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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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Uso de drogas entre médicos<br />

Marcelo Niel<br />

1. Introdução<br />

O uso de álcool e outras drogas e, mais precisamente, a dependência<br />

química, têm ganhado grande interesse por parte <strong>dos</strong> <strong>profissionais</strong> de <strong>saúde</strong><br />

nos últimos anos. Embora a psiquiatria tenha ficado mais diretamente encarrega<strong>da</strong><br />

de diagnosticar e tratar esses pacientes, o uso abusivo e a dependência<br />

de substâncias psicoativas podem afetar diversas áreas <strong>da</strong> <strong>saúde</strong> do<br />

indivíduo, para além <strong>da</strong>s alterações comportamentais. Talvez seja por esse<br />

motivo que o interesse por parte de outras especiali<strong>da</strong>des médicas tenha aumentado<br />

mais recentemente.<br />

Por outro lado, o uso de drogas e a dependência química entre <strong>profissionais</strong><br />

de <strong>saúde</strong>, sobretudo entre médicos, ain<strong>da</strong> são assuntos tabus. Apesar <strong>da</strong><br />

consciência de que o uso de álcool e outras drogas se inicia, na grande maioria<br />

<strong>dos</strong> casos, durante a formação universitária, e que esse seria um momento propício<br />

para detectar usuários problemáticos com risco de desenvolvimento de<br />

problemas mais graves na relação com álcool e outras drogas, pouco se abor<strong>da</strong><br />

esse tema durante a formação médica. E o que se observa, em geral, é um continuum<br />

de um problema que se iniciou nessa fase e que apenas tomou corpo<br />

ao longo <strong>dos</strong> anos de exercício <strong>da</strong> profissão.<br />

Estabelecer um ponto de separação entre as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de uso é bastante<br />

difícil. De acordo com Mansur, 1 o processo que vai do uso à dependência<br />

obedece a matizes e tons – assim como um dégradé que vai do rosa-claro<br />

ao vermelho – que nem sempre delimitam com clareza as fases <strong>da</strong> construção<br />

<strong>da</strong> dependência.<br />

Olievenstein 2 propõe que a dependência se estabeleceria a partir de um<br />

tripé formado pelo indívíduo, em suas dimensões biológica e psíquica, pelo<br />

ambiente e pela droga, com suas proprie<strong>da</strong>des farmacológicas específicas. Esse<br />

tripé pode servir não apenas para a compreensão do estabelecimento <strong>da</strong> dependência,<br />

mas também como um meio de ressaltar que, na questão do uso de<br />

drogas, representa<strong>da</strong> por um continuum que parte de um extremo (uso não<br />

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