Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
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médico que atribui a si mesmo uma desvalorização, produz sentimento de<br />
menosvalia, angústia, insegurança, desânimo e desespero, que irão caracterizar<br />
os quadros ansiosos, depressivos, dependência ao álcool e outras drogas, e<br />
infelizmente ao suicídio. 15<br />
O trabalho do profissional médico está desprovido de valorização, de<br />
significação, de não reconhecimento, e tem sido fonte constante de ameaças<br />
à integri<strong>da</strong>de física e\ou psíquica, determinando maior sofrimento aos <strong>profissionais</strong><br />
médicos. 57 Sua carreira profissional, muitas vezes, é impedi<strong>da</strong> pelos<br />
serviços públicos, gerando o sentimento de fracasso, aumentando o número<br />
de acidentes de trabalho, principalmente agressões por parte de familiares<br />
ou <strong>dos</strong> próprios pacientes. Outras vezes é impedido de mu<strong>da</strong>nças de posição,<br />
como ascensão ou rea<strong>da</strong>ptação, por entraves na hierarquia que podem determinar<br />
diversos quadros psicopatológicos, variando de transtornos de ajustamento,<br />
reações ao estresse, síndrome do esgotamento profissional (burnout),<br />
até depressões graves e incapacitantes, dependência química severa e suicídio<br />
de <strong>profissionais</strong> médicos. 15<br />
Não raro há morte por arma de fogo de profissional médico no exercício<br />
de suas ativi<strong>da</strong>des em hospitais de emergências. Ao prestar atendimento a<br />
pessoas balea<strong>da</strong>s, muitas vezes o profissional médico é ameaçado por gangues<br />
criminosas que comparecem aos serviços de emergências, caso ele não dê o<br />
atendimento com priori<strong>da</strong>de e, principalmente, se o bandido baleado vem a<br />
falecer. É frequente muitos <strong>profissionais</strong> médicos desenvolverem quadros de<br />
ansie<strong>da</strong>de e transtornos de estresse pós-traumáticos (TEPT) decorrentes dessas<br />
situações do trabalho. 34<br />
O trabalho ocupa grande parte do tempo em que os <strong>profissionais</strong> médicos<br />
estão em vigília. Muitos sofrem de insônia crônica, ou têm privação<br />
crônica de sono com repercussão em suas ativi<strong>da</strong>des laborais como profissional<br />
médico.<br />
58, 59<br />
As longas jorna<strong>da</strong>s de trabalho em ambiente totalmente insalubre, com<br />
pouca ou nenhuma pausa destina<strong>da</strong> a real descanso e\ou para refeições de<br />
curta duração em lugares desconfortáveis, sujeitas às piores condições nutricionais,<br />
como as famosas pizzas nos plantões. Salientamos os turnos noturnos,<br />
alterna<strong>dos</strong> ou iniciando muito cedo pela manhã em outro lugar distante, para<br />
manter um mínimo de ren<strong>da</strong> mensal para subsistência própria e <strong>da</strong> família.<br />
O profissional médico é submetido a um ritmo intenso, com controle do<br />
tempo de trabalho por pressão de suas chefias, ou pelos próprios pacientes e<br />
familiares. Essas situações são geradoras de quadros ansiosos, fadiga crônica,<br />
distúrbios do sono e do esgotamento profissional – burnout. 60 Acrescentamse<br />
os níveis de atenção e concentração exigi<strong>dos</strong> para a realização de tarefas<br />
combina<strong>da</strong>s com a pressão exerci<strong>da</strong> por diferentes pontos: novas tecnologias,<br />
reestruturação produtiva com enxugamento, exigindo grande flexibili<strong>da</strong>de de<br />
tarefas, também geradores de transtornos mentais decorrentes do estresse do