Ciências HumanasIntrodução e justificativaAfirmava Durkheim que uma determinadacrença ou sistema religioso somente se insere numasociedade quando as condições sócio-históricas estãodeterminadas pelos grupos de domínio da cena social(DURKHEIM, 1989). A partir dessa máxima de cunhosociológico, podemos compreender a chegada do protestantismoao Brasil na segunda metade do século XIX,quando as condições sociopolíticas eram propícias parasua inserção.A história do protestantismo no Brasil está de certaforma atrelada à investida do liberalismo político que seinstalou na sociedade brasileira pelos anglo-saxões. Emdecorrência desse quadro histórico, a instituição protestante,influenciada pelos ideais educacionais laicistas,ajudou a consolidar os ideais do liberalismo no Brasil.As primeiras notas históricas de experiências protestantesno Brasil remontam ainda ao período colonial,com tentativas frustradas de implantação de igrejas emissões protestantes em terras brasileiras. Porém, foino século XIX que o protestantismo encontrou no Brasilum contexto favorável para sua inserção. Segundoos professores Antônio Gouvêa Mendonça e PrócoroVelasques Filho 1 , isso se deu porque,146No começo do século XIX, a hegemoniacomercial inglesa começava a ceder espaçoà expansão norte-americana. O Brasil, comotoda a América Latina, voltava-se comadmiração para os modelos anglo-saxõesde pensamento e progresso. O comércioinglês, a agricultura germânica e até mesmouma possível contribuição norte-americanaatravés de imigrantes confederados constituiriamcomponentes do desejado surto demodernização e progresso. Mas, acima detudo, e porque não representava nenhumrisco político, desejava-se assimilar idéias epráticas que tinham transformado os anglosaxõesem líderes do mundo. A aberturapara o mundo anglo-saxão significou a aberturapara o universo protestante. Ora, esteideário e o espaço religioso criado pelo afastamentoentre o Estado monárquico liberal ea Igreja eram fatores muito favoráveis à penetraçãoprotestante no Brasil. (MENDONÇA;VELASQUES FILHO, 1990, p. 73).Todavia, os interesses de Inglaterra e Alemanhaem terras brasileiras eram outros que a divulgaçãode sua religião, ficando a sua prática religiosa restrita1 Trata-se de dois eminentes historiadores do protestantismo no Brasile renomados pesquisadores formados pela USP e em Strasbourg, naFrança, respectivamente.entre si; caracterizando-se como um “protestantismode imigração”.Já os norte-americanos não estavam interessadosem expandir-se por novos espaços geográficos;seu interesse deve ser considerado na compreensãoque tinham de sua própria missão de levar aos povosatrasados os benefícios do Reino de Deus. Tratava-sede seu “destino manifesto” 2 (BANDEIRA, 1973, p.75),o que caracterizou as missões norte-americanas como“protestantismo de missão”.Certamente, um dos ramos mais promissoresdesse tipo de protestantismo de missão foi o presbiterianismo,cuja inserção no Brasil oficialmente remontaà chegada do Rev. Ashbel Green Simonton, em 12 deagosto de 1959, ao Rio de Janeiro. Destacam-se tambémoutros missionários pioneiros, como os reverendosAlexander L. Blackford, que chegou em 1860, e Francis J.C. Schneider, em 1861.A criação do Seminário Teológico de São Pauloé resultado da inserção do presbiterianismo no Brasil,resultado de tensões e disputas de interesses entreos missionários norte-americanos (e os que compartilhavamsua mentalidade) e os representantesda mentalidade nacionalista. Desses conflitos surgiuuma cisão, conformando duas denominações 3 : aPresbiteriana do Brasil, representante da mentalidadenorte-americana, e a Presbiteriana Independente doBrasil, que representava a da mentalidade nacionalista.Essa cisão se deu em 1903, e dois anos após osurgimento do presbiterianismo independente, estadenominação organizou o Seminário Teológico de SãoPaulo.Trata-se, portanto, da história de um seminárioque se confunde com os eventos quemarcaram o início e desenvolvimento dadenominação independente, mas cujas raízesestão fincadas nas origens, conflitos eexpansão do presbiterianismo brasileiro, nasegunda metade do século XIX. (CAMPOS,2005, p. 7).Os estudos sobre educação e protestantismo têmdespertado, atualmente, o interesse de muitos pesquisadores.Uma rápida pesquisa no banco de teses daCAPES dos termos “educação” e “protestantismo” traz2 Trata-se de uma expressão que explica, na sociologia da história dosnorte-americanos, a ideologia de que o povo dos Estados Unidos eraum povo eleito por Deus e chegaram à América como à terra prometida.Como tal, caberia a esse povo a missão de expandir suas contribuições edomínio a todos os lugares do mundo.3 Esse termo pode ser substituído por Igreja, mas foi usado por RichardNiebuhr para denominar um conjunto de expressões culturais que temcerta herança cultural, no caso dos presbiterianos – a tradição ReformadaCalvinista. Niebuhr distingue seita, igreja e denominação (NIEBUHR,1992).III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009.
