Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
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O jovem que deseja ser médico traz dentro de si marcas que definem tal<br />
escolha. No entanto, nem sempre essa é sua vocação, nem sempre a escolha<br />
adequa<strong>da</strong> a seu tipo de personali<strong>da</strong>de. Esse conflito pode levá-lo a um estado<br />
de confusão tal que o faça desistir do curso ou mesmo que o impeça de ver suas<br />
possibili<strong>da</strong>des de desenvolvimento profissional.<br />
O estu<strong>da</strong>nte de Medicina logo cedo depara-se com a morte. Tanto na formação<br />
cujo método de ensino é o tradicional, quanto nas escolas médicas que<br />
utilizam a metodologia ativa, desde cedo o contato com a limitação humana<br />
encontra-se presente, tendo como seu representante máximo a morte! Não são<br />
raras as histórias de jovens primeiranistas que pensam em desistir do curso ao<br />
se depararem com a morte ain<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> graduação.<br />
Durante os seis anos de formação encontram-se algumas particulari<strong>da</strong>des<br />
relaciona<strong>da</strong>s às características de certos anos. No primeiro ano encontrase<br />
um misto de alegria pela vitória diante de acirra<strong>da</strong> disputa por uma vaga<br />
na facul<strong>da</strong>de de Medicina. No segundo e terceiro anos, a ansie<strong>da</strong>de aumenta,<br />
uma vez que a empolgação do primeiro ano passou e eles se veem diante <strong>da</strong><br />
enorme quanti<strong>da</strong>de de matéria e do conhecimento a ser adquirido. O quarto<br />
ano parece ser caracterizado por uma espécie de anedonia, mas que esconde<br />
o receio diante do internato que está por começar e a sensação de metade do<br />
caminho percorrido.<br />
Tem início o internato. No quinto ano, o estu<strong>da</strong>nte de Medicina encontrase<br />
de fato dentro do ambiente hospitalar e ambulatorial. Ain<strong>da</strong> que haja uma<br />
experiência pregressa durante os quatro anos básicos, a experiência do interno<br />
é única. E nesse momento se apresentam características de estresse, tanto físicas<br />
quanto emocionais. É também nesse período que eles alicerçarão os conhecimentos<br />
teóricos adquiri<strong>dos</strong>. Ressalta-se que a figura do docente é ain<strong>da</strong> mais<br />
importante, pois a identificação se dá por observação do modelo. Tanto diante<br />
dele próprio, estu<strong>da</strong>nte, quanto <strong>da</strong> postura do docente diante <strong>dos</strong> pacientes<br />
atendi<strong>dos</strong>. Daí a importância do docente na formação médica.<br />
E, sem perceber, o jovem encontra-se diante do último ano de graduação.<br />
O sextanista apresenta um misto de alegria e contentamento e, do outro lado,<br />
medo e ansie<strong>da</strong>de. Os sentimentos se misturam, mas a ansie<strong>da</strong>de em geral é<br />
evidencia<strong>da</strong> pela expectativa <strong>da</strong> disputa por uma vaga na Residência Médica,<br />
pelo final <strong>da</strong> graduação, pela responsabili<strong>da</strong>de diante de si, <strong>da</strong> família e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,<br />
por encerrar uma etapa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, na qual deixam a condição de filhos<br />
que precisam ser sustenta<strong>dos</strong> para assumir um papel no mercado de trabalho.<br />
Em especial, para uma parte considerável <strong>da</strong>s jovens médicas há também a<br />
preocupação com a materni<strong>da</strong>de.<br />
To<strong>da</strong>s essas características são, em maior ou menor grau, vivi<strong>da</strong>s pela<br />
maioria <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes de Medicina. Se, durante o período de graduação, os<br />
discentes encontram a possibili<strong>da</strong>de de cui<strong>da</strong>r desses aspectos emocionais, ain<strong>da</strong><br />
que não apresentem nenhum tipo de transtorno <strong>mental</strong>, a fase costuma ser