso internacional sobre desenvolvimento. Ainda<br />

que este não questione os fundamentos econômicos do anterior, assumiu<br />

como objetivos centrais a luta contra a pobreza e o desenvolvimento social.<br />

As melhores expressões desse novo consenso são os Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio, adotados pela Assembléia Geral das Nações<br />

Unidas em setembro de 2000 por meio da “Declaração do Milênio”, assinada<br />

por 189 países, incluindo 147 Chefes de Estado e de Governo 6 .<br />

Compreendem oito objetivos de desenvolvimento social e econômico, que<br />

se concretizam em 18 metas quantificáveis para o período entre 1990-2015,<br />

e outros vários indicadores de progresso para cada uma delas.<br />

Na aparição destes objetivos intervieram distintos atores e processos. Vários deles<br />

foram adotados nas Declarações e Planos de Ação das Cúpulas das Nações Unidas<br />

celebradas ao longo dos anos 90: sobre infância (Nova York, 1990); meio ambiente e<br />

desenvolvimento (Rio de <strong>Janeiro</strong>, 1992); direitos humanos (Viena, 1993); população<br />

e desenvolvimento (Cairo, 1994); mulher e desenvolvimento (Pequim, 1995);<br />

desenvolvimento social (Copenhague, 1995); e alimentação (Roma, 1996). Estas<br />

Cúpulas trataram de promover acordos globais sobre metas de desenvolvimento no<br />

contexto, mais favorável, do pós-guerra fria e da crise da ideologia neoliberal. As<br />

“Cúpulas paralelas” foram, além do mais, o cenário da aparição do movimento<br />

transnacional de ONGs e outras organizações sociais, que desembocou nas mobilizações<br />

de Seattle em novembro de 1999 ante a reunião da Organização Mundial de Comércio.<br />

5 Sobre o enfoque dos bens públicos globais ver KAUL, I. et al. Bienes públicos mundiales. La cooperación<br />

internacional en el siglo XXI. México: Oxford University Press, 2001, p.474 – 533.<br />

6 Resolução da Assembléia Geral da ONU, A/RES/55/2, adotada em 8 de Setembro de 2000.<br />

O Sistema Internacional de Cooperação ao Desenvolvimento...., Bruno Ayllón, p. 5-23.<br />

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