Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
Anestesistas<br />
Anestesistas estão superrepresenta<strong>dos</strong> nas amostras clínicas de médicos<br />
em tratamento por dependências. 26, 31 Estima-se entre 1% e 1,6% a prevalência<br />
de dependência de opioides nos programas de residência norte-americanos.<br />
Este parece ser o risco ocupacional mais preocupante entre anestesistas. 32<br />
Dentre médicos que buscaram atendimento na Rede de Apoio, anestesistas<br />
estão hiperrepresenta<strong>dos</strong> (são em torno de 3% <strong>da</strong> população médica e<br />
constituem 15% <strong>dos</strong> médicos em tratamento). Observa-se um padrão diferenciado<br />
de início do consumo entre anestesiologistas, o que se deu por substâncias<br />
de acesso facilitado (benzodiazepínicos e opioides), geralmente para<br />
automedicação de problemas físicos ou emocionais como ansie<strong>da</strong>de e insônia.<br />
33 A experimentação pode ocorrer mesmo em pessoas sem histórico de<br />
dependências de outras drogas ou transtornos mentais.<br />
A hipótese <strong>da</strong> dependência como doença ocupacional entre anestesistas<br />
tem sido considera<strong>da</strong>. Observaram-se pequenas concentrações de anestésicos<br />
no ar exalado pelo paciente, e esta exposição a partículas aerossolúveis tem<br />
sido considera<strong>da</strong> fator de risco para recaí<strong>da</strong>s. Tal hipótese auxiliaria a compreender<br />
o alto índice de problemas entre anestesistas. 34<br />
A literatura não é consensual quanto ao retorno profissional <strong>dos</strong> anestesistas.<br />
35, 36 Aqueles que retornam à profissão com monitoramento rigoroso,<br />
após um período de afastamento significativo (em torno de um ano) e utilizando<br />
antagonistas do sistema opioide apresentam melhor prognóstico. 37<br />
202<br />
Divulgação<br />
Para melhorar a busca por tratamento, há que se empreender, paralelamente<br />
à oferta de serviços e divulgação contínua, uma mu<strong>da</strong>nça cultural<br />
quanto à necessi<strong>da</strong>de de abor<strong>da</strong>r e revelar os problemas emocionais e melhorar<br />
a receptivi<strong>da</strong>de a tais questões no meio médico. 38<br />
A opção que tem se revelado mais segura é a de uma divulgação foca<strong>da</strong><br />
na classe médica, em jornais e revistas do próprio Conselho Regional de Medicina,<br />
uma vez que a divulgação na imprensa gera alarmismo quanto à <strong>saúde</strong><br />
<strong>dos</strong> médicos.<br />
Periodicamente, publicações sobre a <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> do médico e dependências<br />
são lança<strong>da</strong>s no Jornal do Cremesp, visando divulgar o serviço de apoio.<br />
Da<strong>dos</strong> de contato <strong>da</strong> Rede de Apoio a Médicos são apresenta<strong>dos</strong> mensalmente<br />
no Jornal do Cremesp, na seção “Guia do Cremesp”.<br />
<strong>Trabalho</strong>s científicos descritivos do conjunto <strong>dos</strong> médicos atendi<strong>dos</strong> foram<br />
publica<strong>dos</strong>, 22, 39 além de artigos sobre a mortali<strong>da</strong>de geral 40 e por suicídio<br />
entre médicos. 41<br />
A participação em congressos <strong>da</strong> classe médica ocorre periodicamente (ao<br />
menos dois congressos médicos a ca<strong>da</strong> ano). Assim, a divulgação ocorre em