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Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br

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RSU

ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO

1

COMPREENDER

A RSU

2

O MODELO

URSULA

3

APRENDER A

MUDAR

CONCLUSÃO

POSFÁCIO

REFERÊNCIAS CITADAS

ANEXOS

147

A URSULA, em segundo lugar, é o resultado de muitos esforços

que são coordenados para construí-la, para acompanhá-la,

para enriquecê-la, para passar por ela, para vivê-la. Mas antes

disso, é também o triunfo de uma ideia. Tive a sorte de me

apropriar dele – como esperamos que todos o façam - no ano

de 2012, no epílogo de uma conversa de táxi com François

Val-laeys. Essa primeira verbalização foi o meu começo na

URSULA. O nome já estava definido antes dessa conversa,

o que mostra que François começou na URSULA algum

tempo antes de mim. Cada leitor poderá certamente apontar

qual foi o seu começo neste tipo de fraternidade militante

heterogênea em favor da Universidade Latino-Americana,

dos povos latino-americanos e de uma saudável convivência

global. A URSULA é uma ideia e pertence àqueles que a

sentem como sua e a reconhecem coletivamente.

A URSULA cresceu no plano das ideias, reunindo trajetórias,

visões e entusiasmo daqueles que estavam suficientemente

próximos para imaginá-la nascendo. Acreditar para ver era

uma condição substancial. Assim, por volta de 2015, uma

primeira materialização abre caminho e deixa o ambiente

caloroso do estritamente simbólico para tentar sua sorte no

mun-do da prática, através do Seminário Latino-Americano de

Inovação Social e Gestão Universitária. Cinquenta autoridades

políticas e acadêmicas de diferentes universidades da região

se reuniram em uma primeira proposta de interpelação de

múltiplos atores da sociedade. Uma espécie de “amostra

grátis” com acesso a uma pequena porção do que poderia

ser, permitindo a todos os participantes traçar um horizonte

mais distante do que aquele visto individualmente.

Hoje, com alguns anos de vida, três pesquisas colaborativas

continentais, vários Fóruns, Congressos, Workshops e

Conferências, participação em publicações, um Diploma Internacional,

uma Cátedra Internacional de Ética, uma Escola de

Doutorado que funciona ano após ano, a presente publicação,

Por que tanto lugar para

ideias? Por que a URSULA as

precisa para crescer. É uma

menina de apenas quatro anos

de idade, que tem mais

perguntas que respostas, e

que seus questionamentos

não fazem mais do que nos

incomodar.

e uma massa crítica cada vez mais robusta, a condição já não

seria ver para crer, mas desacelerar para pensar e sonhar

para aprender. Todos nós que fazemos parte da URSULA,

encontramos em cada proposta uma pausa necessária para

olharmos para a nossa vida universitária diária e pensarmos

nela com um (uns) outro (outros). Todos nós que abraçamos

a URSULA e deixamos que ela nos abrace, aprendemos do

futuro que sonhamos e tentamos agir no presente com a

sabedoria dos sonhos.

Esta descrição da trajetória da URSULA não pretende ser

um relatório de marcos de gestão, reconfirmando que, como

disse no início, trata-se do triunfo de uma ideia que, ao

mesmo tempo, abriga, protege, dá corpo e forma a outras

ideias. Na URSULA, as ideias ganham valor colocandoas

em movimento, alimentando-as com a discussão,

permitindo-lhes encontrar um “outro”, fazendo circular a

palavra. As ideias ganham vida quando são discu-tidas;

elas recuperam seu significado enquanto perdem seu

dono através do trabalho da democracia.

Por que tanto espaço para ideias? Porque a URSULA

precisa deles para crescer. Ela é uma menina, de apenas

quatro anos, que tem mais perguntas do que respostas, e

o seu questionamento não fazem mais do que deixar-nos

desconfortáveis. As respostas às suas perguntas precisam

de um pensamento coletivo. Na solidão, somos dominados

pelo medo e dominados pelo sentimento de impotência. A

assimilação da dor do outro como parte da paisagem nada

mais é do que o medo da impotência gerada por não poder

fazer nada por esse outro. Somos educados a pensar em

nós mesmos individualmente, e a construir nossa realidade

a partir daí: “não posso fazer nada por aquele homem que

dorme nas escadas do metrô”, então eu simplesmente o

apago da minha vista. É o medo da impotência e a angústia

natural que ela gera que nos causa cegueira; a cegueira

necessária para sobreviver.

A URSULA nos pergunta sobre problemas globais

e sistêmicos. Problemas para os quais não existem

capacidades individuais que sozinhas possam resolver

os problemas do todo. Essa interpelação que a URSULA

nos oferece de seu profundo amor e fé pela Universidade

Latino-Americana, é um grande desconforto que devemos

transitar.

Nesse sentido, a intenção deste manual é que todos nós

possamos contar com um instrumento (e haverá muitos

mais) que sirva de orientação e companhia no caminho

do desconforto e da interpelação, mas também da

ressignificação da transcendência e do valor da Universidade

Latino-americana para um desenvolvimento com justiça

social, atento ao valor da nossa terra e das nossas culturas.

* Baltazar Ojea

Diretor Executivo da URSULA

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