Ciências Humanas1 IntroduçãoComo supervisora escolar da Secretaria Municipalde Educação de São Paulo, professora do curso dePós–Graduação em Psicopedagogia da <strong>Uninove</strong>, nadisciplina Linguagem e Aquisição da Escrita e comoformadora de professores alfabetizadores, pude notar adificuldade dos alunos universitários, quanto ao ensinoda alfabetização e observar que o desconhecimento deprincípios linguísticos básicos da fala, da escrita e daleitura refletia no ensino e na eficácia da prática pedagógicade alfabetização.Resultados das avaliações realizadas pelo SAEB 1em 2005 apontavam que 27% dos alunos de terceirosanos não sabiam ler convencionalmente. Um diagnósticofeito, à mesma época, pela Secretaria Municipal deEducação de São Paulo, por meio do “Programa Ler eEscrever” 2 , revelou que 12% dos alunos (cerca de 10 milalunos) eram repetentes, com dificuldades em leitura eescrita ao final do Ciclo I.Na ocasião, a Secretaria criou o “Programa Lere Escrever” que, entre outras ações, em convênio comInstituições de Ensino Superior, contratou um alunoestagiário para cada classe de alfabetização nos primeirosanos do Ciclo I nas escolas municipais. Açõesde políticas públicas desse tipo, voltadas à alfabetizaçãono âmbito da esfera municipal, parecem melhorar odesempenho dos estudantes, uma vez que houve umamelhora significativa nos indicadores de qualidadeda educação. O resultado da avaliação da “Prova SãoPaulo”, realizada em 2007 3 , apresentou a porcentagemde 85% de alunos alfabetizados ao final do segundo anodo Ciclo I, do Ensino Fundamental. 4Embora esses resultados possam sugerir umamelhora no desempenho dos alunos das escolas municipaisde São Paulo no processo de leitura e escrita, aoacompanharmos o trabalho com os alunos de Pedagogia− estagiários nas escolas municipais − percebemos suadificuldade em lidar com as práticas de alfabetização.Diante do exposto, questionamos a forma como oscursos de Pedagogia estão ensinando esses futuros professoresa alfabetizar.Considerando a importância do “ato de ler”, identificarcomo a alfabetização é abordada nesses cursospoderá ajudar-nos a compreender se existe uma relaçãodireta entre as dificuldades dos professores em lidarcom as práticas de alfabetização e sua formação inicial.1 Sistema Educacional Brasileiro (SAEB) desenvolvido pelo InstitutoNacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).2 “Programa Ler e Escrever”, portaria nº 5403/07, SME “Programa Lere Escrever- Prioridade na Escola Municipal”.3 “Prova São Paulo”. Disponível em: http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/ProvaSaoPaulo2008.pdf.4 Expectativas de Aprendizagem: Proposição de Expectativas deAprendizagem. SME, 2007.120Publicações recentes sobre “Formação docente ealfabetização”, como a pesquisa da doutoranda DianaCarvalho, 5 contribuíram para este trabalho. Os depoimentosdas professoras demonstram que não há umacompreensão da função da teoria e de sua relaçãodialética com a prática no processo de produção doconhecimento e que, nos cursos de formação não se propõediscutir realmente o que acontece na sala de aula.A pesquisa efetuada pela professora doutoraBernardete Gatti (2008) sobre a “Formação deProfessores para o Ensino Fundamental: instituiçõesformadoras e seus currículos” analisou as matrizescurriculares e as ementas de 71 cursos de Pedagogiade todo o País e concluiu que a formação dos docentespara a Educação Fundamental é inadequada à práticade ensino. Constatou que as disciplinas destinadas àformação profissional específica do professor ocupamapenas 30% da grade curricular dos cursos, enquantoas voltadas para a formação genérica respondem por40%. Os conteúdos de disciplinas a serem ensinadas naeducação básica (como Português, Ciências e História)também são transmitidos de maneira superficial nointerior de disciplinas de práticas e metodologias deensino.As 300 horas dedicadas ao estágio supervisionado 6não se apresentam de forma consistente, pois não ficaclaro como deve ser essa experiência tão importantepara o educador.Essa preocupação é apresentada na tese de doutoradode Jacyene Melo de Oliveira Araujo, que relata:“[…] observamos que uma grande lacuna nos cursos dizrespeito à falta de articulação entre a teoria e a prática,o que é bastante preocupante, pelas dificuldades quepode acarretar no desenvolvimento da prática pedagógica”,e também, “nossas professoras apontam ausênciasou insuficiências de conteúdos e de carga horária dasdisciplinas voltadas para a alfabetização, na grade curriculardo curso.” 7A escolha da temática alfabetização remete àcompreensão de que a leitura da palavra é sempre precedidada leitura de mundo. Como descreve Severino(2002), 8 aprender a ler, a escrever e alfabetizar-se é, antesde tudo, aprender a ler o mundo e a compreender seucontexto como sujeito, é constituir-se como cidadão.Considerando que a formação em alfabetização é um atode educação, e educação é um ato fundamentalmente5 “O conhecimento psicológico do professor alfabetizador oucomo as teorias sobre o desenvolvimento infantil pouco auxiliam oprofessor no trabalho de sala de aula”publicada em 2001 pela Revistada Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação(ANPED).6 Resolução CNE/CP nº1, Diretrizes Curriculares no Brasil.7 A formação do professor alfabetizador em cursos de Pedagogia:contribuições e lacunas teórico-práticas. UFRN, 2008.8 Antônio Joaquim Severino. Prefácio da A importância do ato de ler,2002.III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