Ciências Humanaso resultado de 105 teses e dissertações. Chamamos aatenção para algumas delas:A tese de Éber Ferreira Silveira Lima, de 2008,“‘Entre a sacristia e o laboratório’ – os intelectuaisprotestantes brasileiros e a produção da cultura (1903– 1942)”, analisou a inserção do protestantismo brasileirona sociedade brasileira na primeira metade doséculo XX, por um grupo de intelectuais protestantes.O autor analisa o trabalho e a produção intelectualdesse grupo, mostrando como ele assumiu o espíritode transformação e modernização social presente naburguesia social emergente.Outra tese recente, do mesmo ano, é a de LuizCândido Martins, “A relação entre protestantismo esociedade brasileira no final do século XIX frente aostemas da educação e a escravidão”. O autor analisaas pretensões expansionistas do presbiterianismo noBrasil, mostrando que, para isso, logrou maior êxito nocampo da educação, pois, segundo ele, esta se apresentoucomo um instrumento facilitador da assimilação doideal protestante pelo povo brasileiro.César Romero Amaral Vieira, com a tese“Protestantismo e educação: a presença liberal norteamericanana reforma Caetano de Campos – 1890”, de2006, analisa a influência do protestantismo na reformada Escola Normal de 1890. O autor procura demonstrarque o protestantismo, como uma força simbólicae associado a outras condições sociais favoráveis, podeimpulsionar o processo de modernização da sociedadebrasileira por meio da educação, mais precisamente pormeio dos colégios protestantes.Elton de Oliveira Nunes, com sua tese “Teologia ecurrículo – multiculturalismo e cidadania como parâmetrospara a elaboração do currículo teológico nasinstituições protestantes”, analisa a adequação dasinstituições de educação teológica a partir das novasexigências impostas pelo reconhecimento formaldos cursos superiores de teologia pelo Ministério daEducação. Segundo o autor, essa nova realidade resultouna elaboração da matriz curricular com base nos eixosnorteadores “multiculturalismo” e “cidadania”, problematizandoa possibilidade de que o entendimento doConselho Nacional de Educação que os cursos de teologiadevem apresentar um projeto pedagógico e umamatriz curricular coerente com sua tradição teológicaque exigiria desses eixos norteadores. O autor procurademonstrar que a origem histórica e filosófica comumentre a vertente humanista da teologia protestante e ascorrentes democráticas e cidadãs modernas foi um dosprincipais motivos para o reconhecimento formal doscursos superiores de Teologia.Jorge Uilson Clark, com a tese “Presbiterianismodo sul em Campinas: primórdio da educação liberal”,analisa historicamente o processo de inserção do protestantismono Brasil a partir das tensões existentes porse tratar de uma instituição estrangeira na realidadebrasileira tradicionalmente católica. O autor demonstraque a implantação de escolas e seminários foi a estratégiautilizada pelos missionários protestantes parapermitir sua expansão no Brasil. Para isso, analisa asinstituições educacionais protestantes em Campinase procura demonstrar que tanto os colégios quanto osseminários, com o mesmo objetivo de reproduzir a ideologianorte-americana, estão na origem da educaçãoliberal no Brasil.José Luis Corrêa Novaes, com a tese“Protestantismo e educação: metodistas e liberais naPrimeira República – a inserção da educação confessionalmetodista na sociedade brasileira sob a hegemoniado ideário liberal”, busca compreender o discurso eas práticas liberais da educação brasileira a partir dasinfluências da inserção da educação protestante no País.O autor delimita o período de análise entre 1890 1930,e o campo de pesquisa, na denominação metodista,especialmente no colégio Granbery, em Juiz de Fora/MG, mostrando como serviu para a formação das elites,objetivando a disseminação do protestantismo e impulsionandoo progresso no Brasil.Temos também a dissertação de Edson Martins,“Implantação, marginalidade e reconhecimento formal:um olhar protestante acerca da história da educação teológicasuperior no Brasil”, em que analisa a implantaçãodos cursos superiores de teologia pelas denominaçõesprotestantes históricas (presbiteriana, batista, luterana emetodista) e os esforços dessas instituições por conseguirreconhecimento formal do Ministério da Educação,o que ocorreu em 1999. O autor nos apresenta umaanálise dos dados que compõem a história dessas instituições,mas não oferece uma análise crítica da relaçãodessas instituições com a realidade brasileira.Marcelo Barzola Trabaj, com sua dissertação“Edifício educacional protestante: seminário teológicopresbiteriano do Centenário”, procura fazer uma reconstruçãohistórico-crítica do Seminário Presbiteriano doCentenário, que funcionou de 1958 a 1971, servindo napreparação de pastores especificamente para as regiõesrurais e semirrurais, configurando seu perfil histórico,teológico e educacional.A análise de algumas pesquisas realizadas sobreeducação e protestantismo nos permite observar aausência de um estudo sobre uma instituição de educaçãoteológica a partir do método dialético (como seráanalisado nos referenciais teóricos). Pelo que nos foipossível analisar, não temos um estudo sobre as relaçõesentre educação, protestantismo e sociedade a partirdo estudo de uma instituição de educação teológica; e asanálises que temos destas instituições não têm o objetivode analisar tal relação.Esse levantamento nos permite constatar que otema tratado sob o prisma dos estudos sobre as insti-III Seminário Nacional de Pesquisa, 2009. 147
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