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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />

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que compõe essa população. Com o objetivo de a<strong>da</strong>ptar à reali<strong>da</strong>de brasileira<br />

os conceitos propostos internacionalmente sobre a população médica jovem,<br />

adota-se no Brasil, arbitrariamente, a definição do público médico com menos<br />

de 40 anos de i<strong>da</strong>de, ou em seus primeiros dez anos de ativi<strong>da</strong>de profissional.<br />

São poucos os estu<strong>dos</strong> em quanti<strong>da</strong>de e consistência que objetivam a<br />

análise <strong>dos</strong> determinantes de <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> dessa população. Torna-se difícil,<br />

portanto, a caracterização e discussão de suas relações e implicações, acarretando<br />

dificul<strong>da</strong>des para a formulação de diretrizes preventivas e assistenciais<br />

para esse público.<br />

Ao mesmo tempo, em função do crescimento exorbitante de facul<strong>da</strong>des<br />

de Medicina, a faixa etária correspondente aos médicos jovens vem ocupando<br />

posição de relevância no panorama demográfico médico brasileiro, correspondendo<br />

atualmente a 42% de to<strong>da</strong> a população médica do país.<br />

Diante desse crescimento, realça-se a necessi<strong>da</strong>de de se pensar novas políticas<br />

de planejamento e regulação <strong>da</strong> formação, processo de trabalho e organização<br />

<strong>dos</strong> serviços de <strong>saúde</strong>, considerando-se as particulari<strong>da</strong>des dessa<br />

população. Intervenções em aspectos como a duração do tempo de ativi<strong>da</strong>de<br />

profissional, jorna<strong>da</strong> de trabalho semanal, multiplici<strong>da</strong>de de vínculos, escolha<br />

de especiali<strong>da</strong>des médicas segundo gênero, soma<strong>dos</strong> à falta de preocupação<br />

com a melhoria <strong>da</strong> infraestrutura <strong>dos</strong> locais de atendimento – que acabam por<br />

expor o médico em início de carreira a situações estressoras sem o suporte adequado<br />

– precisam ser realiza<strong>da</strong>s, com o objetivo de diminuir a vulnerabili<strong>da</strong>de<br />

ao adoecimento psíquico dessa população, por conta do trabalho.<br />

Ain<strong>da</strong>, estu<strong>dos</strong> robustos de caráter prospectivo precisam ser elabora<strong>dos</strong>,<br />

para que se possa evidenciar possíveis efeitos dependentes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de na <strong>saúde</strong><br />

<strong>mental</strong> do profissional médico. Tal abor<strong>da</strong>gem permitiria que se testasse qual<br />

intervalo de tempo e quais os fatores de influência que podem diminuir a prevalência<br />

de transtornos mentais ou aumentar as suas possibili<strong>da</strong>des de recuperação,<br />

nas diferentes faixas etárias desse contingente populacional.<br />

Há também que se repensar o estímulo subliminar para o estoicismo,<br />

distanciamento emocional e impermeabili<strong>da</strong>de ao adoecimento psíquico na<br />

população médica. Se isto é um fenômeno cultural desenvolvido durante a<br />

graduação ou Residência Médica, ou simplesmente devido à pressão do trabalho<br />

e à falta de estrutura para abor<strong>da</strong>gem física e psíquica <strong>dos</strong> médicos jovens,<br />

há que se priorizar essa discussão. Não fazer isso é colocar em risco a <strong>saúde</strong><br />

<strong>dos</strong> próprios médicos, o bem-estar de seus colegas e familiares e, sobretudo, o<br />

cui<strong>da</strong>do ao paciente.

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