Ciências da Saúde20IntroduçãoOs distúrbios osteomusculares relacionados aotrabalho (DORTs) são doenças ocupacionais que secaracterizam por dor em locais anatômicos muitoexercitados durante a prática profissional 1 . Ao longodos últimos anos, os DORTs se tornaram um problemade saúde pública em razão do aumento significativodo número de casos, e de sua ação debilitante e incapacitante2 .A etiopatogênese dos DORTs é multifatorial,envolvendo fatores psicossociais, ocupacionais, biomecânicospresentes na atividade e característicasindividuais 3 . Os distúrbios também são influenciadosdiretamente pela intensificação da jornada de trabalho,pela repetitividade de movimentos, posturasinadequadas, esforço físico, pressão mecânica sobredeterminados segmentos do corpo, trabalho muscularestático, impacto e vibrações 1, 4-6 .Os sintomas iniciais dos DORTs são dor, sensaçãode cansaço e formigamento no membro afetado, o quepode, em alguns casos, ser confundido com fadiga muscularpor esforço e tendinites isoladas. Com a evoluçãoda doença, os portadores exibem quadros severos deincapacidade funcional, incluindo grande restrição demovimento e de desenvolvimento de força associado aquadros álgicos intensos 7,8 .Entre os profissionais de saúde o cirurgião-dentistapossui atividade profissional com inúmeros fatoresque o predispõem aos DORTs. Estima-se que 93% dessesprofissionais sejam acometidos por esse distúrbio,o que, muitas vezes, ocasiona afastamento prematurodo trabalho 9-11 . Isso ocorre em razão da força excessiva,de posturas incorretas, da alta repetitividade de ummesmo padrão de movimento e compressão mecânicados tecidos. A atividade profissional obriga-os a utilizar,como rotina de trabalho, os membros superiores,principalmente as mãos, podendo levar a alguma desordemnessa estrutura, além de dor e desconforto posturaldecorrente de más posturas corporais causadas pelainadequação operador/equipamento/instrumento 12 .A alta prevalência de dores lombares, desconfortono pescoço e ombro, além de dores em regiões comoquadris, pernas, pulsos e mãos, foram constatadaspor diferentes estudos, sendo a Síndrome do Túnel doCarpo, tendinites e problemas de pescoço os agravosque mais acometem esses profissionais 13-15 .Dos instrumentos mais utilizados para avaliarDORT, o Questionário Nórdico de SintomasOsteomusculares (QNSO) 16 permite relacionar a morbidadeosteomuscular, as variáveis demográficas,ocupacionais e os hábitos. Este questionário tem sidomuito utilizado, é de simples aplicação 17 e já foi validadopor Pinheiro 4 .ObjetivosTendo em vista a escassez de trabalhos acercados DORT em cirurgiões-dentistas, utilizando especialmentequestionários validados, objetivou-se, nesteestudo, descrever a frequência dos sintomas osteomuscularese seus principais fatores associados emcirurgiões-dentistas brasileiros.JustificativaOs cirurgiões-dentistas estão sujeitos a sobrecargasfísicas principalmente nos membros superiores,havendo repetição nos padrões de movimento, posiçõesestáticas e inadequadas, por longos períodos, o que levaao surgimento de distúrbios musculoesqueléticos 1,4 .Com isso, este trabalho abre novas perspectivas deestudos, visando entender melhor de que maneira afetaa saúde desses profissionais.MetodologiaMateriais e MétodosFoi realizado um estudo transversal de caráterdescritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisada Universidade Nove de Julho, sob o processo de Nº164023/2007.A amostra foi obtida considerando uma prevalênciapara os distúrbios osteomusculares de 50%, omáximo valor possível com margem de erro de 10% ecoeficiente de confiança de 95%.Participaram da pesquisa 100 cirurgiões-dentistasda rede pública de São Bernardo do Campo (SP), sendo71 do sexo feminino, e 29, do masculino, com idadeentre 23 e 58 anos (41±9,7). Foram incluídos dentistas,profissionalmente ativos há pelo menos 1 ano, que concordaramem participar da pesquisa assinando o termode consentimento livre e esclarecido. Foram excluídosprofissionais que não estavam exercendo a profissão.O questionário foi respondido individualmente, aofinal da jornada de trabalho, após explanação das instruçõesnecessárias para o correto preenchimento. Opesquisador permaneceu à disposição para qualqueresclarecimento.O Questionário Nórdico de SintomasOsteomusculares, adaptado para o Português, mantéma estrutura original, sendo utilizado internacionalmentepara padronizar pesquisas sobre o tema, comquestões simples e diretas 16,18 . Possui duas partes.A primeira é apresentada por uma figura humana,dividida em 9 regiões anatômicas: cervical, ombros,braços, cotovelos, antebraço, punhos/mãos/dedos,região dorsal, região lombar e, quadril/membros inferiores;identificando a presença de qualquer sintomade dor, desconforto ou dormência nos últimos 12III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
