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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

Trabalho_e_saude_mental_dos_profissionais_da_saude

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tos aspectos, o modo como as pessoas experimentam sua relação com o trabalho.<br />

Portanto, torna-se necessário o estabelecimento de padrões mínimos<br />

para as condições de trabalho nos diferentes países e nos diferentes tipos de<br />

profissão, muito embora a maior parte <strong>dos</strong> trabalhadores que necessitam de<br />

melhorias seja geralmente excluí<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de proteção no trabalho.<br />

Segundo Seligmann-Silva, 9 o uso indevido de substâncias psicoativas<br />

pode ocorrer como forma de lenitivo para as sensações desagradáveis às quais<br />

o trabalhador está submetido e pode culminar na instalação de um quadro de<br />

dependência, se o uso se mantiver e se a condição estressora não for soluciona<strong>da</strong><br />

ou minimiza<strong>da</strong>.<br />

Estudo realizado pela Federação <strong>da</strong>s Indústrias do Estado de São Paulo<br />

– Fiesp, em 1993, mostra que de 10% a 15% <strong>dos</strong> emprega<strong>dos</strong> brasileiros<br />

têm problemas de dependência. Por sua vez, o uso de drogas aumenta em<br />

cinco vezes as chances de acidentes do trabalho, relacionando-se com 15%<br />

a 30% dessas ocorrências e respondendo por 50% do absenteísmo e <strong>da</strong>s<br />

li cenças médicas. 10<br />

Outra questão que contribui para a complexi<strong>da</strong>de do fenômeno é o<br />

fato de o usuário de drogas encontrar-se no ambiente de trabalho ou, em<br />

certos casos, utilizar-se <strong>da</strong>s substâncias disponíveis nesse ambiente. Registram-se,<br />

também, problemas relativos ao uso de drogas pela população<br />

adulta e economicamente ativa, afetando a segurança do trabalhador e a<br />

produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s empresas.<br />

Entretanto, não se pode afirmar que o ambiente de trabalho, as relações<br />

interpessoais e o acesso facilitado às drogas sejam as únicas causas possíveis<br />

para o estabelecimento de uma relação problemática com as drogas. Retomando<br />

o conceito do tripé para o estabelecimento <strong>da</strong> dependência proposto por<br />

Olievenstein, 2 é possível que o uso de drogas também esteja ligado a outras<br />

esferas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> desse sujeito, tais como a presença de algum desconforto psíquico<br />

e presença de problemas nas relações familiares e interpessoais fora do<br />

ambiente de trabalho.<br />

Há cerca de duas déca<strong>da</strong>s, sobretudo nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, o conceito de<br />

“ambiente de trabalho saudável” (Healthy Workplace) vem sendo desenvolvido<br />

pelas empresas. Robinson e Smallman 11 definem que um ambiente de trabalho<br />

saudável não é apenas aquele com baixos índices de acidentes e doenças,<br />

mas sobretudo aquele onde existem relações internas equilibra<strong>da</strong>s, capazes de<br />

conduzir a bons níveis de <strong>saúde</strong> e bem-estar.<br />

Portanto, a questão do uso de drogas por trabalhadores não deve enfocar<br />

apenas o comprometimento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do trabalho e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de,<br />

mas também sua influência do ambiente na gênese do uso abusivo de substâncias<br />

e de que forma este pode ser o espaço para a detecção do problema,<br />

oferecendo ao trabalhador as informações necessárias e as alternativas de prevenção<br />

e tratamento.<br />

8 Uso de drogas entre médicos<br />

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