11.07.2015 Views

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma mudança de idei<strong>as</strong>, ou outra causa? Deus meu, que tenha si<strong>do</strong> outroo motivo, pediu Thom<strong>as</strong> em silêncio, antes de se sentir envergonha<strong>do</strong> porestar a solicitar a intervenção divina para um propósito que sabia ser considera<strong>do</strong>ignóbil por muitos outros.Decidiu esperar até que o sino marc<strong>as</strong>se a primeira hora da madrugada.Se Maria não tivesse chega<strong>do</strong> até essa altura, depreenderia que elanão viria de to<strong>do</strong>, e que aquele amor, o primeiro da sua vida, estava condena<strong>do</strong>.A noite alongou-se e quan<strong>do</strong> surgiu por fim o grave som <strong>do</strong> sino, o cavaleirosoltou um lamento profun<strong>do</strong> e encetou o caminho de regresso. Foinesse momento que ela emergiu da escuridão e se lançou a correr para ele;sem palavr<strong>as</strong>, abraçaram-se e trocaram um longo beijo, e to<strong>do</strong>s os receios<strong>do</strong> jovem se desvaneceram.— O que é que te atr<strong>as</strong>ou? — perguntou por fim.— Peço-te desculpa, meu amor. A mulher <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>r em cuja c<strong>as</strong>afui acomodada é uma bruxa desconfiada, e vigia-me como um falcão.— E com bo<strong>as</strong> razões. — Thom<strong>as</strong> riu.Maria deu-lhe um empurrão no peito.— Não zombes. Tive de esperar até ter a certeza que já não havia movimentona c<strong>as</strong>a antes de me atrever a sair. Vim <strong>as</strong>sim que pude. Não temosmuito tempo. Tenho de estar no meu quarto antes que os cria<strong>do</strong>s despertem,pela alvorada.Beijou-o de novo, m<strong>as</strong> Thom<strong>as</strong> sentiu nela alguma tensão, pelo querecuou.— O que se p<strong>as</strong>sa? — indagou.A pele da jovem estava pálida sob o luar quan<strong>do</strong> ela o encarou, e sentiu-aestremecer.— Thom<strong>as</strong>, o que nos vai acontecer? Estamos em peca<strong>do</strong>, não há outraforma de o descrever. Vou c<strong>as</strong>ar-me com outro homem, m<strong>as</strong> ofereci-te omeu coração e o meu corpo. Para que serve tu<strong>do</strong> isto? O meu irmão chegaráa qualquer momento. E depois disso nunca mais nos veremos.— Devemos portanto aproveitar ao máximo o tempo de que ainda dispomos.— Já o fizemos, mais <strong>do</strong> que a prudência aconselharia — lembrou ela,nervosa.— Ao demónio com a prudência. Há que seguir a nossa natureza, osnossos corações.Ela abanou a cabeça e falou em tom suave.— Tolo. A<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> tolo. Não somos mais <strong>do</strong> que pequen<strong>as</strong> peç<strong>as</strong> nummecanismo intrinca<strong>do</strong>. Só podemos obedecer aos caprichos de outr<strong>as</strong> forç<strong>as</strong>,muito mais poderos<strong>as</strong>. Nada podemos para <strong>as</strong> contrariar.43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!