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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />

208<br />

2. Estrutura do Centro e descrição <strong>dos</strong> procedimentos<br />

O Centro é conduzido pela parceria firma<strong>da</strong> entre o Cremesp e o Departamento<br />

de Psiquiatria <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de São Paulo, utilizando<br />

estrutura e <strong>profissionais</strong> do Programa de Esquizofrenia (Proesq). O Proesq<br />

é um ambulatório especializado, composto por equipe multiprofissional e<br />

que há mais de 20 anos se dedica ao cui<strong>da</strong>do de portadores de esquizofrenia,<br />

com grande experiência no cui<strong>da</strong>do a portadores de transtornos mentais<br />

graves.<br />

O encaminhamento ocorre por meio do serviço social do Cremesp, que<br />

solicita o agen<strong>da</strong>mento, que é realizado em um intervalo máximo de até duas<br />

semanas. No primeiro contato é feita uma avaliação inicial com o objetivo de<br />

se formular um diagnóstico psiquiátrico e situacional do caso. Se necessário, a<br />

avaliação inicial pode se estender por mais de uma consulta. Os exames complementares<br />

são pedi<strong>dos</strong> de acordo com a avaliação.<br />

Psicoeducação<br />

As doenças mentais são carrega<strong>da</strong>s de estigma. No contexto do médico<br />

que adoece, o estigma parece ser especialmente forte. Em quase to<strong>dos</strong> os casos<br />

atendi<strong>dos</strong> no CASMM percebemos dificul<strong>da</strong>des em li<strong>da</strong>r com a doença<br />

por parte do paciente e/ou <strong>da</strong> família e, em vários casos, deparamo-nos com<br />

forte negação, uma recusa em aceitar estar doente ou precisar de cui<strong>da</strong>do. Em<br />

muitas situações parece ser mais fácil entender o que se passa, para familiares<br />

e para o próprio paciente, como “fraqueza” ou “falha moral” do que aceitar a<br />

existência de uma doença que afeta a mente ou o cérebro.<br />

Os transtornos mentais podem causar grande impacto na família. É comum<br />

existir dificul<strong>da</strong>de em entender ou aceitar a situação de conviver com<br />

alguém com um problema de <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong>. Muitas vezes a família fica dividi<strong>da</strong>,<br />

cindi<strong>da</strong>, o que se constitui uma dificul<strong>da</strong>de adicional para a melhora do<br />

paciente. Assim, como parte <strong>da</strong> avaliação inicial, se autorizado pelo paciente,<br />

buscamos um contato com familiares a fim de entender melhor a repercussão<br />

do processo de adoecimento no dia a dia e verificar a necessi<strong>da</strong>de de intervenção.<br />

O foco do atendimento é na psicoeducação sobre o diagnóstico, em<br />

construir um significado sobre o que é ter um problema de <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> e<br />

desenvolver estratégias de como li<strong>da</strong>r com essa situação no dia a dia. A psicoeducação<br />

envolvendo familiares tem se mostrado efetiva em promover a adesão<br />

ao tratamento, melhorar o nível funcional, melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e<br />

alcançar maiores taxas de remissão. 2 Na prática, auxilia a alinhar expectativas<br />

e torna a família um agente terapêutico. As sessões de psicoeducação são conduzi<strong>da</strong>s<br />

pelo próprio psiquiatra.<br />

A carga de doença (burden of care) é um conceito complexo que tenta<br />

medir o impacto e as consequências que o cui<strong>da</strong>do a uma doença impõe aos

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