CAPÍTULO 6. ELEMENTOS DE ANÁLISE CONVEXA 49Figura 6.5: Função convexa (a); côncava (b); e nem convexa, nem côncava (c) [1]Ativida<strong>de</strong> 14. Mostre que a função linear f(x) = cx é convexa e côncava simultaneamente.6.3 Conjuntos poliedraisConjuntos poliedrais são conjuntos <strong>de</strong>finidos por finitas equações e/ou inequações lineares.Em outras palavras, são conjuntos formados pela interseção <strong>de</strong> finitos semi-espaços.Assim, os conjuntos <strong>de</strong> nosso interesse, como por exemplo{x; Ax ≤ b, x ≥ 0} e {x; Ax = b, x ≥ 0}são ditos poliedrais. É sabido que esses conjuntos são convexos (Exemplo 6.1.1, página 45). Nocaso <strong>de</strong> um conjunto poliedral ser limitado, é comum chamá-lo <strong>de</strong> politopo. Em particular, aosconjuntos que po<strong>de</strong>m ser representados da forma{x; Ax ≤ 0}damos o nome <strong>de</strong> cone poliedral. É fácil notar que um cone poliedral é um cone. O Teorema aseguir não será <strong>de</strong>monstrado (para uma <strong>de</strong>monstração, veja por exemplo [2]).Teorema 6.2 (<strong>de</strong> Minkowski-Weyl). Um cone é poliedral se, e somente se, é finitamentegerado.Um ponto extremo <strong>de</strong> um conjunto poliedral é também chamado <strong>de</strong> vértice. A seguir,daremos uma caracterização algébrica dos vértices <strong>de</strong> um conjunto poliedral da forma{x; Ax ≤ b}.Note que, como qualquer conjunto poliedral po<strong>de</strong> ser posto na forma acima, o resultado éaplicado a qualquer conjunto poliedral.Antes, <strong>de</strong>finimos a noção <strong>de</strong> restrição ativa. Diremos que uma restrição a i x ≤ b i é ativa emx 0 se ela é realizada como igualda<strong>de</strong> em x 0 , ou seja, sea i x 0 = b i .Do mesmo modo, a restrição será inativa em x 0 se a i x 0 < b i .
CAPÍTULO 6. ELEMENTOS DE ANÁLISE CONVEXA 50Teorema 6.3. Seja x um ponto do conjunto poliedralD = {x ∈ R n ; Ax ≤ b}.Então x é vértice <strong>de</strong> D se, e somente se, a matriz com linhas a i = e i A, i ∈ I(x) = {i; a i x = b i },tem posto n.Ou seja, x é vértice <strong>de</strong> D se, e somente se, a matriz formada pelas linhas <strong>de</strong> A relativas àsrestrições ativas em x tem posto n.Demonstração. [6] Denotando o conjunto dos índices das restrições ativas em x por I = I(x),consi<strong>de</strong>ramos as matrizes A I e b I , cujas linhas são as <strong>de</strong> A e b com índices em I.Suponhamos que a matriz quadrada A I tem posto n, e que x não seja vértice <strong>de</strong> D. Entãopara certos x 1 , x 2 ∈ D\{x} com x 1 ≠ x 2 e λ ∈ (0, 1) temosPois bem, temosx = λx 1 + (1 − λ)x 2 .0 = A I x − b I = A I (λx 1 + (1 − λ)x 2 ) − b I = λ(A I x 1 − b I ) + (1 − λ)(A I x 2 − b I ).Como A I x 1 − b I ≤ 0, A I x 2 − b I ≤ 0, λ > 0 e 1 − λ > 0, <strong>de</strong>vemos terA I x 1 − b I = 0 e A I x 2 − b I = 0.Logo A I (x 1 − x 2 ) = 0, e como A I tem posto n, o sistema anterior admite somente a soluçãonula. Daí x 1 = x 2 , um absurdo. Isso mostra que x é vértice <strong>de</strong> D.Reciprocamente, suponhamos que x seja vértice <strong>de</strong> D e que A I tenha posto menor que n.Então o sistema A I y = 0 admite uma solução não trivial, digamos x ≠ 0. LogoA I (x + tx) = A I x = b I , ∀t ≥ 0.Como para i /∈ I temos a i x < b i , para todo t > 0 suficientemente pequeno obtemosa i (x ± tx) = a i x ± ta i x < b i , ∀i /∈ I.Concluímos que para todo t > 0 suficientemente pequeno, temos A(x ± tx) ≤ b, ou seja,x ± tx ∈ D. Por outro lado,x = x + tx + x − tx .2 2Isso contradiz o fato <strong>de</strong> x ser vértice, e logo A I tem posto n.Corolário 6.4. O número <strong>de</strong> vértices <strong>de</strong> um conjunto poliedral é finito.Demonstração. Po<strong>de</strong>mos transformar qualquer conjunto poliedral na forma do teorema anterior.Como o número <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong> n linhas da matriz A é finito, pelo Teorema anterioros vértices <strong>de</strong> um conjunto poliedral são em número finito.Corolário 6.5. O número <strong>de</strong> direções extremas (normalizadas) <strong>de</strong> um conjunto poliedral éfinito.Demonstração. Supomos sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> que o conjunto poliedral seja da formaD = {x; Ax ≤ b, x ≥ 0}. Se D for vazio, o número <strong>de</strong> direções é zero. Suponhamos que D ≠ ∅.Pelo Teorema 6.1, d é direção <strong>de</strong> D, e somente se, d ∈ {d; d ≥ 0, Ad ≤ 0}\{0}. Supomos asdireções <strong>de</strong> D unitárias em relação à norma da soma, ou seja, tais que |d 1 | + · · · + |d n | = 1.