político, ela deve ser vivenciada como uma prática concretade libertação e de construção da história.Luiz Percival Leme Britto reafirma, em seu artigoAlfabetismo e educação popular (2006, p. 343), que “[…]o que está em questão é a instituição de um alfabetismopragmático ou ‘alfabetismo necessário’”, isto é, aqueleque permite à pessoa ler e escrever umas tantas coisase operar com números, de modo que seja capaz deagir apropriadamente de acordo com os protocolos eprocedimentos de produção e consumo, bem como dereconhecer (e reconhecer-se) na ideologia da individualidadeburguesa.Para a pesquisadora e formadora Teberosky eColomer (2003, p. 32), é preciso estar atento à formaçãodos professores alfabetizadores:É urgente saber qual é a formação que recebemos professores e outros profissionais que dão suporteao ensino em relação á leitura. Junto com as novas tecnologias,com os avanços na didática que vão sendoincorporados à formação neste âmbito específico, é precisoque os futuros profissionais disponham de marcosconceituais que lhes permitam enfrentar o ensino daleitura de maneira estratégica e diversificada.Esses trabalhos têm permitido ampliar a visão doconjunto de situações e problemas existentes na formaçãodocente, das questões da prática alfabetizadora edas possibilidades para a melhoria dessa formação que,como afirma Nóvoa (1992, p. 9), “[…] não há ensino dequalidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica,sem uma adequada formação de professores.”Questões decorrentes das mudanças ocasionadascom a LDB (1996) e as Novas Diretrizes Curriculares(2006) nos cursos de formação sobre o tema “formação”,levam-nos ao questionamento: Os cursos de Pedagogiaformam professores alfabetizadores? Esse é o problemaorientador desta pesquisa, por meio da qual pretendemosexaminar a formação inicial de professores econtribuir para o debate sobre o assunto.Nesta pesquisa, pretende-se investigar, por meioda análise da proposta curricular, quais concepções epropostas de práticas relativas ao processo de alfabetizaçãoestão presentes nos cursos de formação, verificarse as matrizes curriculares definem diretrizes, orientame subsidiam atualmente a formação de professoresalfabetizadores, confrontando-as com as orientaçõescontidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, além deanalisar se expressam a experiência de educadores naEducação Básica.Dessa forma, verificaremos como os cursos dePedagogia estão formando professores alfabetizadorespara buscar compreender a significação dada à “alfabetização”nessas instituições.Ciências HumanasTrata-se, portanto, de pesquisa de natureza qualitativae quantitativa que incluiu levantamento eanálise de documentos legais que se mostrem relevantespara o estudo e de matrizes curriculares de cursosde Pedagogia, apoiados teoricamente por autores comoGatti e Saviani.Os dados poderão ser apresentados em quadros-síntese,organizados e analisados com base nosseguintes questões/eixos de análise: O tema “alfabetização”está presente na grade curricular das instituiçõessuperiores? De que forma ela aparece? Quais orientações,princípios, conteúdos e metodologias sobrealfabetização estão nos documentos? O que o currículoque norteia a formação inicial docente estabelece paraque os professores dos anos iniciais da escola básicasejam preparados para enfrentar a tarefa específica dealfabetizar? Como a instituição que oferece o curso dePedagogia interpreta as políticas curriculares, direcionadasespecialmente à alfabetização?É necessário compreender o significado daconstrução de matrizes curriculares, como esse fatorinterfere no sucesso ou fracasso dos alunos e, paralelamente,aprofundar os estudos sobre como se dá aformação desses futuros educadores.2 Histórico da formação inicialde professoresA formação inicial para docentes, no decorrer desua história no Brasil, segundo Saviani (2008), teve seuinício com a Lei das Escolas de Primeiras Letras, Leide 15 de outubro de 1827, que recebeu a influência dosideais positivistas e liberais nas propostas de defesa daharmonia social, da uniformização do caráter nacional.Com as Escolas Normais (1890-1932) e Institutosde Educação (1932- 1939), aparece uma nova organizaçãona formação docente, voltada ao conhecimento decaráter científico.No período de 1939 a 1971, os Institutos deEducação foram elevados ao nível universitário e os cursosdenominados Pedagogia formavam os professorespara exercer a docência nas escolas normais com trêsanos para o estudo das disciplinas específicas e um anopara a formação didática.Segundo Saviani, o modelo de formação de professoresem nível superior nesse momento ”perde suareferência de origem, cujo suporte eram as escolasexperimentais às quais competia fornecer uma basede pesquisa que pretendia dar caráter científico aosprocessos formativos.” Os bacharéis podiam atuar naadministração pública e na área de pesquisa. Os licenciados,com um ano de estudos em Didática e Prática deEnsino, passaram a lecionar no curso ginasial.III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 121
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