Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
RSU
ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1
COMPREENDER
A RSU
2
O MODELO
URSULA
3
APRENDER A
MUDAR
CONCLUSÃO
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS CITADAS
ANEXOS
2.1 Um modelo de RSU que defina
universalmente a qualidade com
pertinência social das IES sem
uniformizá-las
Como vimos no primeiro capítulo, o desafio da IES
socialmente responsável é antes de tudo um desafio
de aprendizado organizacional para a mudança.
Através de uma política transversal, abrangente e sinérgica
dos RSU, a gestão dos impactos sociais e ambientais e
a capacidade de contabilizar o progresso em direção ao
público, interno e externo, exige sair da zona de conforto
e transformar os processos de formação, pesquisa
(construção de conhecimentos), extensão e gestão
organizacional. Para fazer isso, deve ficar claro que
ser responsável é saber que você precisa responder
pelo que se faz, mudar o que não é bem feito e reforçar o
que já está sendo bem feito. A RSU é um modelo de
mudança universitária que busca maximizar os impactos
positivos e minimizar os impactos negativos da IES. Agora
apresentaremos o Modelo da União de Responsabilidade
Social Universitária Latino-Americana (URSULA), tal como
estamos promovendo desde 2018, como resultado de
duas décadas de construção da RSU na América Latina.
Apresentar um modelo de RSU pode parecer estranho,
inclusive repelente. Com que direito você pretende
padronizar uma maneira de ser universidade, negando as
particularidades, diversidades e contextos do exercício do
ensino superior, além disso, em um continente tão diverso
quanto a América Latina? Essa preocupação é legítima e
requer oferecer apenas grandes linhas programáticas
de uma política de RSU, sem pretender padronizar
o ensino superior em um sistema fechado de tarefas
pré-projetadas para cumprir. Portanto, nosso modelo
indica o que chamamos de 12 metas de desempenho
socialmente responsáveis, apoiadas por 66 indicadores
de desempenho, que orientam sem restringir a gestão
da universidade. Então, por que um Modelo, e não apenas
um chamado? Porque desistir de pensar em um Modelo
RSU e permanecer em generalidades seria uma falha e uma
contradição, o que trairia ainda mais o desejo de impacto
social das IES de ensino superior latino-americanas, por
várias razões:
Primeiro, porque já existe um movimento poderoso que
deseja padronizar as IES em todo o mundo, e de fato o faz
cada vez mais: o movimento neoliberal que impõe a partir
da dominação das world class universities do Norte global
umas classificações internacionais (rankings), políticas
de acreditação internacionais e de internacionalização
(anglofonização, acima de tudo), bem como políticas de
publicações acadêmicas regidas por revistas indexadas que
aplicam uma política muito orientada do que eles afirmam
ser excelência acadêmica e científica. A América Latina
sofre mais do que aproveita com esse domínio neoliberal,
no qual suas instituições de ensino superior estarão
sempre abaixo de algumas classificações projetadas para
o orçamento das universidades privadas norte-americanas
ricas e cujos indicadores de qualidade não levam em
consideração a relevância social em sua definição de
“prestígio” universitário.
Seria um grave erro político exigir que a RSU da
América Latina se contente com uma proclamação
sem produzir um modelo, em nome da liberdade e
da diversidade institucional, para depois se curvar
às demandas do Norte global.
Segundo, um Modelo de RSU é uma má ideia apenas se
confundirmos a RSU, novamente, com a extensão e projeção
social ou com o compromisso social. A extensão solidária,
gerada pela IES, deve obviamente ter uma estratégia de
intervenção regida pelas necessidades das populações
com as quais os projetos são concebidos; logo, sua bússola
é o contextualismo (a escuta permanente e atenta do
contexto, sem prejudicar nem predeterminar). Quanto à teoria
do compromisso social, é definida inteiramente por decisão
autônoma da IES, pois consiste na promessa que ela faz à
sociedade de servir ao bem comum. Nos dois casos, a ideia
de ter um Modelo válido para todas as IES é contraditória.
A RSU é um modelo de mudança
universitária que busca maximizar
os impactos positivos e minimizar
os impactos negativos da IES.
49
2. Recordemos que “neoliberal” não é sinônimo de liberal. Em termos gerais, o liberalismo é uma posição política que promove o respeito por um amplo espaço de liberdade contra o Estado, nas diversas dimensões sociais e económicas
da vida, enquanto o neoliberalismo é uma subjugação de todas as esferas da vida pública e privada para a lógica do mercado. O neoliberalismo leva à gestão de todas as organizações e o Estado, incluindo as IES, de acordo com critérios de
rentabilidade, competitividade e maximização quantitativamente mensurável. O neoliberalismo mal designado geralmente leva a uma perda de liberdade para os atores sociais, ao contrário do que o liberalismo promoveu. Veja o Michel
Foucault pensa em mais detalhes sobre esta diferença (Foucault, 2012).