Ciências Humanaslesões; de doenças; de sofrer violência – dentro e fora decampo; de deixar o futebol e, daí, fazer o quê? – uns nãoconquistaram nada, e nem todos que conquistaram sãobons empreendedores; de serem enganados; interessede relacionamento por questões “aparentes”. Enfim,riscos, riscos e riscos permeiam o ambiente e os “envolvidos”com futebol – principalmente brasileiro.A essa altura, não é demais chamar a atençãopara o fato de que, com a interpretação das respostasdos entrevistados aos questionamentos relacionadosao nosso objeto de pesquisa e a partir de uma análisevoltada à qualificação, foi possível interpretar as entrevistasem três tendências: uma geral e duas expressasem subdivisões: integrantes de comissões técnicas eatletas. Interessante também foi sobrepor os resultadosdas entrevistas, podendo, assim, verificar os pontos deconvergências e divergências entre os integrantes decomissões técnicas e atletas. Acerca disso, houve respostasque se aproximaram e também que se distanciaramentre si, mas o principal aspecto verificado foi que, emsituações de risco, os procedimentos são os mesmosentre todos: ocorrem rituais, apelos, ou qualquer outro“encontro” com o sobrenatural. Enfim, deve-se executaralgum rito porque, se não for assim, os “deuses”se “enraivecem”; no entanto, se forem aplacados, ajudarãoo indivíduo num momento de perigo, pois “[…]o universo simbólico defende o indivíduo do supremoterror, outorgando uma legitimação fundamental àsestruturas protetoras da ordem institucional”(BERGER;LUCKMANN, 2003, p.139). Nesse sentido, os rituais controlama ansiedade.Finalizando, não é possível negar que mudançasocorrem na vida cotidiana e no mundo do jogo infantile adulto (Ibid, p 43). O futebol fornece uma excelenteilustração dessa atividade lúdica por parte dos adultos.A transição entre as realidades é marcada pelo apito iniciale final do árbitro. Quando o árbitro apita o iníciodo jogo, do espetáculo, os “atores da bola” são “transportadospara um outro mundo”, com seus significadospróprios e uma ordem que pode ter relação, ou não, coma vida cotidiana.Quando o árbitro apita o final do espetáculo, os“envolvidos” com o futebol “retornam à realidade”, istoé, a realidade predominante da vida cotidiana, em comparaçãocom a apresentada no futebol aparece agorafrágil e passageira, por mais vívida que tenha sido arepresentação alguns poucos momentos antes, masque deixou sinais em seus participantes. Sinais positivose negativos, mas que interferem no cotidiano dos“adeptos”, antes, durante a após o espetáculo, pois, noespetáculo do futebol, sabemos que o risco está escaladoem todas as partidas; a “manifestação de religiosidade”é o que melhor marca esse risco, que procura anularcom mais competência o perigo existente.1166 Considerações finaisA pesquisa realizada nos permitiu estudar asrelações que se estabelecem entre o ambiente do futebole as manifestações de religiosidade nele percebidas.Inicialmente, verificamos o fato de que é impossível compreendertais relações em separado, ou seja, fora de nossocontexto social. As conexões necessárias ao entendimentodos elementos pesquisados só são visíveis em ummesmo sistema socioeconômico, a saber, o capitalismo,sendo este um elemento determinante para a edificaçãode nossa dissertação. Não é possível chegar a conclusõesacerca dos elementos tomados da individualidade dosentrevistados, sem vislumbrar antes os componentes darealidade-padrão da sociedade brasileira.O capitalismo se tornou dominante há tanto tempoque tendemos a tomá-lo como “normal” ou “natural”,mesmo em suas mazelas. A economia, portanto, deveser competitiva; num tal contexto, o espaço para os chamados“valores humanos” (tomados, de modo geral,como aqueles que elevam a condição pessoal do indivíduoalém de sua capacidade produtiva ou de consumo)é estabelecido a partir de certas condicionantes (como ada atitude religiosa, por exemplo). Voltando à condiçãode competição e consumo do capitalismo, percebemosque no futebol, assim como em muitos outros camposde ação pessoal, o sucesso só é alcançado mediante umesforço extraordinário.Do nosso ponto de vista, não há jogador “de ponta”que não alie ao seu talento pessoal uma tremenda dosede preparo físico e a percepção da necessidade de vencere de administrar os bens conquistados em sua atividadeprofissional – esses fatores estão intimamente ligadosà aprovação por cartolas, comissões técnicas e, principalmente,pelos torcedores. Os profissionais que melhoratendem à exigência dos “consumidores” são os vencedorese os que não conseguem, perdedores. (SINGER,2002). Ressaltamos, porém, que a “macroeconomia dofutebol” atual não é competitiva, pois geralmente o mercadoé dominado por oligopólios de modo que clubes“grandes” têm maior poder aquisitivo e, portanto, maiorpossibilidade de escolha; já os pequenos são obrigadosa gastar seus recursos para sua sobrevivência e, namaioria das vezes, apenas figuram de forma “complementar”nos campeonatos – se por acaso se destacam,tendem a retornar à mediocridade em pouco tempo, porconta do desmonte dos plantéis decorrente da venda dejogadores e da valorização de seus salários (o que seguea melhor lógica capitalista).A apologia da competição chama a atenção apenaspara os vencedores – a sina dos perdedores fica napenumbra. O que ocorre com os clubes que quebram ouque deixam de existir por conta de fusões ou do desinteressedas instituições que os financiam? E com os atletase integrantes de comissão técnica que não conseguememprego? Aí, prevalece uma “regra darwiniana” – osIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
