Ciências Biologicas21 Introdução e justificativasO <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong> é considerado uma atividade ruralnão agrícola, que surgiu como uma alternativa à sociedademoderna que busca qualidade de vida, por meiode lazer e redução de jornada de trabalho, áreas verdes(LOPES; LANDELL FILHO, 2001; VENTURIELLI, 2002;ELER et al., 2003). Essa busca se deve também às poucasopções de recreação, à falta de segurança nos centrosurbanos e na região metropolitana e ao desconforto doslocais tradicionais de pesca, e seu alto custo no transportee na hospedagem.O <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong> tem o objetivo de oferecer novasoportunidades de serviços ao turismo ecorrural e omáximo de conforto aos clientes, tornando esses locais“paraísos” dos amantes da pesca tradicional (KUBTIZA,1997; SCORVO FILHO et al., 1999; CUSTÓDIO, 2002;VENTURIELLI, 2002; MERCANTE et al., 2005).Somente a partir da década de 1980, essa atividadepassou a ser reconhecida como uma atividade economicamentesustentável, apresentando a produção massivade várias espécies de peixes tanto nativas quanto exóticas,proporcionando negócio e lazer (ELER et al., 2003;SANDRE et al., 2008).Atualmente, usam-se artifícios para conquistar aclientela, tais como competições e pesca de peixes maisdifíceis, além de instalações e infraestrutura, localização,atendimento, preço, limpeza, conservação, segurança,comida, sendo os tipos de peixes encontrados, comodourado, pintado, tucunaré, considerados troféus.Existem revistas que publicam matérias, fazendo referênciaao estabelecimento.O termo “<strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong>” não tem uma origemidentificada, mas acredita-se ser um termo adaptadopor meio da palavra “<strong>pesque</strong>iro”, muito utilizado emSão Paulo e Minas Gerais (CUSTÓDIO, 2002).1.1 ObjetivoNeste trabalho, buscou-se realizar um levantamentode recursos de avaliação ambiental específicospara um <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong>, ou seja, impactos encontrados,mecanismos de avaliação e ações mitigadoras.2 MetodologiaPara o estudo de levantamento e avaliaçõesde impactos, utilizou-se o <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong> EstânciaPesqueiro Campos, localizado a 47 km de São Paulo ea 3 km da Rodovia Régis Bittencourt (BR116), no Km314, sentido São Paulo/Curitiba, na Estrada do Enxadão,número 800, bairro de Palmeirinha, em Juquitiba.Foram realizadas três visitas ao local nos dias 5, 8 e9 de dezembro de 2008. Nesse local, fizeram-se observaçõesem torno de toda a área, identificando as alteraçõesambientais e analisando a presença de indicadoresambientais importantes.Durante a realização dos trabalhos de campo,foram feitas entrevistas com o proprietário e funcionários,obtendo-se informações sobre o local, o tipo e ocomportamento dos frequentadores e as formas de análisee diagnóstico dos impactos nos lagos.Acompanhou-se o trabalho de tratamento daságuas dos lagos que estavam alterados, realizado peloagrônomo Fabio Mori, consultor em aquicultura, especializadoem qualidade de água, sanidade de peixes,assessoria técnica e elaboração de projetos de cultivo.Nesse tratamento, foram utilizados produtos comoestabilizantes, cal virgem, bicarbonatos e sulfatos, adicionadosem proporção, indicada pelo agrônomo, deaproximadamente uma parte de cal para três de sulfatose bicarbonatos, misturados previamente.Realizou-se registro fotográfico do local e dassituações encontradas. Para junção de várias fotos emuma mesma figura, neste trabalho, fez-se uso de umprograma disponível no site ,no qual se montou um mosaico de quatro fotos paramelhor visualização das áreas analisadas.3 Impactos em <strong>pesque</strong>irosImpacto ambiental pode ser definido como qualqueralteração das propriedades físicas, químicas ebiológicas do meio ambiente, resultante das atividadeshumanas que podem afetar diretamente a saúde,a segurança e o bem-estar da população, as atividadessocioeconômicas, a biota, as condições estéticas e sanitáriasdo meio ambiente e a qualidade dos recursosambientais (CONAMA, 01/1986).Segundo a EPAGRI (1999), com a FATMA(Fundação de Amparo à Tecnologia e Meio Ambiente)e a SEDUMA (Secretaria de Desenvolvimento Urbanoe Meio Ambiente), o <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong>, sendo uma unidadede pesca desportiva é um sistema com pequenopotencial poluidor/degradador do ar e do solo, e demédio potencial da água. Tem sua classificação potencialpoluidora conforme sua área útil, variando de 0,5a 5 hectares, para mínimo e grande potencial poluidor,respectivamente.Mesmo com os benefícios sociais e econômicos,é uma atividade impactante ao meio ambiente,sobretudo se executada inadequadamente, de formarudimentar e sem controle e planejamento de usodos recursos naturais (GOLDBURG; TRIPLETT, 1997;ELER; MILLANI, 2007).A sustentabilidade dessa atividade depende essencialmentede conservação, recuperação, diversificaçãoe manejo adequado das áreas naturais (EMBRAPA,2003). Os lagos contribuem para a biodiversidade local,possuem papel recreativo e de lazer de baixo impactoIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
