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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

Trabalho_e_saude_mental_dos_profissionais_da_saude

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o Brasil, onde a exposição à violência no trabalho nos últimos 12 meses foi<br />

avalia<strong>da</strong> em uma amostra de <strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro,<br />

predominantemente composta por indivíduos que atuavam em hospitais.<br />

Cerca de 47% desses <strong>profissionais</strong> reportou exposição à violência no trabalho<br />

(violência psicológica e física), o que é muito menor do que a frequência <strong>da</strong> exposição<br />

encontra<strong>da</strong> em trabalhadores <strong>da</strong> ESF (violência psicológica [insultos e<br />

ameaças] em 69,7% e violência física em 2,3%). Esses resulta<strong>dos</strong> corroboram<br />

a nossa hipótese: atuar além do espaço físico <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de Saúde, isto é, nas<br />

áreas adscritas à Equipe de Saúde <strong>da</strong> Família, faz com que os <strong>profissionais</strong> <strong>da</strong><br />

ESF estejam mais expostos à violência no trabalho do que aqueles <strong>profissionais</strong><br />

que atuam exclusivamente dentro <strong>dos</strong> serviços de <strong>saúde</strong>.<br />

A exposição à violência no trabalho foi fortemente associa<strong>da</strong> aos sintomas<br />

depressivos e aos sintomas de depressão maior. Considerando os quatro tipos<br />

de exposição à violência no trabalho investiga<strong>dos</strong>, quanto mais tipos de exposição<br />

relata<strong>dos</strong>, maior a chance de sintomas depressivos intermediários e de<br />

sintomas de pressão maior. Por exemplo, para os participantes que referiram<br />

exposição aos quatro tipos de violência no trabalho a chance de apresentar<br />

sintomas depressivos intermediários foi 5,1 vezes maior, e de apresentar sintomas<br />

de depressão maior a chance foi cerca de 14 vezes mais eleva<strong>da</strong> do que<br />

aqueles participantes que não sofreram violência no trabalho nos últimos 12<br />

meses (Tabela 2).<br />

Com relação à frequência <strong>da</strong> exposição, quanto mais frequente a exposição<br />

à violência no trabalho, maior a chance de apresentar sintomas depressivos e<br />

sintomas de depressão maior. Assim, observamos que os participantes que referiram<br />

ter sido insulta<strong>dos</strong> “muitas vezes” nos últimos 12 meses apresentaram<br />

uma chance 6,28 maior de ter sintomas mais graves de depressão, para aqueles<br />

que referiram ter sofrido ameaças; frequentemente, a chance de apresentar<br />

sintomas de depressão maior foi 1,48 maior, essa chance foi de 3,68 para os<br />

indivíduos que relataram ter sofrido violência física no trabalho “várias vezes”<br />

e de 2,02 para aqueles que presenciaram violência no trabalho “várias vezes”<br />

nos últimos 12 meses (Tabela 2). A maior frequência <strong>da</strong> exposição à violência<br />

no trabalho na ESF associa<strong>da</strong> à maior gravi<strong>da</strong>de de sintomas depressivos fala<br />

a favor de uma associação do tipo <strong>dos</strong>e-resposta, o que está de acordo com<br />

outros estu<strong>dos</strong> que observaram a existência de relação <strong>dos</strong>e-resposta entre o<br />

29, 30<br />

número de eventos traumáticos e a gravi<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> sintomas depressivos.<br />

É possível que a associação entre exposição à violência no trabalho e depressão<br />

em <strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> Estratégia Saúde <strong>da</strong> Família ocorra também em<br />

forma de um círculo vicioso: os trabalhadores <strong>da</strong> ESF com sintomas depressivos<br />

ou depressão maior estão mais propensos a reagir inadequa<strong>da</strong>mente às<br />

reclamações e atitudes de descontentamento <strong>dos</strong> pacientes, o que pode afetar<br />

a relação profissional-paciente, e propiciar um desgaste <strong>da</strong> relação, per<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

confiança e insatisfação do paciente com o atendimento/serviços de <strong>saúde</strong>.<br />

12 Saúde <strong>mental</strong> <strong>dos</strong> <strong>profissionais</strong> <strong>da</strong> Estratégia Saúde <strong>da</strong> Família<br />

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