Linguística Letras e Artes1 IntroduçãoUm aspecto da aula de língua materna que nãorecebe a devida atenção nos cursos de formação de professoresé o que trata da negociação e da construção desentidos em sala de aula. Essa negociação é, em princípio,conflituosa em razão das diferenças entre os sujeitosque participam do processo de ensino-aprendizagem.Cada um tem e traz para a situação comunicativa suaspróprias experiências, conhecimento prévio específicoe seus próprios sistemas de valores e de relevância. Aconstrução do sentido, portanto, não é um fenômenoque ocorre naturalmente. Para compreendê-la, é necessário,pois, conhecer muitos fatores.Esse problema está diretamente relacionado comos fenômenos da compreensão e da aprendizagem emsala de aula que podem ser vistos como o resultadoproduzido na e pela interação social. Ambos são aindadefinidos como processos que servem para que osinterlocutores alcancem suas expectativas em relação àatribuição de sentidos a determinados objetos. A compreensãoe, em consequência disso, a aprendizagem sãoineficazes, quando os interlocutores não chegam a umconsenso em relação à negociação dos sentidos.Normalmente, esse conhecimento acerca da interaçãoem sala de aula, em relação às instruções por meiodas quais os sujeitos envolvidos no processo de ensinoe aprendizagem poderiam realizar essa negociação,ainda não foi incorporado ao processo de formação deprofessores. De acordo com Moita Lopes (1996),336Tradicionalmente, os cursos de formação deprofessores de línguas têm, minimamente,incluído aspectos relativos à competêncialingüística do aluno-professor (maisrecentemente como parte de sua competênciacomunicativa – cf. Hymes, 1970) a suacompetência literária e a sua competênciade ensino. Embora os cursos de formaçãode professores de línguas variem noque se refere à ênfase que colocam em umtipo de competência ou em outra devido auma série de fatores (estafe especializadodisponível, carga horária dos cursos etc.),igualmente se ressentem de uma base teóricaexplícita sobre os processos de uso dalinguagem dentro e fora da sala de aula. Ouseja, a formação que os professores recebemnão lhes permite fazer escolhas sobre o quê,como e por quê ensinar que sejam informadasteoricamente. (p. 179)Os manuais de metodologia de ensino, tantoquanto os que normalmente acompanham os livrosdidáticos, raramente apresentam informações sobre acomunicação em sala de aula. Convém enfatizar queessa quantidade reduzida de instruções destinadas afacilitar a compreensão e a aprendizagem do próprioobjeto de ensino-aprendizagem contrasta com o númerode explicações sobre esse objeto.Além da conhecida tradição gramatical, quecaracteriza o ensino de Língua Portuguesa nas escolasbrasileiras, observa-se ainda nas práticas pedagógicasvigentes a influência de metodologias fundamentadasno estruturalismo e no behaviorismo, como razões paraa pouca atenção destinada ao estudo da produção desentidos nas aulas de língua materna.2 ObjetivosÉ nessa perspectiva que este projeto de pesquisapretende não só investigar como se processa a construçãode sentidos no contexto de sala de aula de línguamaterna, como também verificar quais recursos e procedimentosos professores utilizam para promover acompreensão e a aprendizagem de seu objeto de ensino.Mais especificamente, este estudo busca investigarempiricamente, em primeiro lugar, as concepções de cultura,linguagem, língua, literatura, ensino e aprendizagemque in-formam teoricamente as práticas pedagógicasadotadas em sala de aula, e, em segundo, mapear, simultaneamente,quais as estratégias e os procedimentosutilizados pelos agentes no contexto de ensino-aprendizagemem sala de aula que estão vinculados a essasconcepções. Posteriormente, procurar-se-á responderse é possível fazer afirmações sobre o resultado dasestratégias e dos procedimentos empregados, ou seja, seeles promovem a compreensão e a aprendizagem numambiente em que a ética na comunicação, os direitos linguísticose as questões concernentes às identidades degênero, étnica e sexual são respeitados.3 HipótesesEm razão do que foi exposto em nossa introdução,parece fácil conjecturar que as alternativas apresentadasem pesquisas mais recentes na área da LinguísticaAplicada ao ensino de Língua Materna não são empregadaspelos professores. Embora a implementação depesquisas em sala de aula já estivesse em pauta desdea última década do século passado (CAVALCANTI;MOITA LOPES, 1996; ANDRÉ, 1995), cujos resultadosconstam em publicações mais recentes (CORACINI,1995; KLEIMAN, 1995; TERZI, 1995), apreende-se aindaque,[…] em geral, no que se refere às questões deuso da linguagem em sala de aula, os professoressão treinados na utilização de técnicas,típicas de métodos específicos de ensino,III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
