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Bioetanol de cana-de-açúcar - CGEE

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apreciáveis <strong>de</strong> biocombustíveis e, particularmente, <strong>de</strong> bioetanol <strong>de</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar, que <strong>de</strong>mandauma área bastante reduzida, <strong>de</strong>ve ser reconhecido que têm ocorrido claros <strong>de</strong>sequilíbriosentre a oferta e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> cereais importantes na dieta <strong>de</strong> muitos países, quadroque tem sido associado <strong>de</strong> modo simplista à crescente produção <strong>de</strong> biocombustíveis.Na verda<strong>de</strong>, a elevada inflação nos preços dos alimentos circunscreve-se em uma problemáticacomplexa, em que, além da expansão dos mercados bioenergéticos e da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>matéria-prima associada, intervêm diversos outros fatores <strong>de</strong> muito maior peso [Rodríguez(2008a), FAO (2008) e Trostle (2008)]. Pelo lado da <strong>de</strong>manda, é notável o crescimento doconsumo per capita <strong>de</strong> cereais e proteínas animais em mercados importantes, particularmentena Ásia (Índia e China), frente a uma oferta <strong>de</strong>primida por problemas conjunturais (<strong>de</strong>vidosbasicamente a eventos climáticos) e praticada a custos mais elevados dos insumos agrícolas,com <strong>de</strong>staque para os efeitos diretos (operações agrícolas, transporte e processamento) eindiretos dos altos preços do petróleo, em especial sobre os fertilizantes. Como fatores agravantesadicionais – que contribuíram sobretudo para a volatilida<strong>de</strong> dos preços dos últimosdois anos –, po<strong>de</strong>m ser citados a <strong>de</strong>svalorização do dólar; a política <strong>de</strong> baixas taxas <strong>de</strong> jurosdo Fe<strong>de</strong>ral Reserve, nos Estados Unidos (para enfrentar a instabilida<strong>de</strong> do sistema financeiro<strong>de</strong>rivada da crise no setor imobiliário), que levou à busca <strong>de</strong> alternativa <strong>de</strong> aplicação em mercados<strong>de</strong> matérias-primas; e, ligado a isso, o incremento <strong>de</strong> movimentos especulativos nosmercados internacionais <strong>de</strong> alimentos [Frankel (2008a e 2008b) e Calvo (2008)]. A explicaçãosobre a aceleração no aumento dos preços, como resultado da política <strong>de</strong> baixas taxas <strong>de</strong>juros seguida pelo Banco Central americano, encontra-se em um marco analítico propostopor Frankel (2006).Como um dos principais importadores <strong>de</strong> alimentos na atualida<strong>de</strong>, com cerca <strong>de</strong> 20% dapopulação mundial e menos <strong>de</strong> 10% das terras agricultáveis, a China logrou por décadasmanter-se razoavelmente abastecida <strong>de</strong> cereais com seus próprios recursos agrícolas. Entretanto,com o incremento da renda e a diversificação da dieta, que aumentou a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>proteínas animais, as importações <strong>de</strong> alimentos têm crescido <strong>de</strong> modo relevante a partir<strong>de</strong> 2004. A <strong>de</strong>manda per capita <strong>de</strong> carne na China, que era <strong>de</strong> 20 kg por pessoa/ano em1985, elevou-se para 50 kg em 2000, com expectativas <strong>de</strong> atingir 85 kg em 2030 [SOW-VU(2007)], níveis típicos dos países <strong>de</strong> médio a alto <strong>de</strong>senvolvimento. Essa <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> proteínaanimal tem elevado significativamente a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> grãos, já que, em média, para produzirum quilo <strong>de</strong> carne suína ou bovina, são requeridos <strong>de</strong> 5 a 8 quilos <strong>de</strong> ração.Apenas consi<strong>de</strong>rando a participação brasileira nesse novo mercado, em 2007 foram exportadas11 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> soja para a China, que, para a produtivida<strong>de</strong> média nacional<strong>de</strong> 2,5 toneladas por hectare [Abiove (2008)], significa o comprometimento <strong>de</strong> 4,4 milhões<strong>de</strong> hectares com o cultivo <strong>de</strong>ssa oleaginosa, visando aten<strong>de</strong>r o mercado chinês, superior àárea plantada em <strong>cana</strong> para fins energéticos no Brasil.Como indicadores da inflação no mercado internacional <strong>de</strong> commodities agrícolas <strong>de</strong> interessealimentar, entre 2000 e 2007, a elevação dos preços dos cereais foi <strong>de</strong> 225%, inferior,254<strong>Bioetanol</strong>-08.indd 254 11/11/2008 15:27:38

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