13.07.2015 Views

Bioetanol de cana-de-açúcar - CGEE

Bioetanol de cana-de-açúcar - CGEE

Bioetanol de cana-de-açúcar - CGEE

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

visando ao pagamento correto dos cortadores, conforme estipulado nas convenções coletivas<strong>de</strong> trabalho [Moraes (2007)].Nesse contexto <strong>de</strong> maior valorização do trabalhador, a agroindústria da <strong>cana</strong> atravessa umatransição importante, conseqüência dos ganhos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> agroindustrial, associadosa inovações mecânicas, físico-químicas e biológicas, que permitem ampliar a produção mantendoa <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> insumos e recursos. Entre essas inovações, <strong>de</strong>staca-se a crescente mecanizaçãona colheita, <strong>de</strong>corrente, por sua vez, da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminar progressivamentea queima da palhada durante os próximos anos e reduzir os custos da colheita, entre outrosfatores. Estima-se que, na safra 2006/2007, a colheita mecanizada tenha sido empregadaem 40% dos <strong>cana</strong>viais no Centro-Sul, em uma tendência crescente na qual mais <strong>de</strong> 400colhe<strong>de</strong>iras são vendidas a cada ano, cada uma <strong>de</strong>las executando o trabalho <strong>de</strong> 80 a 100cortadores <strong>de</strong> <strong>cana</strong> [<strong>CGEE</strong> (2007)]. Cedo ou tar<strong>de</strong>, esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> <strong>cana</strong> seráreplicado em outras regiões brasileiras, com evi<strong>de</strong>nte impacto sobre o nível <strong>de</strong> emprego. Noperíodo 2000–2005, frente a um incremento <strong>de</strong> 28,8% na produção <strong>de</strong> <strong>cana</strong>, a expansão donúmero <strong>de</strong> empregos foi <strong>de</strong> 18%. Estima-se que, a partir <strong>de</strong> 2020, praticamente não existamais corte manual <strong>de</strong> <strong>cana</strong> em São Paulo e prevê-se também que, entre 2006 e 2020, o quadro<strong>de</strong> empregados da agroindústria <strong>cana</strong>vieira nesse estado se reduza <strong>de</strong> 260 mil para 146 miltrabalhadores, mesmo com a geração <strong>de</strong> mais 20 mil empregos na indústria [Moraes (2007)].Para enfrentar esses novos tempos, duas linhas <strong>de</strong> ação diretamente relacionadas aos trabalhadorespo<strong>de</strong>m ser empreendidas: em uma direção, proporcionando e apoiando ativida<strong>de</strong>seconômicas alternativas para os trabalhadores potencialmente <strong>de</strong>sempregados, em seus locais<strong>de</strong> origem; e em outra, reforçando a preparação <strong>de</strong> recursos humanos para a agroindústria.Em ambos os casos, não consistem em tarefas triviais, mas que se impõe tratar como priorida<strong>de</strong>.A elevação dos requisitos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pessoal pelas usinas brasileiras, em todas assuas áreas e nos diversos níveis <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, já tem motivado um gran<strong>de</strong> esforço parao atendimento <strong>de</strong>ssa crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra especializada, especialmente mediantecursos <strong>de</strong> nível médio e superior voltados especificamente para a produção <strong>de</strong> <strong>cana</strong>e bioetanol. Uma terceira possibilida<strong>de</strong> seria reduzir o ritmo da perda <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalhopara os cortadores <strong>de</strong> <strong>cana</strong>, por exemplo, pela adoção <strong>de</strong> tecnologias intermediárias como aUnida<strong>de</strong> Móvel <strong>de</strong> Auxílio à Colheita (Unimac), que substitui apenas parcialmente a mão-<strong>de</strong>obra,conferindo maior segurança e conforto aos trabalhadores no corte da <strong>cana</strong> crua e comrecuperação da palha [Alves (2007)].É oportuno observar que, mesmo com expressivas reduções na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra,o bioetanol <strong>de</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar continuará sendo bastante intensivo em trabalho. Nas condiçõesatuais, por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia produzida, a produção <strong>de</strong> bioetanol, comparada aocarvão mineral, à hidreletricida<strong>de</strong> e ao petróleo, necessita, respectivamente, <strong>de</strong> 38, 50 e 152vezes mais trabalho humano [Gol<strong>de</strong>mberg (2002)]. Como uma interessante variação do mesmotema, Leal (2005) mostra que, enquanto cada veículo abastecido com <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleorequer um homem-ano <strong>de</strong> trabalho para aten<strong>de</strong>r ao seu consumo, a introdução <strong>de</strong> 24% <strong>de</strong>bioetanol como aditivo na gasolina eleva a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> pessoal para seis homens-ano e, caso213<strong>Bioetanol</strong>-07.indd 213 11/11/2008 15:26:41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!