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5 A presente obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico.

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— Homem, o teu senhor está? Avisaram-me que ele raramente se af<strong>as</strong>tada c<strong>as</strong>a nos últimos anos.— É verdade — concor<strong>do</strong>u Thom<strong>as</strong>.— E está em c<strong>as</strong>a? — indagou o homem, apressa<strong>do</strong>. — Não tenho tempopara jogos. Tenho de regressar a Londres <strong>as</strong>sim que tiver cumpri<strong>do</strong> oque me foi ordena<strong>do</strong>.— O senhor ainda não entrou. O que desejais dele?— Algo que lhe devo dizer em pessoa, que não pode ser transmiti<strong>do</strong>por um cria<strong>do</strong>.— Então dizei-o.A expressão de irritação <strong>do</strong> outro aumentou por um instante, até quese apercebeu <strong>do</strong> que tinha ouvi<strong>do</strong>, e mu<strong>do</strong>u instantaneamente de atitude,baixan<strong>do</strong> a cabeça.— Senhor, <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> desculp<strong>as</strong>. Não fazia ideia.— Nesse c<strong>as</strong>o, porque é que partistes <strong>do</strong> princípio de que vos dirigíeisa alguém de estatuto inferior?O homem levantou a cabeça e fez um gesto vago.— Senhor, <strong>as</strong> voss<strong>as</strong> vestes não são <strong>as</strong> típic<strong>as</strong> de um cavalheiro. Pensei…— Pens<strong>as</strong>tes? Presumistes? Julgais sempre um homem pela sua aparência?— Senhor, eu… eu… eu posso apen<strong>as</strong> pedir-vos desculpa.Thom<strong>as</strong> olhou-o com intensidade, até que o outro baixou a vista para ochão. O homem tinha cometi<strong>do</strong> um erro honesto, e sem má vontade, m<strong>as</strong>ainda <strong>as</strong>sim havia algo que irritava Thom<strong>as</strong>. Era um exemplo típico da sociedadeque girava em torno da corte real e da gente menor que se agarravaà periferia desse círculo. A aparência era tu<strong>do</strong>, e a substância <strong>do</strong> caráter decada um podia ser ignorada. Thom<strong>as</strong> sentia tu<strong>do</strong> aquilo como uma ofensaao seu mo<strong>do</strong> de ver os homens e o mun<strong>do</strong>, e a isso juntava-se um ressentimentoamargo por ter visto a sua privacidade invadida nada menos de du<strong>as</strong>vezes em menos de um dia.— Muito bem, que nov<strong>as</strong> me trazeis?— Uma convocatória, senhor, de facto. — O homem voltou a levantara vista, e usou um tom respeitoso. — Do meu amo, Sir Robert Cecil. Desejaque o visiteis na sua c<strong>as</strong>a, em Drury Lane, em Londres, amanhã, às seishor<strong>as</strong> em ponto.— Deseja? E se eu disser que não?O queixo <strong>do</strong> homem descaiu, como se não tivesse compreendi<strong>do</strong>,como se não pudesse sequer ser considerada a possibilidade de algo quenão fosse a imediata aquiescência à vontade <strong>do</strong> seu senhor. Engoliu nervosamenteantes de responder.65

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