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5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

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ápi<strong>do</strong> que o af<strong>as</strong>tara, enquanto o semblante regressava à frieza habitual,os olhos escuros a semicerrarem-se enquanto acenava em gratidão, antesde descer à cabina para trocar <strong>as</strong> roup<strong>as</strong> encharcad<strong>as</strong>. Fora um momentoínfimo, m<strong>as</strong> tinha revela<strong>do</strong> um <strong>as</strong>peto mais humano <strong>do</strong> seu caráter, e naaltura Thom<strong>as</strong> não evitara um sorriso perante a vergonha <strong>do</strong> seu escudeiroao mostrar-se vulnerável.Assim que a tempestade amainara, o capitão rumara a terra, e tinhamaporta<strong>do</strong> em La Rochelle para reparações e descanso antes de prosseguiremviagem. O galeão retomara o curso ao longo da costa da Biscaia, e cruzaraa fronteira marítima entre França e Espanha num dia de Natal triste ecinzento. A intenção de Thom<strong>as</strong> era desembarcar em San Seb<strong>as</strong>tián, m<strong>as</strong> oporto estava cerca<strong>do</strong> pelos franceses, e o capitão tinha resolvi<strong>do</strong> seguir paraBilbau, apesar <strong>do</strong>s protestos <strong>do</strong>s padres, que tinham exigi<strong>do</strong> desembarcarali mesmo.Enquanto Thom<strong>as</strong> permanecia senta<strong>do</strong> no cais, a remoer os acontecimentosrecentes, o solda<strong>do</strong> regressou finalmente com o capitão <strong>do</strong> porto,que se lançou numa longa tirada <strong>as</strong>sim que Richard tentou explicar o propósitoda viagem <strong>do</strong>s ingleses. Entretanto, o sargento saiu discretamente databerna e juntou-se de novo aos seus homens, antes que fosse notada a suaausência. Thom<strong>as</strong> escutou a furiosa troca de palavr<strong>as</strong> durante mais algunsminutos, até que se fartou e se pôs de pé, ainda que a custo. O corpo já nãoera um instrumento bem afina<strong>do</strong>, e já não lhe respondia com a mesma vontade.Os músculos tremiam de frio e de humidade e estavam pesa<strong>do</strong>s enquantoavançava para se interpor entre os <strong>do</strong>is homens presos na discussão.— Qual é o problema com este nosso amigo?Richard só então reparou na sua aproximação.— Diz ele que to<strong>do</strong>s os portos de Espanha estão fecha<strong>do</strong>s a viajantesprovenientes de Inglaterra, por ordem <strong>do</strong> rei Filipe, em represália pela continuadaperseguição aos Católicos levada a cabo pela rainha.— A sério? Diz-lhe que eu próprio sou um católico.Richard traduziu, m<strong>as</strong> o outro ripostou de forma curta enquanto empinavao nariz.— Diz ele que ainda <strong>as</strong>sim sois um inglês.— É bem verdade, m<strong>as</strong> não é c<strong>as</strong>o para pedir desculpa. Diz-lhe que éele que nos deve desculp<strong>as</strong> por nos deter aqui desta forma.Richard hesitou.— Senhor, é suposto que tentemos p<strong>as</strong>sar por Espanha da forma maisdiscreta possível.— Discrição é uma coisa, humilhação é outra, muito diferente. Souum cavaleiro inglês, e viajo ao serviço da Ordem de S. João, para defendera Cristandade contra o Turco. Se este homem me nega a p<strong>as</strong>sagem, terá de86

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