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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />

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De MARCO (1999), 42 trabalhando com alunos do quinto ano médico em grupo,<br />

cita que a ativi<strong>da</strong>de era vivi<strong>da</strong> muitas vezes como “perturbação ou desconforto”<br />

em meio à rotina atribula<strong>da</strong> do aluno. Apesar <strong>da</strong>s resistências, o autor<br />

menciona que o grupo preenchia uma lacuna na instituição e permitia trocas,<br />

na medi<strong>da</strong> em que: “... as facul<strong>da</strong>des de Medicina não abrem espaços para reflexão.<br />

Há muita informação, horários lota<strong>dos</strong> de aulas, além <strong>dos</strong> plantões e<br />

<strong>dos</strong> atendimentos...” 42 Na mesma linha do acolhimento aos internos, RAMOS-<br />

CERQUEIRA et al. (2005) 43 desenvolveram uma ativi<strong>da</strong>de psicodramática a<br />

partir <strong>da</strong> utilização <strong>dos</strong> contos de fa<strong>da</strong>s. Nesta ativi<strong>da</strong>de, os alunos rememoraram<br />

e dramatizaram contos de fa<strong>da</strong>s relaciona<strong>dos</strong> às suas vivências no sexto<br />

ano. A ativi<strong>da</strong>de seguiu o pressuposto de que a dramatização e o compartilhamento<br />

<strong>dos</strong> sentimentos experimenta<strong>dos</strong> seriam um auxílio na elaboração <strong>da</strong>s<br />

situações conflituosas vivencia<strong>dos</strong> pelos alunos.<br />

Disciplinas <strong>da</strong> grade curricular que disponibilizem aos alunos a possibili<strong>da</strong>de<br />

de interação e a troca de experiências também podem se constituir<br />

espaços de apoio. NOTO et al. (2001) 37 descreveram as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s<br />

pela disciplina de Psicologia Médica na Unifesp: durante os três primeiros<br />

anos <strong>da</strong> formação, os alunos têm ativi<strong>da</strong>des que vão de seminários a dramatizações<br />

e vivências em pequenos grupos. A discussão de experiências dolorosas,<br />

segundo os autores, alivia a carga psicológica associa<strong>da</strong> a eventos muitas<br />

vezes vivi<strong>dos</strong> individualmente. Formas de organização <strong>dos</strong> cursos podem ser<br />

também mais ou menos estressantes, como a experiência de ZUARDI et al.<br />

(2008), 28 menciona<strong>da</strong> anteriormente.<br />

Além <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de apoio cita<strong>da</strong>s, há escolas que possuem serviços de<br />

atendimento e/ou apoio psicológico, embora a procura nem sempre seja a espera<strong>da</strong>.<br />

MILLAN et al. (1998) 24 realizaram um levantamento <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes<br />

de Medicina que procuraram espontaneamente o Grupo de Assistência Psicológica<br />

ao Aluno (Grapal), na Facul<strong>da</strong>de de Medicina <strong>da</strong> USP. De acordo com<br />

os autores, predominaram casos de ansie<strong>da</strong>de e depressão, e aproxima<strong>da</strong>mente<br />

um quarto não apresentava “qualquer psicopatologia”, relatando apenas dificul<strong>da</strong>des<br />

de relacionamento, como queixa principal. A procura ao serviço<br />

associou-se a não estar no sexto ano e ao sexo feminino, embora estu<strong>dos</strong> apontem<br />

que a progressão no curso seja fator de risco importante. 44<br />

CUNHA et al. (2009) 9 relataram que 69,1% <strong>dos</strong> alunos de uma escola<br />

médica brasileira não conheciam nenhum programa de apoio, embora a facul<strong>da</strong>de<br />

na qual a pesquisa foi realiza<strong>da</strong> contasse com este recurso. LEÃO et<br />

al. (2011) 45 estimaram a prevalência de sintomas ansiosos, depressivos, quali<strong>da</strong>de<br />

de vi<strong>da</strong> e procura de aju<strong>da</strong> entre alunos do último ano de um curso de<br />

Medicina. Os autores observaram que 20% apresentaram sintomas ansiosos<br />

e 27% sintomas depressivos, mas apenas uma pequena parcela procurou aju<strong>da</strong><br />

na instituição. Ser mulher, perceber necessi<strong>da</strong>des psicológicas e apresentar<br />

sintomas ansiosos foram características que se associaram à procura de aju<strong>da</strong>.

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