RSUESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORESPOSFÁCIOURSULA:O LUGAR DAS IDEIAS“Ahora de uma ideia, de um estilo, de uma política é aquela em que umtemperamento semelhante ao deles entra em ação (...). Há épocas emque as gerações sucessivas diferem pouco umas das outras. A históriaanda suavemente sobre elas, com uma continuidade tranquilizadoraque dá à evolução um caráter suave de processo objetivo (...). Mas hámomentos, como o presente, em que essa continuidade é quebrada.De repente nasce uma geração tão divergente das anteriores que toda ainteligência entre elas se torna impossível. As velhas ideias, os valoresestabelecidos, são grosseiramente negados e os novos dogmas aindanão foram elaborados (...). Uma ideia de ontem não é seguida hoje poroutra mais ou menos concreta herdada dessa ideia, mas por um estadode espírito puramente formal, ainda não concretizado em doutrinas,normas, imperativos.”Ortega y Gasset, “Geração contra Geração”, 28 de julho de 1924.146
RSUESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORESPREFÁCIOINTRODUÇÃO1COMPREENDERA RSU2O MODELOURSULA3APRENDER AMUDARCONCLUSÃOPOSFÁCIOREFERÊNCIAS CITADASANEXOS147A URSULA, em segundo lugar, é o resultado de muitos esforçosque são coordenados para construí-la, para acompanhá-la,para enriquecê-la, para passar por ela, para vivê-la. Mas antesdisso, é também o triunfo de uma ideia. Tive a sorte de meapropriar dele – como esperamos que todos o façam - no anode 2012, no epílogo de uma conversa de táxi com FrançoisVal-laeys. Essa primeira verbalização foi o meu começo naURSULA. O nome já estava definido antes dessa conversa,o que mostra que François começou na URSULA algumtempo antes de mim. Cada leitor poderá certamente apontarqual foi o seu começo neste tipo de fraternidade militanteheterogênea em favor da Universidade Latino-Americana,dos povos latino-americanos e de uma saudável convivênciaglobal. A URSULA é uma ideia e pertence àqueles que asentem como sua e a reconhecem coletivamente.A URSULA cresceu no plano das ideias, reunindo trajetórias,visões e entusiasmo daqueles que estavam suficientementepróximos para imaginá-la nascendo. Acreditar para ver erauma condição substancial. Assim, por volta de 2015, umaprimeira materialização abre caminho e deixa o ambientecaloroso do estritamente simbólico para tentar sua sorte nomun-do da prática, através do Seminário Latino-Americano deInovação Social e Gestão Universitária. Cinquenta autoridadespolíticas e acadêmicas de diferentes universidades da regiãose reuniram em uma primeira proposta de interpelação demúltiplos atores da sociedade. Uma espécie de “amostragrátis” com acesso a uma pequena porção do que poderiaser, permitindo a todos os participantes traçar um horizontemais distante do que aquele visto individualmente.Hoje, com alguns anos de vida, três pesquisas colaborativascontinentais, vários Fóruns, Congressos, Workshops eConferências, participação em publicações, um Diploma Internacional,uma Cátedra Internacional de Ética, uma Escola deDoutorado que funciona ano após ano, a presente publicação,Por que tanto lugar paraideias? Por que a URSULA asprecisa para crescer. É umamenina de apenas quatro anosde idade, que tem maisperguntas que respostas, eque seus questionamentosnão fazem mais do que nosincomodar.e uma massa crítica cada vez mais robusta, a condição já nãoseria ver para crer, mas desacelerar para pensar e sonharpara aprender. Todos nós que fazemos parte da URSULA,encontramos em cada proposta uma pausa necessária paraolharmos para a nossa vida universitária diária e pensarmosnela com um (uns) outro (outros). Todos nós que abraçamosa URSULA e deixamos que ela nos abrace, aprendemos dofuturo que sonhamos e tentamos agir no presente com asabedoria dos sonhos.Esta descrição da trajetória da URSULA não pretende serum relatório de marcos de gestão, reconfirmando que, comodisse no início, trata-se do triunfo de uma ideia que, aomesmo tempo, abriga, protege, dá corpo e forma a outrasideias. Na URSULA, as ideias ganham valor colocandoasem movimento, alimentando-as com a discussão,permitindo-lhes encontrar um “outro”, fazendo circular apalavra. As ideias ganham vida quando são discu-tidas;elas recuperam seu significado enquanto perdem seudono através do trabalho da democracia.Por que tanto espaço para ideias? Porque a URSULAprecisa deles para crescer. Ela é uma menina, de apenasquatro anos, que tem mais perguntas do que respostas, eo seu questionamento não fazem mais do que deixar-nosdesconfortáveis. As respostas às suas perguntas precisamde um pensamento coletivo. Na solidão, somos dominadospelo medo e dominados pelo sentimento de impotência. Aassimilação da dor do outro como parte da paisagem nadamais é do que o medo da impotência gerada por não poderfazer nada por esse outro. Somos educados a pensar emnós mesmos individualmente, e a construir nossa realidadea partir daí: “não posso fazer nada por aquele homem quedorme nas escadas do metrô”, então eu simplesmente oapago da minha vista. É o medo da impotência e a angústianatural que ela gera que nos causa cegueira; a cegueiranecessária para sobreviver.A URSULA nos pergunta sobre problemas globaise sistêmicos. Problemas para os quais não existemcapacidades individuais que sozinhas possam resolveros problemas do todo. Essa interpelação que a URSULAnos oferece de seu profundo amor e fé pela UniversidadeLatino-Americana, é um grande desconforto que devemostransitar.Nesse sentido, a intenção deste manual é que todos nóspossamos contar com um instrumento (e haverá muitosmais) que sirva de orientação e companhia no caminhodo desconforto e da interpelação, mas também daressignificação da transcendência e do valor da UniversidadeLatino-americana para um desenvolvimento com justiçasocial, atento ao valor da nossa terra e das nossas culturas.* Baltazar OjeaDiretor Executivo da URSULA