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Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br

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RSU

ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO

1

COMPREENDER

A RSU

2

O MODELO

URSULA

3

APRENDER A

MUDAR

CONCLUSÃO

POSFÁCIO

REFERÊNCIAS CITADAS

ANEXOS

27

Ao ignorar estas diferenças conceituais entre RSU e

Extensão, e entre responsabilidade e compromisso, a

agenda acadêmica do impacto social do ensino superior não

avança muito na América Latina, as IES não se reúnem em

fortes alianças de coordenação para construir alavancas

do desenvolvimento local, nacional e internacional Cada

uma, por seu lado, continua a fazer esforços de

extensão, mais ou menos articulados com as outras

partes da instituição.

A confusão, o ativismo disperso, a manutenção teimosa

da zona de conforto mental e, os hábitos e

desenhos institucionais usuais continuam a reinar. A

baixa incidência das “boas práticas” funciona mais para

esconder o fato de que nada muda no essencial do que

empreender uma estrada de mudança institucional

para a mudança social. A RSU, assim entendida,

de forma confusa e confortável, não serve para nada,

não acrescenta nada à noção de Extensão. Não se

trata apenas de fazer coisas boas, mas de aprender a

mudar para alcançar uma boa organização em uma área

de incidência melhor.

Achamos que é uma obrigação do movimento da RSU na

América Latina conceber bem o conceito, e não ficar na

posição teoricamente fraca de dizer: “não importa o

nome, não importa a teoria, as boas IES serão

reconhecidas por seus frutos!” Como esta é uma

corresponsabilidade coletiva, é essencial não atirar um

contra o outro, pelo contrário, devemos encontrar uma

estrada comum que possa apontar para um impacto geral

do ensino superior. Somente com um Modelo

comum de RSU é que poderemos ter um

impacto conjunto. E, somente, depois de alcançar

esse grande consenso universal sobre os princípios da

gestão comum, as particularidades contextuais de cada

Culturas tóxicas presentes

na mesma IES, e que minam

diariamente toda a inconstância

da mudança (conflitos de poder,

ressentimentos acumulados,

soberbas de todos os tipos,

maus hábitos ambientais, falta

de compromisso e solidariedade

entre colegas, etc.)

IES serão bem-vindas, atentas ao seu território.

Por que a RSU não é entendida?

A chave para entender a incompreensão está em confundir

a RSU, com um papel especial da IES ao lado e para além de

outras funções. Ao tratar a RSU como um organismo a mais

da IES, uma função específica com a qual cumprir, a partir

de um escritório especializado, uma direção acadêmica, um

comitê, um vice-reitorado, etc., perde a sua transversalidade

e caráter integral, que compromete a toda a comunidade

universitária, e que deveria servir de alavanca para profundas

reformas institucionais. Cada IES nomeia alguns executivos

“responsáveis” da RSU, e os outros membros da comunidade

universitária baixam o peso da responsabilidade coletiva

sobre eles. Um é dedicado à capacitação, outro à pesquisa

e o terceiro à RSU. Gestores encarregados da USR acabam

desesperados de não poder convocar seus colegas, e se

refugiam no ativismo de algumas iniciativas solidárias com

atores externos, ou ainda pior, se especializam em gestão de

“Ferramentas de RSU” e preenchem listas de indicadores ad

hoc para o relatório anual de sustentabilidade, que ninguém

lerá e que não mudará (quase) nada, pois ninguém se sente

diretamente preocupado. O relatório anual não é o fim, é um

dos resultados.

Ao considerar a RSU como uma ação e não como

uma responsabilidade, muito poucos levam a palavra

“responsabilidade” a sério no construto RSU, portanto

preferem falar sobre “compromisso”. Imperceptivelmente,

atores internos têm o olhar exclusivamente dirigido para fora,

para problemas sociais e ambientais da sociedade, não

percebendo que a sua instituição faz parte da sociedade,

e que não pode comprometer-se a mudar alguma coisa se

ele não se responsabiliza primeiro para mudar algo

por dentro. A falta de crítica interna acaba mantendo

o status quo organizacional, enquanto é reivindicada a

mudança de atitudes dos atores (mas não à instituição) e

mudanças de resultados para fora (mas não para dentro).

Esta contradição nos condena, por definição, ao fracasso

porque a RSU não está relacionada com as culturas

tóxicas presentes na mesma IES, e que minam

diariamente toda a inconstância da mudança (conflitos

de poder, ressentimentos acumulados, soberbas de todos

os tipos, maus hábitos ambientais, falta de compromisso

e solidariedade entre colegas, etc.).

Isolar e separar a RSU das outras funções, aceitar uma

definição flexível que não obriga a nada definido e que

deixa livre o “compromisso” institucional facultativo, sem

olhar para dentro, mas apenas para fora, sem se sentir

coculpável de nada em relação aos problemas sociais,

todos esses vícios de concepção conduzem a apenas um

caminho: a falta de impacto social da universidade.

O círculo se fecha.

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