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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE<br />

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administra<strong>da</strong>s a seus pacientes, nas quais ele transpõe essa aparente facili<strong>da</strong>de<br />

de controle para a própria vi<strong>da</strong>.<br />

Na publicação “A política do Ministério <strong>da</strong> Saúde para atenção integral<br />

a usuários de álcool e outras drogas” 8 descreve-se de que modo a reali<strong>da</strong>de<br />

contemporânea tem colocado novos desafios na forma como certos temas têm<br />

sido habitualmente abor<strong>da</strong><strong>dos</strong>, especialmente no campo <strong>da</strong> <strong>saúde</strong>, como o uso<br />

indevido de substâncias psicoativas, questão que, por sua complexi<strong>da</strong>de, exige<br />

que se evitem simplificações reducionistas.<br />

No Brasil, o uso de álcool e drogas entre médicos tem sido recentemente<br />

apontado como um problema que merece atenção, 14 mas sobre o qual não<br />

existem estu<strong>dos</strong> que avaliem sua magnitude de modo mais direto. Mais do<br />

que uma escassez de <strong>da</strong><strong>dos</strong> quantitativos – pois to<strong>dos</strong> os <strong>da</strong><strong>dos</strong> de prevalência<br />

derivam de estu<strong>dos</strong> americanos realiza<strong>dos</strong> há várias déca<strong>da</strong>s –, há uma escassez<br />

de pesquisas que procuram traçar alguma linha de entendimento sobre como<br />

esse processo se estabelece localmente.<br />

6. Proposições de tratamento<br />

Uma vez identificado o problema, faz-se necessário o correto encaminhamento<br />

para tratamento. Conforme demonstra o estudo realizado por Alvez e<br />

cols 16 junto ao Cremesp, os médicos demoram cerca de três anos para buscar<br />

tratamento a partir <strong>da</strong> identificação do problema, e essa busca é geralmente<br />

feita por pressão de chefias e familiares.<br />

Considerando-se que a dependência química pode trazer graves prejuízos<br />

ao desempenho laborativo <strong>dos</strong> médicos, podendo colocar em risco a vi<strong>da</strong><br />

<strong>dos</strong> pacientes, é importante frisar que há, muitas vezes, <strong>da</strong><strong>da</strong> a resistência do<br />

profissional em buscar tratamento, a necessi<strong>da</strong>de de levar o comportamento<br />

do profissional ao conhecimento <strong>da</strong>s chefias para que o médico seja conduzido<br />

a um tratamento. Se esse fato pode parecer, à primeira vista, como um<br />

procedimento invasivo, que pareça desrespeitar a individuali<strong>da</strong>de do sujeito,<br />

deve-se refletir a respeito <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de desse comportamento e o quanto pode<br />

comprometer a adequa<strong>da</strong> realização do trabalho médico.<br />

Além disso, a prática rotineira de atendimento a médicos dependentes<br />

tem demonstrado que, quando um médico é encaminhado adequa<strong>da</strong>mente<br />

para realização de tratamento, muitas vezes recomen<strong>da</strong><strong>dos</strong> e ampara<strong>dos</strong> por<br />

seus superiores, as chances de sucesso são maiores, garantindo-se a manutenção<br />

<strong>da</strong> abstinência, redirecionando o profissional para áreas de menor risco,<br />

quando necessário.<br />

Por outro lado, vê-se que, quando o profissional não tem seu tratamento<br />

monitorado, muitas vezes acaba fazendo-o de forma irregular, ou simplesmente<br />

protelando sua realização, contribuindo para o agravamento do quadro,

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