Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
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ocorrência de casamento e a presença de religião ou fé. A presença de filhos<br />
poderia afastar a ocorrência de despersonalização e burnout. I<strong>da</strong>de, atração<br />
física e ren<strong>da</strong> além do necessário para satisfazer as necessi<strong>da</strong>des básicas não<br />
foram relaciona<strong>da</strong>s a um efeito positivo sobre a felici<strong>da</strong>de, sendo a preferência<br />
pela alta ren<strong>da</strong>, sucesso no trabalho e prestígio em detrimento de amigos<br />
e casamento esteve fortemente associa<strong>da</strong> à infelici<strong>da</strong>de. Torna-se importante,<br />
portanto, conhecer essas interações no intuito de incentivar a ocorrência de<br />
relacionamentos pessoais desde a i<strong>da</strong>de mais tenra, como forma de promoção<br />
<strong>da</strong> <strong>saúde</strong> do profissional médico. 33<br />
Breves considerações sobre a <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> <strong>da</strong> mulher médica jovem<br />
Na questão de gênero, o perfil populacional <strong>dos</strong> médicos está passando<br />
por uma transformação histórica. A partir de 2003 encontra-se taxa de ingresso<br />
de mulheres em cursos de Medicina maior que de homens, e a partir<br />
de 2009, pela primeira vez, se inscreveram no Conselho Federal de Medicina<br />
mais <strong>profissionais</strong> do sexo feminino. Um estudo realizado em 2011<br />
constatou que, no grupo de médicos com 29 anos ou menos, as mulheres já<br />
são maioria: <strong>dos</strong> 48.569 médicos nessa faixa etária, 53,31% são mulheres e<br />
46,69% são homens. 8<br />
O estudo sobre o gênero no campo do estresse laboral é recente. Em grande<br />
parte <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> em <strong>saúde</strong> tem sido feita uma abstração do gênero ou seu<br />
efeito tem sido controlado. Este fato parece ocasionar uma escassa referência<br />
sobre esta variável, bem como a existência de um corpo de investigações que,<br />
na busca <strong>da</strong> associação entre enfermi<strong>da</strong>de e estresse no trabalho, acaba por<br />
reforçar estereótipos.<br />
O gênero pode ser confundido com diversas variáveis: prestígio profissional,<br />
salário, trabalho em tempo parcial ou integral, estado civil, educação,<br />
carga global de trabalho e responsabili<strong>da</strong>de do cui<strong>da</strong>do de familiares. É preciso<br />
levar-se em conta essas variáveis quando se quer avaliar o efeito de gênero na<br />
<strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> do trabalhador. 34<br />
No âmbito <strong>da</strong> instituição médica, apesar <strong>da</strong> luta pelos direitos femininos,<br />
ain<strong>da</strong> é observa<strong>da</strong> a presença de um certo “machismo”, mesmo que de forma<br />
inconsciente e camufla<strong>da</strong>. Apenas cinco especiali<strong>da</strong>des (pediatria, ginecologia,<br />
clínica geral, cardiologia e dermatologia) <strong>da</strong>s 53 reconheci<strong>da</strong>s pelo Conselho<br />
Federal de Medicina concentram 60% do contingente feminino, o que demonstra<br />
baixa dispersão dessa população em especiali<strong>da</strong>des tradicionalmente<br />
compostas pelo público masculino – como as cirúrgicas, por exemplo. Ain<strong>da</strong>,<br />
o rendimento financeiro <strong>da</strong>s mulheres se concentra na faixa de ren<strong>da</strong> mais<br />
baixa quando comparado com os <strong>profissionais</strong> do sexo masculino, e a ocupação<br />
acontece principalmente em empregos <strong>da</strong> esfera pública, com menor