Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br
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RSU
ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1
COMPREENDER
A RSU
2
O MODELO
URSULA
3
APRENDER A
MUDAR
CONCLUSÃO
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS CITADAS
ANEXOS
Os “efeitos diretos” muito visíveis do processo de
formação são os egressos que conseguiram obter seu
diploma universitário. Da mesma forma, as publicações
acadêmicas são o lado visível dos processos de construção
de conhecimentos novos. Mas os “impactos” desses
efeitos visíveis são muito menos notórios: Como os
graduados foram formados? Quais impactos sociais
nossas publicações têm? Não há uma resposta óbvia
e direta a essas perguntas, que são essenciais para
avaliar a pertinência social da IES. Assim, dentro de
toda a estrutura de impactos acadêmicos, há também
o chamado “currículo oculto”, que é tudo o que a IES
ensina sem estar ciente do que ensina e sem lidar com
isso explicitamente. Da mesma forma, ao gerenciar o
processo de construção e validação do conhecimento
por meio de pesquisa, as IES acabam sutilmente impondo
preconceitos epistêmicos que, geralmente, não são
motivo de críticas explícitas, como o descarte dos idiomas
nativos e as cosmovisões dos povos nativos do continente
para abordar e entender o mundo sob investigação. No
entanto, esses preconceitos epistemológicos sutilmente
encobertos acabam definindo o que a IES entende por
“Verdade científica”, “metodologia apropriada de pesquisa”,
“pensamento correto”, “curso profissional”, que ela
valoriza e seleciona para preencher o currículo; definem
assim as atitudes epistemológicas e deontológicas de
futuros profissionais.
A grande contribuição da teoria da RSU, nas duas
primeiras décadas do século atual, é justamente
ter despertado a atenção crítica sobre os impactos
encobertos das IES, em seus 4 processos básicos
de operação. Isso, nunca seria encontrado por uma
abordagem de extensão solidária ou de compromisso
social, porque se concentra em redimir as injustiças do
lado de fora sem ver as cumplicidades epistêmicas e
pedagógicas coculpadas por dentro. Além disso, essa
abordagem de gerenciamento de impacto nos permitiu
diferenciar claramente a RSU da RS Empresarial, uma
vez que os impactos de uma empresa de mineração ou de
uma fábrica de calçados são obviamente muito diferentes
dos de uma universidade. O ponto chave da diferença
entre RSU e RSE não reside na diferença de definição de
“responsabilidade social” de ambos os tipos de organização:
em ambos os casos, é uma responsabilidade estendida
pelos impactos da organização. Mas a diferença está no
tipo de impactos acadêmicos (educacionais e cognitivos)
que as IES têm e que as empresas não sabem. É a razão
pela qual, primeiro, é ridículo confundir a RSU com a RSE; e
segundo, é essencial formular ferramentas de gerenciamento
de RSU diferentes das ferramentas de RSE. Os impactos
da atividade educacional não são tratados, assim como os
impactos da atividade de mineração.
A teoria da RSU como gerenciamento de impacto, finalmente,
nos permite entender a metáfora do “sistema imunológico”
que mencionamos: assumindo a vigilância dos impactos
das IES, além de suas ações, é toda a instituição que, em
todo momento, deve ser monitorada. Não é uma atividade
específica gerenciada a partir de uma dependência
organicamente diferenciada. Isso terá consequências
importantes ao apresentar o modelo RSU.
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