Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde
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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />
Os caminhos que o sujeito encontra poderão ser as depressões, as crises de<br />
angústia, de ansie<strong>da</strong>de, o burnout ou, ain<strong>da</strong>, doenças psicossomáticas e sintomas<br />
hipocondríacos, consequentes de uma prática diária de convivência com<br />
a doença, com a morte, com a dor. Há também as saí<strong>da</strong>s para um modo mais<br />
violento dirigido ao outro como apatia, irritabili<strong>da</strong>de, frieza e agressivi<strong>da</strong>de.<br />
Como pensar saí<strong>da</strong>s para uma crise como essa?<br />
Não é incomum escutar de tais <strong>profissionais</strong> tanto nas áreas <strong>da</strong> <strong>saúde</strong><br />
como nas <strong>da</strong> educação e direito, propostas de um retorno ao “bom tempo”<br />
disciplinar e ao modelo autoritário, no qual se respeitava e obedecia ao pai, o<br />
professor tinha autori<strong>da</strong>de, a lei impedia o excesso de violência e o médico <strong>da</strong><br />
família era sempre escutado, porém nos parece irreversível e não de todo ruim<br />
que as informações possam permitir mais espírito crítico ao ci<strong>da</strong>dão e que<br />
gestões institucionais sejam mais horizontaliza<strong>da</strong>s e democráticas.<br />
A tese do declínio <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de paterna é outro bom exemplo de como alterações<br />
em formas de vi<strong>da</strong> (família patriarcal) implicam reinterpretações <strong>da</strong><br />
per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s experiências (liberais, disciplinares, românticas), que, por sua vez,<br />
implicam reformulações de mo<strong>dos</strong> de sofrimento, expressos na contradição entre<br />
aspirações de reconhecimento e determinações simbólicas pelas quais estas<br />
deveriam se efetuar. 37<br />
As alterações em formas de vi<strong>da</strong>, como nos coloca Dunker, exigirão novas<br />
formas de gestão de saberes neste campo plural e manejos institucionais, assim<br />
como novos espaços para a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> mestres.<br />
O sofrer e a formação do profissional<br />
150<br />
O sofrimento de todo ser humano é condição inexorável <strong>da</strong> existência.<br />
A expressão do sofrimento pode se <strong>da</strong>r de diferentes maneiras, quais sejam:<br />
numa inscrição corporal, na fala, nos sonhos, na relação vincular, no desempenho<br />
pe<strong>da</strong>gógico, no desempenho profissional etc. A maneira como ele se<br />
manifesta depende de como ca<strong>da</strong> um vivenciou, sentiu e nomeou suas experiências<br />
de vi<strong>da</strong>.<br />
No dizer <strong>da</strong> psicanálise, somos seres angustia<strong>dos</strong>, com mal-estar, sendo<br />
isto imprescindível à constituição de um Sujeito, de um Ser no mundo. A mente<br />
só se constitui a partir <strong>da</strong> angústia: nosso desenvolvimento está vinculado<br />
às experiências de sofrimento, tornando-nos humanos, e preparando-nos para<br />
li<strong>da</strong>r com situações de alta complexi<strong>da</strong>de, tanto do ponto de vista social como<br />
emocional e cognitivo. 33<br />
No mundo atual, as experiências devem ser absorvi<strong>da</strong>s de modo rápido,<br />
o tempo é <strong>da</strong> ordem do imediato e esperar faz parte do passado. Tudo e to<strong>dos</strong>