11.07.2015 Views

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Alguns limitaram-se a tombar e chorar sobre os remos, enquanto os ombroslhes eram sacudi<strong>do</strong>s por soluços incontroláveis.O encarrega<strong>do</strong> da coberta soltou o chicote ao ver Thom<strong>as</strong> a aproximar-se,e colocou <strong>as</strong> mãos junt<strong>as</strong> num pedi<strong>do</strong>, enquanto murmurava emfrancês.— Senhor, por favor… Por favor.— Onde fica o pino que fecha <strong>as</strong> correntes? — inquiriu Thom<strong>as</strong>.O outro espetou o de<strong>do</strong>, apontan<strong>do</strong> um aro crava<strong>do</strong> profundamentenuma trave <strong>do</strong> chão, logo atrás da posição <strong>do</strong> bate<strong>do</strong>r.— Ali.Thom<strong>as</strong> af<strong>as</strong>tou-o com a mão. Lutou contra a náusea provocada pelocheiro indescritível que vinha d<strong>as</strong> profundez<strong>as</strong> <strong>do</strong> porão. Como podia umhomem aguentar uma coisa daquel<strong>as</strong>?, perguntou-se. Encontrou o anelque fechava a corrente e localizou o pino que a fixava. Pegou na sua adagae começou a tentar soltá-lo. Ao fim de um momento, o pino saltou <strong>do</strong>seu encaixe, e Thom<strong>as</strong> pôde começar a fazer p<strong>as</strong>sar a corrente pelo anel,acumulan<strong>do</strong>-a ao pé <strong>do</strong> banco mais próximo. Olhou para os rostos <strong>do</strong>shomens que lá estavam senta<strong>do</strong>s.— Quem de entre vós é cristão?— Eu! — ripostou enfaticamente o homem mais próximo — Eu, senhor.Sou de Toulon.— Libertem-no — ordenou Thom<strong>as</strong>.— Eu também! — apressou-se a anunciar o vizinho <strong>do</strong> homem.— Mentiroso! — rosnou este. — És um mouro. Os corsários capturaram-teem Valência.— Sargento, liberte o francês. O outro fica acorrenta<strong>do</strong>. — O mouro,um descendente <strong>do</strong>s árabes que em tempos tinham governa<strong>do</strong> a Espanha,abriu a boca num protesto, m<strong>as</strong> ao notar a expressão implacávelque Thom<strong>as</strong> ostentava, fechou-a e deixou pender a cabeça sobre o remo,resigna<strong>do</strong>. Thom<strong>as</strong> olhou em volta enquanto mais vozes se levantavam eproclamavam a sua fé. Se to<strong>do</strong>s diziam a verdade, não mais de um terço <strong>do</strong>shomens permaneceria aos remos, o que não seria suficiente para a viagemde regresso a Malta. À medida que o tumulto de vozes aumentava, resolveuinterrompê-lo. Respirou fun<strong>do</strong> e lançou um grito sobre toda a cena.— SILÊNCIO!Os rema<strong>do</strong>res, habitua<strong>do</strong>s ao regime duro imposto pelos encarrega<strong>do</strong>s,silenciaram de imediato os protestos. Thom<strong>as</strong> voltou-se de novo parao sargento.— Liberte os cristãos, m<strong>as</strong> só eles. To<strong>do</strong> e qualquer homem que se proclamecristão e que seja desm<strong>as</strong>cara<strong>do</strong> como mentiroso, será imediatamenteexecuta<strong>do</strong>.33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!