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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />

cimento e gratidão quando esse auxílio é obtido. Diante de situações difíceis,<br />

como a morte de um paciente, sofre, mas por ter uma boa homeostase psíquica,<br />

tende a se reestruturar, procurando manter um distanciamento adequado<br />

entre ele e o paciente, mesmo tendo a consciência que o ideal não pôde ser<br />

alcançado. Ciente de suas próprias fragili<strong>da</strong>des, busca administrar o seu tempo<br />

e obter equilíbrio entre o trabalho, a família e o cui<strong>da</strong>do de sua própria <strong>saúde</strong>.<br />

Por ter um bom insight e um superego flexível, aceita a existência de impulsos<br />

destrutivos em si mesmo e nos outros. Diante de um erro, busca aprender com<br />

a experiência e, caso tenha sentimento de culpa, assume a responsabili<strong>da</strong>de do<br />

que foi feito e procura reparar seu erro, dentro do possível. O ganho financeiro<br />

é visto como necessário, mas como uma consequência natural do trabalho<br />

e de seu desenvolvimento profissional. É idealista, com valores pessoais bem<br />

estrutura<strong>dos</strong> e defende as causas nas quais acredita. A redução <strong>da</strong> onipotência<br />

que surge com a integração <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de desse médico acarreta, por um<br />

lado, certa per<strong>da</strong> <strong>da</strong> esperança. Por outro lado, a resignação diante <strong>da</strong>s próprias<br />

limitações e <strong>da</strong>s limitações <strong>da</strong> ciência, alia<strong>da</strong> às recor<strong>da</strong>ções de experiências<br />

felizes e bem-sucedi<strong>da</strong>s, traz a esperança de que elas se repitam no futuro e<br />

alivia o ressentimento por frustrações passa<strong>da</strong>s. A maior discriminação entre<br />

o ódio, que é destrutivo, e a agressivi<strong>da</strong>de, que é construtiva e necessária para<br />

o desenvolvimento, possibilita seu contínuo desenvolvimento profissional. Seu<br />

superego, por ser maduro, restringe-se a administrar e refrear seus impulsos<br />

destrutivos e permite que tenha maior tolerância e flexibili<strong>da</strong>de consigo mesmo,<br />

com seus colegas e com os pacientes. A percepção de que os impulsos<br />

destrutivos não sobrepujarão os construtivos corroboram para que haja esperança<br />

de vi<strong>da</strong> e profissional.<br />

72<br />

Pulsão vocacional egodistônica – Quando a pulsão vocacional não encontra<br />

condições de personali<strong>da</strong>de ou externas para desenvolver o potencial<br />

vocacional, torna-se egodistônica, impedindo que o indivíduo se realize como<br />

médico e tenha prazer em sua profissão, o que leva a desvios <strong>da</strong> pulsão vocacional,<br />

que procura satisfazer-se com atitudes destrutivas, liga<strong>da</strong>s à pulsão de<br />

morte, que na<strong>da</strong> têm a ver com a Medicina. Quando o indivíduo permanece a<br />

maior parte do tempo na posição esquizoparanoide, a pulsão vocacional egodistônica<br />

é total. Não há generosi<strong>da</strong>de nesse médico, que se sente explorado<br />

e sugado por seus pacientes, e tenta livrar-se deles fazendo consultas em um<br />

curto espaço de tempo, de forma fria, mecânica e sem empatia. Irrita-se facilmente<br />

quando o paciente não evolui conforme o esperado e coloca-se de<br />

forma arrogante e prepotente, acusando sempre algo que o paciente fez ou<br />

deixou de fazer para ter evoluído mal, sendo que, com certa frequência, chega<br />

a abandoná-lo. Devido à raiva que sente nesses momentos, atua de forma<br />

sádica, propondo condutas que trazem um sofrimento desnecessário ao<br />

paciente, como, por exemplo, exames invasivos desnecessários e tratamentos

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