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pesque-pague - Uninove

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Linguística Letras e Artes[…] se os homens estivessem sempre atentosà vida, se constantemente retomassem contatocom o próximo e também consigo, nadapareceria jamais ser produzido em nós pormolas ou cordinhas. A comicidade é esselado da pessoa pelo qual ela se assemelhaa uma coisa, aspecto dos acontecimentoshumanos que, em virtude de sua rigidez deum tipo particular, imita o mecanismo puroe simples, o automatismo, enfim o movimentosem a vida. (op. cit., 64-5)Esse automatismo, segundo Bergson, evidenciauma imperfeição individual ou coletiva, que necessitade correção. Como já dissemos, o riso seria essa correção,pois ele é, de certo modo, o gesto social capaz deressaltar e reprimir a distração dos homens e tambémdos acontecimentos.Cebolinha, ao filme do Superman. Cascão, a um jogo defutebol do seu time. Magali também está em uma situaçãoparecida, mas ela não assiste a um programa de TV,e sim um forno micro-ondas, contemplando com prazerum frango. Neste contexto, o forno micro-ondas é umaanalogia da televisão.Desse modo, tem-se uma quebra de expectativadaquilo que é esperado, com base na situação vividaanteriormente pelas outras personagens, sem falar doque se espera das crianças, do seu imaginário.Os objetos ao redor e as expressões corporaisdas três primeiras personagens contribuem para destacaro automatismo de nossa personagem principal.Vejamos: para Mônica, ao assistir ao programa infantil,tem-se, ao lado da poltrona, dois travesseiros, e asua expressão corporal reforça o aspecto sonhador dascrianças; para Cebolinha, o par de calçados e a janelaaberta, tudo para complementar a sua brincadeira criativade imitar o super-herói, e a sua expressão corporalcontribuem para reforçar a ideia da criação imagináriada criança, capaz de enfrentar os perigos; para Cascão,tem-se a bola de futebol, e a sua expressão corporal,como a de um torcedor que vibra pelo seu time, reforçaa ideia das brincadeiras de rua, de meninos, do espíritode competição, do lúdico; por fim, para Magali, aseu lado, tem-se a geladeira, e a sua expressão corporalnos leva a perceber seu desejo exagerado pela comida,o que reforça a ideia de “comilona”, ou seja, a atitudemecânica de só querer comer.As primeiras três características – sonhador, criativo,jocoso – reforçam o estereótipo de criança, o queresulta para Magali, que também é criança, uma atitudeextremamente exagerada, sua imperfeição individualque deve ser corrigida.4 Considerações finaisTexto 4Esta história é interessante porque traz as outraspersonagens que, com seus gestos, evidenciam aindamais o automatismo da Magali. No texto 4, temos umasituação comum para as quatro personagens: todosestão em cima de um assento, assistindo algo. Mônicaassiste a um programa infantil de nome “Bilu Show”.Pela análise, percebemos que a causa do riso nashistórias em quadrinhos segue também algumas leisapresentadas por Henri Bergson, tais como:o homem ri daquilo que é humano ou representa ohumano, foi o que pudemos constatar no texto 1;para que o riso ocorra, é necessário fazer uso denossa inteligência, sem nos deixar levar pela emoção. Éo que vivenciamos ao lermos todos os textos, pois, sefossemos conduzidos pela emoção, não encontraríamosmotivos para rir diante do desprezo que sofreu Cascão,da sua situação ridícula de ter medo de uma vassoura,do modo como Magali foi enganada, e, por fim, pelomodo como é descrita a sua infância; o riso coletivo,que, aqui em nosso trabalho, torna-se o riso de correção,é capaz de corrigir alguma imperfeição individual oucoletiva, como diz Bergson.Para a pergunta “por que rimos?”, constatamos quenosso riso ressaltava alguma imperfeição humana. EIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 321

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