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pesque-pague - Uninove

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Linguística Letras e Artes1 Considerações iniciaisPor que rimos? O que está por trás de nosso riso?São perguntas como essas a que queremos responderaqui, ao apresentarmos algumas “pinceladas” do pensamentodo Henri Bergson, filósofo e escritor francês,do século XIX, um dos expoentes da filosofia intuicionista.Para tanto, focalizaremos a nossa abordagem nashistórias em quadrinhos infantis. Isso se justifica pelacuriosidade de sabermos se em tais histórias podemosencontrar os pressupostos apresentados por Bergson,em seu pensamento sobre o riso e a comicidade.Analisaremos quatro histórias em quadrinhos daTurma da Mônica, de Maurício de Souza. Cada históriaterá como perguntas norteadoras: a) por que rimos? b) eo que está por trás de nosso riso?2 O que significa o riso?O filósofo Henri Bérgson (2007), em O riso:ensaio sobre a significação da comicidade, diz que, desdeAristóteles, muitos pensadores tentaram definir o queseria o riso e como é constituído. Apesar dessa difíciltarefa, vale ressaltar que o riso, ou a invenção cômica, éalgo vivo, dinâmico, capaz de trazer informações sobrenossa vida e nosso imaginário social, coletivo e popular.Bergson diz ainda que uma característica importanteda invenção cômica é que a comicidade estátotalmente ligada com aquilo que é propriamentehumano, ou seja, quando rimos de alguma coisa, encontramosnela um “eco” daquilo que remeteríamos aohumano: “Rimos de um animal, mas por termos surpreendidonele uma atitude humana ou expressãohumana.” (cf. BERGSON, 2007, p. 2)A esse propósito, o autor afirma o seguinte:318Vários definiram o homem como ‘um animalque sabe rir’. Poderiam também tê-lodefinido como um animal que faz rir, pois,se algum outro animal ou objeto inanimadoconsegue fazer rir, é devido a uma semelhançacom o homem, à marca que o homemlhe imprime ou ao uso que o homem lhe dá.(Idem, p:3)Outra característica é a insensibilidade. A comicidadealcançará o seu auge quando estiver longe deemoção, pois, para rirmos de algo, teremos que, de modofigurado, “congelar o nosso coração” para as emoções eceder um amplo espaço para a inteligência pura, pois omaior inimigo do riso é a emoção.A terceira característica do riso é a do riso coletivo,ou seja, a comicidade será mais prazerosa se forpartilhada, como se precisasse de eco. Um riso degrupo, capaz de esconder uma cumplicidade entreaqueles que riem.Em síntese, poderíamos dizer que o que nos fazrir é o próprio homem, ou seja, rimos de nós mesmos, eessa situação é possível se nos distanciamos de nossossentimentos e nos aproximamos mais de nossa inteligênciapura. E por sermos seres de relação, o nosso risoencontra o ápice do prazer quando o partilhamos comas outras pessoas.Essa relação que estabelecemos com as outraspessoas por meio do riso, evidencia que a sociedade, ocoletivo, é o ambiente natural do riso, que o constituirácom uma função social.Segundo o autor, uma das funções úteis do riso é acorreção. Diante da rigidez ou distração de alguém, o risoterá como efeito uma punição para tais comportamentossociais. A vida tem como essência a dinamicidade,pois ela segue o seu percurso renovando-se a cadadia. Então, nessa perspectiva, seria considerada umafalta alguém apresentar, em seu cotidiano, sintomas derigidez e distração. Tal situação levaria o homem a sercomparado com uma máquina, pois perceberíamos nelecerto automatismo. Vejamos como essas questões “permeiam”as histórias em quadrinhos da Turma da Mônica.3 O riso em Turma da MônicaAnalisaremos quatro histórias em quadrinhosda Turma da Mônica, de Maurício de Souza. As históriascompõem o almanaque Historinhas de uma página,setembro de 2008, v. 3, publicado pela Editora Mauríciode Souza.As personagens de Turma da Mônica, criadas porMaurício de Souza, são bastante conhecidas pelosbrasileiros, mas vale a pena fazer uma breve apresentação,evidenciando algumas características própriasde cada uma delas. Entretanto, antes, vejamos o que dizo próprio Souza (apud GOIDANICH, 1990) sobre suaspersonagens:Um dia, depois de uns tempos de publicaçãode minhas primeiras histórias naFolha de São Paulo – Bidu, Cebolinha, Piteco– me chamaram atenção pelo fato de eunão ter personagens femininas. E era verdade.Nesse tempo, 1961, morava em Mojidas Cruzes. Trabalhava em um pequenoestúdio em casa, cercado pelas filhas,Mariângela, Mônica e Magali. Olhei proslados, vi a Mônica e fiz uma caricaturaplástica e psicológica da menina. Nasceuaí a personagem… A pequena Mônica,de pouco mais de dois anos, vivia enfrentandoaté mesmo crianças mais velhas etentando carregar bonecos e objetos doIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.

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