CAPÍTULO 4. ESPAÇOS VETORIAIS 25Exemplo 4.1.2. W = {(at, bt, ct) ∈ R 3 ; t ∈ R} é subespaço vetorial <strong>de</strong> R 3 . Geometricamente,se (a, b, c) ≠ 0 então W é a reta do espaço na direção do vetor (a, b, c) e que passa pela origem.No caso em que (a, b, c) = 0, W = {0}.Exemplo 4.1.3. W = {(x, y, z) ∈ R 3 ; z = 3x, x = 2y} é subespaço vetorial <strong>de</strong> R 3 . De fato,po<strong>de</strong>mos escrever W = {(2y, y, 6y) ∈ R 3 ; y ∈ R}, e W é a reta na direção <strong>de</strong> (2, 1, 6) e quepassa pela origem.Sejam V um espaço vetorial e W 1 , W 2 subespaços seus. Então W 1 ∩ W 2 é subespaçovetorial <strong>de</strong> V . Por outro lado, a união W 1 ∪ W 2 <strong>de</strong> subespaços vetoriais NÃO é em geral umsubespaço vetorial. Por exemplo, W 1 = {(t, 0); t ∈ R} e W 2 = {(0, s); s ∈ R} são subespaços<strong>de</strong> R 2 , mas (1, 0), (0, 1) ∈ W 1 ∪ W 2 e (1, 0) + (0, 1) = (1, 1) /∈ W 1 ∪ W 2 , o que mostra queW 1 ∪ W 2 não é fechado para a soma, e portanto não é subespaço. No entanto, o conjuntoW 1 + W 2 = {v ∈ V ; v = w 1 + w 2 , w 1 ∈ W 1 , w 2 ∈ W 2 } é subespaço vetorial <strong>de</strong> V , chamadoa soma dos subespaços W 1 e W 2 . Quando W 1 ∩ W 2 = {0} a soma W 1 + W 2 é chamada somadireta, e escrevemos W 1 ⊕ W 2 .Exemplo 4.1.4. Consi<strong>de</strong>re os subespaços <strong>de</strong> R 2 dados por W 1 = {(t, 0); t ∈ R} e W 2 ={(0, s); s ∈ R}. Então W 1 +W 2 = {v ∈ R 2 ; v = (t, 0)+(0, s), t, s ∈ R} = {(t, s); t, s ∈ R} = R 2 .Ou seja, R 2 = W 1 + W 2 . Observe ainda que W 1 ∩ W 2 = {(0, 0)}, e logo R 2 = W 1 ⊕ W 2 . 4.2 Combinação linearDefinição 4.3. Seja V um espaço vetorial e vetores v 1 , . . . , v n ∈ V . Dados a 1 , . . . , a n ∈ R, ovetor <strong>de</strong> Vv = a 1 v 1 + · · · + a n v né uma combinação linear <strong>de</strong> v 1 , . . . , v n .Fixados v 1 , . . . , v n ∈ V , o conjunto W <strong>de</strong> todas as combinações lineares <strong>de</strong> v 1 , . . . , v n ,W = [v 1 , . . . , v n ] = {v ∈ V ; v = a 1 v 1 + · · · + a n v n , a 1 , . . . , a n ∈ R}é um subespaço vetorial <strong>de</strong> V , chamado subespaço gerado por v 1 , . . . , v n . Dizemos também quev 1 , . . . , v n geram W .Exemplo 4.2.1. Consi<strong>de</strong>re um vetor v ∈ R 3 com v ≠ 0. Então o subespaço gerado por v,[v] = {av ∈ R 3 ; a ∈ R},é a reta que passa pela origem (0, 0, 0) na direção do vetor v.Exemplo 4.2.2. Consi<strong>de</strong>re dois vetores u, v ∈ R 3 não colineares (isto é, u ≠ av para todoa ∈ R e v ≠ 0). Então[u, v] = {au + bv ∈ R 3 ; a, b ∈ R}é o plano que passa pela origem e é paralelo aos vetores u e v.Exemplo 4.2.3. O subespaço <strong>de</strong> R 2 gerado por (1, 0) e (0, 1) é[(1, 0); (0, 1)] = {a(1, 0) + b(0, 1); a, b ∈ R} = {(a, b); a, b ∈ R} = R 2 .O subespaço <strong>de</strong> R 2 gerado por (1, 0), (0, 1) e (1, 1) é[(1, 0); (0, 1); (1, 1)] = {a(1, 0) + b(0, 1) + c(1, 1); a, b, c ∈ R}= {(a + c, b + c); a, b, c ∈ R} = {(a ′ , b ′ ); a ′ , b ′ ∈ R} = R 2 .Assim, [(1, 0); (0, 1); (1, 1)] = [(1, 0); (0, 1)].
