Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br
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RSU
ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1
COMPREENDER
A RSU
2
O MODELO
URSULA
3
APRENDER A
MUDAR
CONCLUSÃO
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS CITADAS
ANEXOS
Assim, a reflexão inicial da responsabilidade social é uma
reflexão da inteligência coletiva e do gerenciamento
de impactos sociais. Sabe-se que as pessoas são
conhecidas por serem individualmente inteligentes, mas
devemos questionar se são coletivamente inteligentes.
Portanto, a educação atual que se concentra no
desenvolvimento da inteligência individual deve ser
transformada e focar no desenvolvimento de uma
inteligência coletiva entre os vários atores sociais,
a partir da qual será deduzida a inteligência individual que
essa inteligência coletiva precisa ser constituída.
Mais do que nunca, precisamos de lucidez sobre a
sociedade que produzimos juntos ao perseguir cada
um de nossos objetivos individuais. Se cem pessoas
decidem correr até a porta de saída de um cinema, mas
vão uma atrás da outra não há problema. Se centenas
de pessoas fazem isso ao mesmo tempo, acontece uma
tragédia. Portanto, na vida coletiva, não apenas importa o
comportamento de cada pessoa de forma individual, mas
também importam as consequências das ações coletivas,
os impactos sociais, os efeitos sistêmicos dos atos de
todos nós juntos. Aí reside a grande falha da ética tal
como é concebida e ensinada hoje nas IES: contempla
o comportamento de cada um separadamente, mas não
contempla o comportamento coletivo de todos juntos.
Portanto, muitas vezes, a ética ensinada não funciona.
Voltaremos a esse problema no terceiro capítulo.
Dos grandes confrontos ideológicos da Modernidade, do
século XVIII até o século XX, herdamos duas soluções
políticas igualmente equivocadas: a solução do Governo
onipotente que resolve todos os problemas sociais, graças
à autoridade de suas leis e policia, e a solução do Mercado
onipotente que resolve todos os problemas sociais
espontaneamente, graças aos mecanismos da oferta e
da demanda. Nem uma terceira solução estritamente
ética funciona segundo a qual o problema social seria
um problema de comportamento pessoal: a ética pessoal
corrigiria magicamente todos os problemas sociais, apenas
os indivíduos seriam responsáveis, mas não os coletivos.
Na era do Titanic Planetário, ninguém ainda pode acreditar
que apenas o Estado, o Mercado, ou a Ética, resolverão
o problema do nosso desenvolvimento insustentável.
Precisamos de muito mais atores sociais associados, e
não há receita válida para todos os problemas. A partir daí
nasceu pouco a pouco, durante a segunda metade do século
XX, a reflexão sobre a necessidade da responsabilidade
social como responsabilidade pelos impactos
sociais, visando envolver cada organização (pública
ou privada, com ou sem fins lucrativos) na busca da solução
para nossos males sociais.
Devemos desconfiar de três ideólogos que buscam
desresponsabilizar as organizações: o ideólogo do
Estado (Não façam nada, o Estado vai se encarregar!),
o ideólogo do Mercado (Não façam nada, o mercado
o consertará!), o ideólogo moralista (Façam isso por
conta própria: se cada pessoa agir bem, não haverá
mais problemas coletivos!). Contra essas três soluções
simplificadoras, devemos “nos envolver” em coletividade
de múltiplos atores e buscar soluções eficazes em
conjunto, aproveitando as habilidades de cada ator: da
diversidade nasce a riqueza da inovação social.
Através de todos os reguladores sociais disponíveis
para nós, leis, educação, ética, mercados, certificações
e normas técnicas, campanhas, lobbies, deontologias
profissionais, pesquisas e alertas, boicotes e buycots,
etc. devemos restaurar uma vida social e ambiental
equilibrada, inclusiva, harmoniosa e justa.
Na era do Titanic planetário, ninguém ainda pode acreditar que
apenas o Estado, o Mercado, ou a Ética sozinha, resolverão o
problema do nosso desenvolvimento insustentável. Precisamos de
muito mais atores sociais associados, e não há receita válida para
todos os problemas.
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