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pesque-pague - Uninove

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Ciências Humanasquisa, era uma equipe “emergente”, sempre com bonsatletas, boa comissão técnica, dinheiro para os cartolasinvestirem e poucas dívidas. Era também uma equipe“simpática”, pela qual muita gente torcia sem grandesproblemas. E o público, objeto da pesquisa, foi divididoem dois núcleos: o primeiro, formado por atletas defutebol profissionais, e o segundo, por integrantes dacomissão técnica de equipes profissionais.5 ResultadosA análise do desenvolvimento histórico do futebole de sua relação com a religiosidade mostra inicialmenteque, em todos os locais e períodos em que esse esportefloresceu, foram constatados os aspectos do risco versusespetáculo versus religiosidade. Por meio da observaçãodas instituições e dos indivíduos, percebemos a estreitaligação entre cada um desses aspectos e suas derivações,entre as quais se conta o uso de um “marketingreligioso futebolístico”. Há momentos em que o indivíduodivulga uma “marca” religiosa por conta própria,para expressar sua crença a instituição religiosa a quepertence. Em outros momentos, é a instituição religiosaque faz uso do indivíduo para promover seus produtos.Considerando o papel da religião como mecanismoregulador do estresse social e da pressão do meiosobre o indivíduo, podemos dizer que o marketing religiosono futebol se enquadra no modelo de sociedadede risco e de sociedade do espetáculo. O futebol é umaatividade de alto risco e de grande visibilidade; a religiãoa ele associada reduz a percepção desse risco aomesmo tempo que gera uma representação de paz interiore segurança do indivíduo em relação ao meio emque está inserido.Desse modo, não podemos esquecer que, pelofato de o futebol ser um espetáculo, ele também podeservir de veículo de propaganda 7 de uma determinadareligião. A mescla futebol versus religião produz umaverdadeira “potência de espetáculo”. Aliás, a análise dasequipes do nosso objeto de estudo nos confirma a relaçãorisco versus espetáculo versus religiosidade. Mostraainda que todos os indivíduos participação, que estão“conectados” ao mundo do futebol, não se encontramimunes à “radiação” que esse esporte/espetáculo emiteem todos os sentidos, seja por meio da mídia, pelas liderançasreligiosas, pelos integrantes de comissão técnica,atletas; enfim, por todos os adeptos.Detectamos também que a presença de “notíciasdo futebol ligadas ao sobrenatural” nos meios decomunicação são mais evidentes em fases finais de campeonatos,em que as equipes podem alcançar o “Céu”,ou seja, o título de campeão (ou as melhores classificações);o “Purgatório” das classificações intermediárias,7 Entendemos propaganda, aqui, principalmente como uma difusãoideológica. Por meio de seus “produtos religiosos”, ela difunde umcorpo doutrinário – ideológico, portanto.que não rebaixam o clube, mas também não agradam atorcida; e o “Inferno”, representado pela queda de divisãoou pela perda de um título.Conforme avançamos, acrescentamos que açõesdiferenciadas, incomuns, de atores do meio futebolístico,são utilizadas pela mídia como elemento de aproximaçãoante o universo religioso – nesse caso, certas atitudesse tornam “pecados”; certas vitórias, “milagres”, e certosindivíduos, “santos” (o melhor exemplo é o goleiro doPalmeiras em 1999, quando a equipe conquistou a CopaLibertadores da América: “São” Marcos). Outro pontointeressante é o papel desempenhado pelas liderançasreligiosas, que têm participação efetiva na vida diáriade muitos clubes, exercendo, assim, grande influência,ora de forma negativa, ora de forma positiva.Sustentamos que o futebol evoluiu, o espetáculocresceu, mas as manifestações de religiosidade sempreforam presenciadas. Muitas se mantiveram inalteradas.Outras se tornaram mais complexas em razão deo esporte ter obtido mais visibilidade e um númeromaior de “fiéis” (torcedores), “denominações” (equipes)e “pontífices” (jogadores e treinadores).Gostaria de esclarecer que, pelas respostas queobtivemos, foi possível verificar elementos como a presençade santos protetores nas equipes e o perfil sociale religioso dos entrevistados. E o suporte para entendero “mundo dos riscos” foi a utilização da Teoria daSociedade de Risco, elaborada por Ulrich Beck (1998);o contato com a teoria permitiu o entendimento dasociedade em que vivemos, pois o risco, o perigo, nãopode ser negado no mundo atual. Um mundo em que aincerteza e a instabilidade, seja qual for o seu âmbito, éa principal preocupação do dia a dia.Assim, aplicamos a sociedade de risco à sociedadebrasileira. Aliás, não era essa nossa principalintenção – nosso foco principal é religião e futebol ,mas percebemos que o Brasil é um exemplo modelar desociedade de risco. Todos os elementos que Ulrich Beckrelaciona em sua teoria são verificados perfeitamente,situação que nos faz parafrasear Celso Furtado, que diz:“Nunca estivemos tão distante do país que sonhamosum dia”(BIONDI, 2003, p.11). Uma pequena frase capazde detonar um turbilhão de lembranças, emoções eexpectativas, dos dias em que o Brasil era um país queacalentava sonhos (Ibib).Outra questão importante é a percepção da evidênciados riscos: para chegar ao espetáculo correm-seriscos; quem faz parte do espetáculo corre risco tantopara se manter no espetáculo quanto para deixá-lo.Os elementos que se entrelaçam em nossa dissertação“risco versus futebol versus espetáculo” se evidenciaram:risco de se dedicar ao futebol e não alcançar o objetivode chegar ao profissionalismo; de não figurar nas equi<strong>pesque</strong> pagam bons salários; pior, de atuar em equi<strong>pesque</strong> não cumprem seus deveres com os profissionais; deIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 115

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