Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
Trabalho_e_saude_mental_dos_profissionais_da_saude
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vigoroso, mais tolerante à frustração, estabelece-se uma relação melhor e mais<br />
realista com o mundo interno e externo, a divisão entre consciente e inconsciente<br />
torna-se mais permeável, o que possibilita o aparecimento do insight. Os<br />
mecanismos de defesa primitivos como a cisão, a idealização, a onipotência, a<br />
negação e a identificação projetiva tendem a ser menos utiliza<strong>dos</strong>, preponderando<br />
a repressão. Paulatinamente, as experiências felizes auxiliam a criança<br />
a superar os sentimentos melancólicos em que predominam a culpa e o sentimento<br />
de per<strong>da</strong>, o que torna possível a elaboração <strong>da</strong> posição depressiva. O<br />
uso do termo posição por Klein não foi casual, uma vez que a integração plena<br />
e permanente nunca é possível e, no transcorrer <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, todo indivíduo oscila<br />
entre as duas posições. Quanto mais fortalecido for o ego, mais tempo estará<br />
na posição depressiva e vice-versa. Cabe ressaltar que o termo posição depressiva<br />
não deve ser confundido com o quadro clínico de depressão, que Klein<br />
denominava melancolia.<br />
4 A <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> do médico residente<br />
A integração <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong>s posições com a hipótese <strong>da</strong> pulsão<br />
vocacional e suas consequências na <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> do estu<strong>da</strong>nte<br />
de Medicina e do médico<br />
Buscarei, a seguir, integrar o que foi exposto teoricamente e descrever<br />
suas consequências no cotidiano do estu<strong>da</strong>nte de Medicina e do médico.<br />
7, 18, 11, 21, 22, 23, 24, 25<br />
Pulsão vocacional egossintônica – A pulsão vocacional que encontra um<br />
ego bem estruturado e um ambiente adequado para o desenvolvimento do potencial<br />
vocacional torna-se egossintônica, e o indivíduo tende a permanecer na<br />
posição depressiva, predominando a pulsão de vi<strong>da</strong>. Nesse caso, o exercício <strong>da</strong><br />
Medicina é feito com generosi<strong>da</strong>de, dedicação, e a possibili<strong>da</strong>de de cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s<br />
pessoas é prazerosa e enriquecedora, apesar <strong>da</strong>s limitações <strong>da</strong> ciência, do indivíduo<br />
e do meio. A capaci<strong>da</strong>de de o médico sentir prazer vincula-se à resignação<br />
de poder fazer o que é possível e não buscar o inacessível. A sua generosi<strong>da</strong>de<br />
não desaparece diante <strong>da</strong> falta de reconhecimento de alguns pacientes.<br />
Sente-se potente, confia em sua capaci<strong>da</strong>de profissional e na possibili<strong>da</strong>de de<br />
sempre aprender e evoluir, desenvolvendo por to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> o seu potencial<br />
vocacional. Tem uma boa empatia com seus pacientes, um bom relacionamento<br />
com os colegas, com quem não rivaliza demasia<strong>da</strong>mente e, sempre que possível,<br />
busca aju<strong>da</strong>r os mais inexperientes a quem faz críticas construtivas. Sabe<br />
trabalhar em equipe, e quando percebe que um colega desenvolveu-se com o<br />
seu auxílio, partilha de sua alegria. Procura estar cercado de pessoas competentes,<br />
solicita auxílio <strong>dos</strong> mais velhos quando precisa, e demonstra reconhe-<br />
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