Manual O Modelo URSULA-RSU pt-br
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RSU
ESTRATÉGIAS / FERRAMENTAS / INDICADORES
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1
COMPREENDER
A RSU
2
O MODELO
URSULA
3
APRENDER A
MUDAR
CONCLUSÃO
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS CITADAS
ANEXOS
32
1.5 O que a RSU deve ser: um
sistema imunológico transversal
que cuida dos impactos sociais e
ambientais de toda a instituição
Agora que se sabe que a RSU não deve ser entendida
como mais um órgão, ao lado e à parte dos outros órgãos
da IES, resta nos perguntar: como deve ser entendida? A
responsabilidade social da universidade deve ser visualizada
como o sistema imunológico de toda a IES, ou seja, um
processo abrangente e transversal que garante que tudo
o que é feito na instituição seja socialmente responsável,
evite impactos negativos e promova impactos positivos.
Isso vem da curiosa característica da responsabilidade
social que “enreda” todos no mesmo destino. Vejamos:
Ao passar de uma responsabilidade vinculada apenas
aos atos, para uma responsabilidade relacionada
aos impactos, as responsabilidades da IES se vêm
ampliadas: não apenas cuidamos de nós mesmos,
de nossas ações e da qualidade de nossos produtos
e serviços, mas também de nossas “intersolidaridades”
(Morin, La Méthode 6: L’éthique, 2004), ou seja, tudo
o que, no ambiente em que atuamos, está em estreita
relação com o que fazemos, tudo o que nos permite
agir, influencia sobre nossas ações e é influenciado por
nossas ações: nossos fornecedores, nosso território de
atuação, nosso ambiente, usuários externos de nossos
serviços, egressos de nossa instituição e seus respectivos
empregadores e usuários, etc. Intersolidariedade
significa que o que acontece a um, no grande tecido
inextricável de interdependências sociais, acaba por
acontecer a todos os outros. O destino da minoria será
o destino da maioria, porque estamos todos no mesmo
barco, que hoje é infelizmente chamado de Titanic. Não
importa se estamos na sala VIP ou na cozinha lavando
a louça, o que acontece com o barco nos mantém em
um estado de intersolidariedade.
Ao passar do mero cuidado de suas ações para
a responsabilidade por seus impactos, nossa
instituição acorda para e toma consciência de
todos os vínculos sociais e ambientais em que
está “enredada” e que deve assumir de maneira
corresponsável. Obviamente, nossa IES não pode
cuidar de tudo, nem se sentir responsável por tudo.
Mas ela deve se sentir chamada a expandir cada vez
mais seus cuidados com o mundo, no exercício de
suas funções substantivas diárias. A responsabilidade
social começa
Lei Universitária Peruana:
com essa consciência das intersolidaridades de fato, nas
quais estamos imersos e nunca termina, porque sempre
teremos outros elos e impactos para cuidar e assumir.
Essa ampliação de responsabilidades pode ser enquadrada
por leis, como é o caso no Peru. O Peru se destaca
por ser o país latino-americano que recebeu a melhor
legislação de RSU ao introduzir na Lei Universitária nº
30220 de 2014, um artigo que obriga as IES do Peru a
cumprir sua responsabilidade social definida em termos
de gerenciamento de impactos:
“Artigo 124. Responsabilidade social universitária
A responsabilidade social da universidade é a gestão ética e efetiva do impacto gerado pela universidade na
sociedade devido ao exercício de suas funções: serviços acadêmicos, de pesquisa e extensão e participação no
desenvolvimento nacional em seus diferentes níveis e dimensões; Inclui a gestão do impacto produzido pelas
relações entre os membros da comunidade universitária, o meio ambiente e outras organizações públicas e
privadas que se tornam partes interessadas.
A responsabilidade social universitária é o fundamento da vida universitária, contribui para o desenvolvimento
sustentável e o bem-estar da sociedade. “Compromete toda a comunidade universitária.”
(Diario El Peruano, 2014).