Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
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Estresse: vilão <strong>dos</strong> trabalhadores?<br />
Estresse ocupacional caracteriza-se pelo conjunto de respostas físicas e<br />
mentais, que quando intensifica<strong>da</strong>s transformam-se em reações emocionais<br />
negativas. Este evento tem sido de grande interesse entre os pesquisadores devido<br />
à sua associação com o aumento do número de acidentes, absenteísmo,<br />
que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e risco de abandono de emprego, e se o tempo de<br />
exposição for prolongado, pode provocar sérios prejuízos ao profissional de<br />
15, 16<br />
<strong>saúde</strong>, levando a problemas físicos e mentais.<br />
Mas por que o estresse pode ser tão nocivo? Existe uma polêmica quanto<br />
ao conceito de estresse, que caiu no senso comum e tem sido responsabilizado<br />
por todo o sofrimento que um indivíduo possa ter em virtude <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de contemporânea, sendo associado apenas a eventos negativos, entretanto<br />
só recentemente essa condição vem sendo associa<strong>da</strong> a algumas doenças,<br />
particularmente aos transtornos mentais.<br />
A palavra estresse significa força, pressão, esforço, tensão, e este termo é<br />
utilizado na física para designar qualquer força aplica<strong>da</strong> a um sistema que é<br />
passível de ser medi<strong>da</strong>. Nos anos de 1930, o fisiologista canadense chamado<br />
Hans Selye tomou emprestado <strong>da</strong> física o termo estresse e o aplicou na biologia<br />
para designar um padrão comum de resposta do organismo a diferentes<br />
agentes estressores caracteriza<strong>da</strong> pela ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal,<br />
e observou que as consequências dessa exposição poderiam ser<br />
tanto prejudiciais quanto benéficas, dependendo <strong>dos</strong> dispositivos do organismo<br />
para a reação. 17 A partir dessas observações, o estresse passou a ser reconhecido<br />
pela Medicina como um estado dinâmico de equilíbrio, alternando<br />
estado de estresse e homeostase. Na atuali<strong>da</strong>de entende-se estresse por um<br />
conjunto de reações físicas.<br />
Na atuali<strong>da</strong>de, além <strong>dos</strong> estressores físicos, como estu<strong>da</strong>do por Seyle, fatores<br />
psicológicos, como novi<strong>da</strong>des ou problemas sociais, o estresse <strong>mental</strong> e<br />
emocional é o mais intenso no século XXI, se compararmos aos nossos antepassa<strong>dos</strong>.<br />
18 Assim, diante <strong>da</strong> ameaça real ou potencial à homeostase, o organismo<br />
humano apresenta reações a<strong>da</strong>ptativas complexas, seleciona<strong>da</strong>s a partir<br />
<strong>dos</strong> componentes cognitivo, comporta<strong>mental</strong> e fisiológico. Caso consiga eliminar<br />
ou solucionar a situação estressora provocará uma diminuição <strong>da</strong> cascata<br />
fisiológica ativa<strong>da</strong>; contudo, se a situação de estresse for excessiva ou manti<strong>da</strong><br />
por longos perío<strong>dos</strong>, o sistema de proteção pode se manter hiper-reativo e<br />
provocar <strong>da</strong>nos ao organismo.<br />
Dentre as alterações fisiológicas, há envolvimento de neurônios do núcleo<br />
paraventricular hipotalâmico que produz o hormônio de liberação <strong>da</strong><br />
corticotrofina, núcleos noradrenérgicos do tronco cerebral (locus coeruleus)<br />
e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPP), responsável pela liberação de<br />
glicocorticoides pela suprarrenal. 18, 19 Essas regiões, envolvi<strong>da</strong>s no estresse