Ciências Humanasameaçados de extinção só deixam tal condição se correremmais, se competirem mais, se vencerem. A mesmaregra faz com que os competidores de sucesso acumulemvantagens e estabeleçam uma distância cada vezmaior em relação aos concorrentes.O capitalismo e o risco social produzem desigualdadescrescentes, uma verdadeira polarização entreperdedores e ganhadores. Por mais que transmitauma imagem de “glória”, o cenário do futebol é cruel:enquanto poucos ganhadores avançam em suas carreiras,os perdedores são dispensados ou não conseguememprego. Por não se terem dedicado a outras formações,que não a do esporte, acabam alijados de outraspossibilidades em um mundo no qual quem joga bolaestá dividido, grosso modo, entre os profissionais e os“boleiros de domingo”.Nos clubes, os “funcionários da bola” ganhamsalários de acordo com uma escala de “rendimento” querege esse mercado e, como há uma forte rivalidade, ascarreiras são instáveis – em princípio, poucos são os queconseguem algum benefício decorrente desse quadro(entre eles estão cartolas e, principalmente, “caça-talentos”e administradores de carreiras de atletas).Com base nas considerações dos primeiros parágrafosdesta conclusão, podemos emitir pareceres:1- A noção de risco é acompanhada por um equivalentedesenvolvimento de sistemas e medidas desegurança, que permitem ao indivíduo sobreviverpara jogar de novo. Suponhamos que ele sejauma maneira de regular o futuro, de normatizáloe de submetê-lo à nossa vontade. O paradigmada sociedade de risco é como poder evitar, minimizar,dramatizar, canalizar os riscos e perigosproduzidos. Nesse sentido, os “atores do futebol”encontram, na religião, uma forma de estagnar osriscos existentes que, no ambiente do futebol, nãosão poucos.2- Os riscos sociais estão relacionados com desafiosnovos. No futebol, ocorre “um desafio porsegundo”. Se existe a perda de um desafio, hápouca chance para se recuperar. Os que se recuperamcontinuam – na linguagem dos “boleiros”– tendo de “matar um leão” por jogo. Os que nãose recuperam vão ser sempre perseguidos, ou voltarãopara a “sociedade comum”, desprovidos deexperiências, pois se limitaram ao futebol – nemsempre por vontade própria, mas por circunstânciadesse meio. Esse despreparo para o mundoaumenta suas situações de risco, principalmentepor negligenciarem – na maioria das vezes – fontesprimordiais para uma vida economicamenteestável, como escolaridade básica e formação profissionalizante.3- O futebol é um fenômeno que impulsiona nossasociedade – nele, muitas vezes, compensamosnossas frustrações. Quem pratica o futebol de altonível é uma pessoa comum que, às vezes, acabaendeusada, o que aumenta sua responsabilidade;outras vezes está em um momento difícil em suacarreira: a perda de um ente querido, uma lesão,queda de rendimento esportivo, fato que o tornaperseguido e muito cobrado. Nesse momento,busca o conforto no sobrenatural.4- O Brasil é um país de crenças diversificadas de queparticipam do mesmo jogo católicos, evangélicosetc. Há uma grande relação com o transcendente,e isso é uma estimulação benévola na visão demuitos participantes do futebol. Todos pedeme agradecem: um ganha, outro perde. Se nãohouver uma fé ingênua, algo de bom há de serextraído de qualquer resultado, principalmenteda derrota, em que as crises e as buscas por explicaçõessão maiores.5- Tendo em vista a presença significativa de manifestaçõesde religiosidade entre atletas, nos times, entretécnicos de futebol e demais integrantes da comissãotécnica – cuja opinião de muitos deles é que a fépotencializa o desempenho esportivo –, uma crençareligiosa pode ser fator decisivo para que ponhamem um contexto as chamadas “situações de risco”vivenciadas em suas trajetórias, na vida profissionale pessoal no mundo do futebol e na sua vida particular.O capitalismo moderno se insere no futuroao prever lucros e perdas, ou seja, ao “apostar norisco” – continuamente. Nesse sentido, no ambientedo futebol – que não é profissionalmente dos maisestáveis –, o atleta, além de ter de enfrentar os riscosde o capitalismo, do “mercado futebolístico”, sofretambém os riscos do seu meio de atuação. Assim,não estando bem fisica, técnica, tática e emocionalmente– , fatores que determinam seu rendimento– o risco de ser descartado é grande, pois a competitividadeé acentuada.Com base no exposto, e ressaltando que a religião éum fenômeno arraigado culturalmente no País, afirmamosque o ambiente do futebol proporciona uma buscareal de respostas por meio do transcendente. Assim, asmanifestações de religiosidade no futebol são resultadodo risco vivido por seus participantes; elas são evidenciadasmaterialmente porque esse esporte é um “grandeespetáculo”.Nota-se, inicialmente, que não há como negarque todos os seres humanos estão sujeitos a falhas,seja por meio de pensamentos ou ações. No entanto, aoaumentar o risco, cresce a inclinação ao erro, pois a probabilidadede sofrer pressões e, assim, se desestruturaremocionalmente é enorme – nem todos possuem umaIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 117
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