CAPÍTULO 10. DUALIDADE 10110.2 Relações entre os problemas primal e dualNesta seção daremos relações importantes entre os problemas primal e dual.Teorema 10.2 (da Dualida<strong>de</strong> Fraca). Seja dado um problema primal na forma canônica P 1 eseu dual D 1 . Se x 0 e w 0 são pontos viáveis <strong>de</strong> P 1 e D 1 , respectivamente, entãocx 0 ≥ w 0 b.Ou seja, a FO do dual fornece um limitante inferior para a FO do problema primal <strong>de</strong> minimizaçãona forma canônica.Demonstração. Temos Ax 0 ≥ b, x 0 ≥ 0, w 0 A ≤ c e w 0 ≥ 0. Multiplicando Ax 0 ≥ b aesquerda por w 0 ≥ 0 e w 0 A ≤ c a direita por x 0 ≥ 0, obtemoscx 0 ≥ w 0 Ax 0 ≥ w 0 b.Corolário 10.3. Consi<strong>de</strong>re x 0 e w 0 como no Teorema 10.2. Se cx 0 = w 0 b então x 0 e w 0 sãosoluções ótimas <strong>de</strong> P 1 e D 1 , respectivamente.Corolário 10.4. Se um dos problemas P 1 ou D 1 é ilimitado, o outro é inviável.Ativida<strong>de</strong> 27. Mostre os dois Corolários anteriores.Ativida<strong>de</strong> 28. Enuncie e <strong>de</strong>monstre o Teorema 10.2 para a forma padrão (problemas P 2 eD 2 ). Conclua que os dois Corolários anteriores valem também para a forma padrão.Contrariando as expectativas, se um dos problemas P 1 ou D 1 for inviável então não hágarantia <strong>de</strong> que o outro seja ilimitado, como mostra o próximo exemplo.Exemplo 10.2.1. [1] Consi<strong>de</strong>re o PL primale seu dualmin −x 1 −x 2s.a. x 1 −x 2 ≥ 1−x 1 +x 2 ≥ 1x 1 , x 2 ≥ 0max w 1 +w 2s.a. w 1 −w 2 ≤ −1−w 1 +w 2 ≤ −1w 1 , w 2 ≥ 0O PL primal é inviável pois x 1 − x 2 ≥ 1 e x 1 − x 2 ≤ −1. Mas note que pelo mesmo motivoo dual é também inviável.Teorema 10.5 (da Dualida<strong>de</strong> Forte). Se um dos problemas P 1 ou D 1 admitir solução ótima,então o outro também admite. Neste caso os valores ótimos das FO’s do primal e do dual sãoiguais.
CAPÍTULO 10. DUALIDADE 102Demonstração. Suponha que P 1 tenha solução ótima x. Inserimos variáveis <strong>de</strong> folga no problemaprimal, obtendo o sistema Ax − I m x f = b, x ≥ 0, x f ≥ 0. Po<strong>de</strong>mos supor neste casoque x seja solução básica viável associada a uma base B. Tomemos w = c B B −1 ∈ R m . Como xé ótimo, wN−c N ≤ 0, on<strong>de</strong> N é a submatriz <strong>de</strong> [ ]A −I m das colunas não básicas. TambémwB − c B = c B B −1 B − c B = 0, e logow [ A −I m]−[c 0]= w[B N]−[cB c N]≤ 0 ⇒ w[A −Im]≤[c 0].Com isso wA ≤ c e w ≥ 0, ou seja, w é viável para o dual D 1 . Por outro lado cx = c B B −1 b =wb, e do Corolário 10.3 segue que w é solução ótima <strong>de</strong> D 1 .O caso em que D 1 admite solução ótima recai no anterior transformando D 1 na forma <strong>de</strong>P 1 .Ativida<strong>de</strong> 29. Enuncie e <strong>de</strong>monstre <strong>de</strong> forma análoga o Teorema da Dualida<strong>de</strong> Forte para aforma padrão.Os resultados enunciados até aqui são resumidos no Teorema a seguir, conhecido por Teoremada Dualida<strong>de</strong> ou Teorema Fundamental da Dualida<strong>de</strong>. Como qualquer PL po<strong>de</strong> sertransformado nas formas padrão ou canônica, ele será enunciado <strong>de</strong> forma geral.Teorema 10.6 (Teorema Fundamental da Dualida<strong>de</strong>). Sejam P um problema primal e D seudual. Exatamente uma das afirmações ocorre:(i) Ambos possuem solução ótima x ∗ e w ∗ com cx ∗ = w ∗ b.(ii) Um dos problemas é ilimitado. Neste caso o outro é inviável.(iii) Ambos os problemas são inviáveis.Teorema 10.7 (das Folgas Complementares). Se x ∗ e w ∗ são soluções ótimas <strong>de</strong> um problemaprimal P e seu dual D, respectivamente, então (c − w ∗ A)x ∗ = 0 e w ∗ (Ax ∗ − b) = 0.Demonstração. Pelo Teorema da Dualida<strong>de</strong> Forte, cx ∗ = w ∗ b. Da <strong>de</strong>monstração do Teoremada Dualida<strong>de</strong> Fraca, temos cx ∗ ≥ w ∗ Ax ∗ ≥ w ∗ b e logo cx ∗ = w ∗ Ax ∗ = w ∗ b, don<strong>de</strong> segue oresultado.As condições (c − w ∗ A)x ∗ = 0 e w ∗ (Ax ∗ − b) = 0 do Teorema 10.7 são chamadas folgascomplementares. Elas asseguram que quando x ∗ é não ativo em uma restrição primal, digamosa i x ∗ < b i , então a variável dual correspon<strong>de</strong>nte w ∗ i é zero. Da mesma forma, quando w ∗ é nãoativo em uma restrição dual, digamos w ∗ a j < c j , a variável primal correspon<strong>de</strong>nte x ∗ j é zero.Exemplo 10.2.2. [1] Consi<strong>de</strong>re o PLe seu dualmin 2x 1 +3x 2 +5x 3 +2x 4 +3x 5s.a. x 1 +x 2 +2x 3 +x 4 +3x 5 ≥ 42x 1 −2x 2 +3x 3 +x 4 +x 5 ≥ 3x 1 , x 2 , x 3 , x 4 , x 5 ≥ 0max 4w 1 +3w 2s.a. w 1 +2w 2 ≤ 2w 1 −2w 2 ≤ 32w 1 +3w 2 ≤ 5w 1 +w 2 ≤ 23w 1 +w 2 ≤ 3w 1 , w 2 ≥ 0