Ciências Biologicas(WATTENDORF, 1996), necessitam de manejos adequados,qualidade na criação dos peixes e análise da água,pois, frequentemente, sua qualidade apresenta problemas,em razão da influência de fatores como origem deabastecimento, manejo alimentar (ELER, et al., 2001) epossível presença de compostos tóxicos ou bioacumuláveis,que podem trazer danos à saúde humana (ELERet al., 2006).HAMMES (2002) apresenta, na piscicultura,alguns efeitos negativos promovidos pelo uso e ocupaçãodo solo, como o repovoamento de espécies exóticas,eutrofização das águas e alteração da biota aquática.3.1 Qualidade da águaA qualidade da água dos viveiros é importantepara um melhor gerenciamento. Fatores como temperatura,pH e oxigênio dissolvido estão diretamenterelacionados a essa qualidade. Com boa alimentaçãoe ausência de coliformes fecais, prejuízos financeirospodem ser evitados (MERCANTE et al., 2008).Com exagero na quantidade de ração dada, muitonão é consumido, causando um fenômeno conhecidocomo eutrofização, no qual ocorre aumento da produçãode matéria orgânica e acúmulo de nutrientes no fundode tanques, ocasionando redução de oxigênio dissolvido,decomposição, proliferando bactérias, plânctons,algas (algumas até tóxicas), que, ao morrerem, liberamsubstâncias que causam odores (VENTURIELLI, 2002;CUSTÓDIO, 2002; FIGUEIREDO et al., 2007).A eutrofização, decorrente de acúmulo principalmentede nitrogênio e fósforo (ELER et al., 2003),é talvez a causa de um dos maiores impactos relacionadosà aquicultura, pois está diretamente associadaao alto consumo de oxigênio pelas algas, propiciandomortandade de peixes, causando, consequentemente,perdas econômicas (ELER; MILLANI, 2007;MERCANTE et al., 2008).O nitrogênio é um dos elementos mais importantesno metabolismo dos ecossistemas aquáticos, sendoa amônia o composto nitrogenado mais encontrado naágua. Advindos de fertilizantes e rações, esses compostosem excesso prejudicam o crescimento dos peixes,diminuem a combinação de hemoglobina e oxigênio,causando a morte por asfixia, e aumentam a proliferaçãodescontrolada de algas, como as euglenas.Já o fósforo é o nutriente de menor quantidade naágua. Faz parte da composição das algas, sendo indispensávelao seu crescimento, que é desencadeado porseu excesso. Esse elemento é um ótimo indicador daqualidade da água; seu controle evita impacto nos corposaquáticos (MERCANTE et al., 2008)Segundo a Resolução CONAMA 357/2005, paraevitar impactos da atividade aquícola, a quantidadeadequada de algas é de até 0,030 mg/L para manutençãoda qualidade de água.4 BioindicadoresNas estratégias para verificar a qualidadeambiental e a sustentabilidade da exploração agropecuária,é muito promissor o uso de bioindicadores,que podem ser um grupo de organismos ou processosbiológicos, animais, vegetais, fungos, vírus ou bactérias.São importantes aliados, pois indicam diversasmodificações no meio ambiente, o nível de contaminaçãoou de destruição, por meio de alteração nasfunções vitais, atividade, sobrevivência ou acúmulode poluentes (MICHEREFF Fº, 2003).As aves são ótimos bioindicadores, pois pertencemao final da cadeia alimentar. Outro exemplo deum bom bioindicador são os liquens (uma simbiosede alga com fungo), pois têm importante papel comoindicador da qualidade do ar, por não se desenvolveremem ambiente poluído.Os invertebrados compreendem o maior númerode indivíduos, espécies e biomassa em qualquerambiente dulcícola, merecendo destaque os insetos quedominam o sistema de água doce: libélulas, gafanhotos,grilos, cigarras, borboletas e besouros, indicadores demudanças de recursos de elementos físicos de pequenoshabitats nas matas ciliares (ALMEIDA, 2002; OLIVEIRA;FREIRE; AQUINO, 2004). Os macroinvertebrados fazemparte da fonte alimentar dos peixes, sendo valiosos indicadoresde degradação (WALLACE; WEBSTER, 1996).Os hábitos de vida das algas são bons indicadoresambientais (bioindicadores), úteis no monitoramento egerenciamento de ecossistemas aquáticos, e em razão darápida resposta às mudanças ambientais (RODRIGUESet al., 2002; ELER et al., 2003), apresentam várias formas,tamanhos e pigmentação.Variações das comunidades de peixes estãorelacionadas com seu habitat e disponibilidade de alimento,possibilitando seu uso como bioindicador, oque auxilia no diagnóstico das condições dos ecossistemasde microbacias (BIGOSSI; WITKOWSKI;MARINELLI, 2004).Em avaliação de qualidade de água, os bioindicadoressão utilizados como complementação àsanálises físicoquímicas, sem grande consumo de tempo.Permitem reduzir o custo, detectar os distúrbios por umprazo maior e preservar os ecossistemas de água doce,visando também aumentar a sustentabilidade e a competitividadeda aquicultura (SILVEIRA, 2005).5 Área de estudoO <strong>pesque</strong>-<strong>pague</strong> Estância Pesqueira Campos foifundado em 1998 e possui uma área de 240.000m². DesseIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 3
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