Linguística Letras e Artessem que lhes seja dado conhecimento denatureza teórica sobre a linguagem em usona sala de aula (incluindo os processos deensinar e aprender línguas) e fora dela. Issoquer dizer que são treinados a partir de certosmodismos sobre como ensinar línguas,isto é, recebem uma formação pautada dedogmas.(ibidem, p. 180)Podemos, inclusive, afirmar que essa situaçãose reproduz nos processos de formação de novos profissionaisda sala de aula, uma vez que a formaçãoteórico-crítica.[…] envolve dois tipos de conhecimento:um conhecimento teórico sobre a naturezada linguagem em sala de aula e fora delae um conhecimento sobre como atuar naprodução de conhecimento sobre o uso dalinguagem em sala de aula, isto é, sobre osprocessos de ensinar/aprender línguas (ibidem,p. 181),Tal formação ainda não foi incorporada pelos formadoresde professores em sua plenitude. A partir deinformações relacionadas aos estudos sobre o jogo discursivoe a interação em sala de aula, podemos expandirtal hipótese e supor que:1 os formadores de professores e os professores ematuação nas escolas utilizam predominantementedeterminadas estratégias de ensino-aprendizageme determinados procedimentos de explicação,para superar problemas com a complexidade danegociação de sentido em sala de aula; estratégiase procedimentos que se fossilizam ao longo dotempo, impedindo adaptações de acordo com asclasses e/ou indivíduos.2 como consequência de 1, a aluna e o aluno podemnão estar desenvolvendo a competência discursivanecessária para lidar com as práticas de linguagemcom que se veem confrontados no cotidianono exercício de sua cidadania.As suposições acima induzem a um duplo questionamento:primeiro, em vez de indagar “quem é oresponsável pelo desenvolvimento dessa competênciadiscursiva?”, é necessário perguntar como a trajetóriade construção de sentidos, concepções de mundoe valores está realmente organizada no discurso emsala de aula; segundo, convém ainda questionar sobrea possibilidade de adoção de outros critérios, taiscomo o da ética na comunicação, os direitos linguísticos,a afetividade e a construção de sentidos múltiplos,como procedimentos de verificação da compreensãoe da aprendizagem, que nos possibilitem afirmar seos interlocutores chegaram a um consenso acerca daconstrução desses sentidos e valores, ou seja, critériosque não estejam pautados apenas em habilidades instrumentais(GIROUX, 1997). Em entrevista que serápublicada na revista Dialogia, que recebe apoio doDepartamento de Educação da <strong>Uninove</strong>, FranciscoGomes de Matos afirma:4 JustificativaPelo que tenho aprendido nos muitosconvívios com professores de portuguêslíngua materna (atuantes nas rede públicae privada, aqui no Recife), os direitos linguísticosdos alunos não estariam sendorespeitados como seria desejável, numa filosofiapedagógica humanizadora. Assim, osdireitos de OUVIR e de SER OUVIDO(A),emsala de aula, não estariam sendo praticados.O Direito de aprender a comunicar-seconstrutivamente, para o BEM, ainda é desconhecidoem nosso sistema educacional,com poucas exceções. O direito, que deveriamter os alunos, de serem avaliadoshumanizadoramente, também me pareceainda estar ausente ou minimamentepresente, mas generalizar sobre isso éarriscado. Prefiro dizer que gostaria de verDireitos Linguísticos incorporados à formaçãode TODOS os professores de línguas e,por que não, de professores de TODAS asdisciplinas.Os procedimentos utilizados pelos professoresnas situações anteriormente descritas devem ser maisintuitivos e fundamentados no senso comum do queestratégicos e fundamentados, seja nos resultados de pesquisasmais recentes na área da Linguística Aplicada aoensino de Língua Materna, seja na Declaração Universaldos Direitos Linguísticos, não proporcionando, porconseguinte, uma interação em que as diferenças sejamrespeitadas. Além de não contribuírem para a compreensãona aprendizagem, não desenvolvem os valores eos sentidos concernentes ao exercício da cidadania deprofessoras e professores, alunas e alunos.Com o intuito de melhor observar as estratégiasde construção de sentidos, concepções de mundo evalores, afetos e emoções e relações de poder em salade aula, selecionaremos dados pertinentes às séries doensino fundamental e médio em escolas públicas deSão Paulo. Esses dados serão priorizados pelos seguintesmotivos:III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 337
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