Ciências da Saúdemeses, e se estão relacionados ao trabalho que o profissionalrealiza. A segunda parte consta de sexo, idade,escolaridade, especialidade, tempo de profissão, alémde esclarecer se o cirurgião-dentista exerce outra atividadeprofissional ou algum tipo de atividade físicaregularmente, e determinar atividades que vem desenvolvendono dia a dia nos últimos 12 meses, de acordocom a Figura 1.Tabela 1: Relação entre distribuição e frequência daexistência dos sintomas relacionados aos DORTs,avaliados pelo questionário Nórdico de SintomasOsteomusculares, em cirurgiões-dentistas brasileiros,de acordo com a região e a intensidade; (0) ausência dedor, (1) raramente, (2) com frequência, (3) sempreRegiões/frequência0 (%) 1(%) 2 (%) 3 (%)Pescoço 19 (19,0) 22 (22,0) 48 (48,0) 11 (11.0)Ombros 30 (30,0) 28 (28,0) 32 (32,0) 10 (10,0)Braços 47 (47,0) 30 (30,0) 18 (18,0) 5 (5,0)Cotovelos 67 (67,0) 20 (20,0) 11 (11,0) 2 (2,0)Antebraço 64 (64,0) 21 (21,0) 11 (11,0) 4 (4,0)Punhos 33 (33,0) 35 (35,0) 24 (24,0) 8 (8,0)Dorsal 35 (35,0) 32 (32,0) 25 (25,0) 8 (8,0)Lombar 22 (22,0) 15 (15,0) 47 (47,0) 16 (16,0)Quadril/membrosinferiores49 (49,0) 28 (28,0) 13 (13,0) 10 (10,0)A análise da relação entre a presença de sintomasassociados aos DORTs e a região afetada está demonstradana Tabela 2.Figura 1: Mapa corporal do Questionário Nórdico deSintomas OsteomuscularesPara verificar a consistência e coerência do questionário,foi calculado o coeficiente alpha de Cronbach.Com os dados do questionário, calcularam-se as frequênciase porcentagens para as regiões acometidas, comrespostas sobre o trabalho realizado, dados demográficos,atividades e diagnóstico.Considerando as regiões, foram obtidas associações,levando-se em conta sexo, estado civil,escolaridade, horas de trabalho, faixa etária e tempode trabalho, atividades do dia a dia e as especialidades,utilizando o teste qui-quadrado ou exato de Fisher,quando necessário. Em todos os testes, foi fixado o nívelde significância de 5%. Todas as análises foram feitas noprograma SAS for Windows, volume 9.3.1.ResultadosNa Tabela 1, encontram-se os dados obtidos a partirda aplicação do questionário Nórdico de SintomasOsteomusculares, segundo a escala utilizada para dor,dormência, formigamento ou desconforto.Por meio da verificação da consistência e dacoerência do questionário aplicado, calculou-se o coeficientea de Cronbach. O valor obtido foi 0,8252, o quemostra uma alta consistência e coerência. Desse modo,o questionário é válido para os indivíduos consultados.Tabela 2: Distribuição (frequência e porcentagem)dos sintomas relacionados aos DORTs em cirurgiõesdentistasbrasileiros, em relação ao local deacometimento da desordemSintomas Não (%) Sim (%)Nenhum deles 95 (95,0) 5 (5,0)Problemas no pescoço/região cervical33 (33,0) 67 (67,0)Problemas nos ombros 62 (62,0) 38 (38,0)Problemas nos braços 83 (83,0) 17 (17,0)Problemas nos cotovelos 88 (88,0) 12 (12,0)Problemas nos antebraços 86 (86,0) 14 (14,0)Problemas nos punhos/mãos/dedos54 (54,0) 46 (46,0)Problemas na região dorsal 67 (67,0) 33 (33,0)Problemas na região lombar 39 (39,0) 61 (61,0)Problemas no quadril/membros inferiores84 (84,0) 16 (16,0)Os resultados mostraram que 67% dos dentistasrelataram dor na cervical, em razão de sua profissão, e61%, também na região lombar. Em menor proporção,mas com alta frequência, as regiões de punhos/mãos/dedos aparecem com 46%; ombros, com 38% (Tabela 2).Já 37,5% dos dentistas na faixa etária entre 40 e 50 anossentem dor, com frequência, na região cervical, e 60,4%dos profissionais com mais de 20 anos de profissão tambéma sentem na mesma região.Não houve associação entre as regiões acometidase as horas de trabalho, nem em relação ao sexo.As especialidades Clínica geral, Odontopediatriae Ortodontia foram as mais relacionadas a pacientes queIII Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 21
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