CAPÍTULO 4. ESPAÇOS VETORIAIS 26Exemplo 4.2.4. Generalizando o exemplo anterior, valeu ∈ [v 1 , . . . , v n ] ⇔ [v 1 , . . . , v n , u] = [v 1 , . . . , v n ].Ou seja, vetores que são combinações lineares <strong>de</strong> outros não fazem diferença no subespaço queeles geram.Vamos mostrar tal afirmação. Se u ∈ [v 1 , . . . , v n ] então u = ∑ ni=1 a iv i para certos a 1 , . . . , a n ∈R. Assimn∑[v 1 , . . . , v n , u] = [v 1 , . . . , v n , a i v i ]i=1{( n∑)}= v ∈ V ; v = b 1 v 1 + · · · + b n v n + b a i v i , b 1 , . . . , b n , b ∈ Ri=1= {v ∈ V ; v = (b 1 + ba 1 )v 1 + · · · + (b n + ba n )v n , b 1 , . . . , b n , b ∈ R}= {v ∈ V ; v = c 1 v 1 + · · · + c n v n , c 1 , . . . , c n ∈ R}= [v 1 , . . . , v n ].Reciprocamente, u = 0v 1 + · · · + 0v n + 1u ∈ [v 1 , . . . , v n , u] = [v 1 , . . . , v n ], e logo u ∈[v 1 , . . . , v n ]. 4.3 Dependência e in<strong>de</strong>pendência linearDefinição 4.4. Sejam V um espaço vetorial e v 1 , . . . , v n ∈ V . Dizemos que o conjunto{v 1 , . . . , v n } é linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (LI) ou que os vetores v 1 , . . . , v n são LI se a equaçãoa 1 v 1 + · · · + a n v n = 0admitir somente a solução trivial a 1 = a 2 = · · · = a n = 0. Se {v 1 , . . . , v n } não for LI, entãodizemos que este conjunto é linearmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (LD), ou que os vetores v 1 , . . . , v n sãoLD.Observamos que o subconjunto {0} <strong>de</strong> um espaço vetorial V qualquer não é LI, pois aequação da Definição 4.4 é satisfeita para todo a 1 ∈ R.Teorema 4.5. {v 1 , . . . , v n } é LD se, e somente se um dos vetores <strong>de</strong>sse conjunto é combinaçãolinear dos outros.Exemplo 4.3.1. {e 1 ,e 2 , . . . , e n } ⊂ R n on<strong>de</strong>e i = (0, . . . , 0, }{{} 1 , 0, . . . , 0), i = 1, . . . , n,posição ié o vetor <strong>de</strong> R n constituído <strong>de</strong> zeros, exceto na posição i igual a 1, é um subconjunto LI.Exemplo 4.3.2. O subconjunto {(1, 2); (2, 2); (3, 7)} <strong>de</strong> R 2 é LD pois (3, 7) = 4(1, 2) − 1 (2, 2).24.4 Base e dimensão <strong>de</strong> um espaço vetorialDefinição 4.6. Dado um espaço vetorial V , um conjunto β = {v 1 , . . . , v n } ⊂ V é uma base<strong>de</strong> V se é LI e se gera V .