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pesque-pague - Uninove

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Ciências Humanasexpansão, vista como necessária, não comprometa oinvestimento em outras áreas. No ensino médio, a tentativade profissionalização levará a duas situações: nasescolas de elite ela não se efetivará, e nas escolas paraos filhos dos trabalhadores, buscar-se-á a adequação aomodelo profissionalizante, dificultando-lhes o acesso aoensino superior, uma vez que o vestibular cobra os conteúdospresentes no Núcleo Comum, 3 que tem menorênfase nesses cursos. Outro problema aqui subjacente éque essa profissionalização não se efetiva, uma vez quenão havia equipamentos adequados nas escolas nemprofissionais preparados para ministrar essas aulas.Dessa forma, o que houve foi a perda de um modelovoltado aos conteúdos e a sua substituição por outro quenem efetivava mais essa opção, nem era capaz de provera efetiva profissionalização do egresso.Em relação à carência de profissionais, o que sedá é que ela não é uma realidade, mas é utilizada comojustificativa para a profissionalização. Nas palavras deCunha (1988, p. 247):104A reforma do ensino superior e a do ensinomédio se completam e têm o mesmo objetivo:o de possibilitar ao Estado o desempenhode suas funções (não educacionais) na atualfase de desenvolvimento da sociedade brasileira.No entanto, simultânea, contráriae necessariamente, são elaboradas certasconcepções que se destinam a explicar e/oujustificar essas medidas, fazendo-as desejáveis:é o caso tanto da justificativa“pedagógica” do curso básico quanto das“evidências” de uma suposta carência detécnicos de nível médio de grandes proporçõesno país.A criação do mencionado ciclo básico no ensinosuperior ocorrera como uma forma de racionalizaçãodesse tipo de ensino, em um pacote de medidas quetinha como finalidade garantir uma maior eficiênciado sistema para economizar recursos. O ciclo básicocongregaria alunos de diversos cursos no começo deseus estudos e serviria para garantir turmas maiorese economia de salas, professores, equipamentos. Estasreformas, no entender de Cunha, serviam para legitimaro modelo de acumulação capitalista vigente no período.3 O Núcleo Comum foi uma criação da lei 5692/71, que o previaobrigatório em âmbito nacional, complementado pela parte diversificadado currículo. O Conselho Federal de Educação, por meio do Parecer853/71 e da Resolução 8/71 fixou que o primeiro seria composto dosNúcleos de Comunicação e Expressão, Estudos Sociais e Ciências,tratados sob a forma de atividades, áreas de estudo e disciplinas. Asprimeiras são predominantes no começo do 1 o grau e vão diminuindo aolongo do ciclo de escolarização, em detrimento das últimas. A área deEstudos Sociais prevê, como atividades, as séries de 1 a a 5 a , como áreade estudo, de 6 a a 8 a . As disciplinas de História e Geografia reaparecemcomo autônomas no 2 o grau.Em relação à política de contenção, o autor aindacita o caso das empresas que preferem, em vez de contratartécnicos formados pelo sistema educacional de2 o grau, formar sua própria mão de obra a partir dosegressos do 1 o grau. Assim, a contenção se realiza pelaspolíticas oficiais e pelas próprias empresas, o que geraduas contradições: uma é que o Estado e as empresasfazem a profissionalização de forma simultânea; outra,que a ascensão social por meio da escolarização acabapor não ocorrer pela forma como o processo se deu.No sentido contrário, ao menos aparentemente, apolítica de liberação fornece oportunidade de escolarizaçãona escola básica, que se tornou obrigatória dos 7aos 14 anos. Essas medidas se dão não só para ampliaro ensino regular, mas também para garantir que aquelesque não estudaram na infância possam ter umanova chance, seja por meio do programa do MovimentoBrasileiro de Alfabetização (MOBRAL), seja por meiodos projetos supletivos transmitidos pelo rádio (ProjetoMinerva) e pelas tevês educativas.Essa expansão já vinha correndo na década de 1960.Segundo Cunha, em relação às matrículas é possível verificarque “[…] as do primário aumentaram de 72% (de 1960a 1970), as do ginásio cresceram de 238%”. (1988, p. 263).Esse aumento de matrículas apresenta um paradoxo: sea ideia da população, ao se escolarizar, é ascender socialmente,a universalização do ensino acaba por limitar talexpectativa. Se, em um primeiro momento, esta expansãosignifica um aumento de salários, a situação rapidamentese recompõe e estes voltam aos patamares mínimos. Esseé o processo nos seus termos econômicos.Em relação à função ideológica, o autor ressalta quehá um ideário de grandeza, de desenvolvimento econômico,e que o baixo desempenho da educação seria umentrave a esse futuro transmissor. A escolarização, então,seria uma forma de resolver esse problema e de inseriressas pessoas no esforço de crescimento do País. Essediscurso tem como complemento a função de controlesocial, que é exercida por meio da educação. Para CunhaTanto os textos do MOBRAL, como as emissõesdo Projeto Minerva e das televisõeseducativas são enfáticos e insistentes naatribuição à educação do papel de variávelestratégica para o desenvolvimento do paíse para a melhoria das condições de vida dosalunos. (op. cit., p. 281).Essa função se cumpre, inclusive, à medida queesses processos educativos alcançam uma grande massade trabalhadores oriundos da zona rural, que, por essaforma de escolarização, serão inseridos na sociedade enos valores capitalistas. A conclusão do autor é que talIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.

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