Primeros Modernos.pdf

primerosmodernos135ausência de parcelamento de lotes e a continuidade dos terrenos e, ainda, a indissociabilidade entre arquiteturae urbanismo, ou seja, a arquitetura como base principal de apoio ao projeto urbanístico. A partir do projeto de1936 é abandonada, porém, a intenção de separação da circulação de pedestres/veículos presente no estudo deLe Corbusier.O resultado da implantação tanto do projeto modernista para a área do desmonte do Morro de Santo Antônio,quanto o da Cidade Universitária evidenciam a fragmentação causada na cidade pela aplicação dos princípiosque os inspiraram. Nos dois casos, trata-se de áreas de expansão. Uma delas ganha por desmonte de um morro,a outra ganha por aterro de um conjunto de ilhas.Nos dois casos, contudo, o urbanismo modernista parece ter causado a descontinuidade dotecido urbano, fato de maior evidência no caso da Esplanada de Santo Antonio por esta se localizar junto aoantigo centro histórico. Este, com seu parcelamento típico em lotes de pequenas dimensões e construçõescoladas nas divisas, difere em forma, função e destino da grande área objeto do projeto modernista.No antigo centro, as ruas e calçadas são intensamente utilizadas por pedestres e o comérciotem papel importante; no espaço modernista -onde os passeios não estão definidos claramente e as edificaçõesse encontram distantes umas das outras- poucos são os pedestres que se aventuram a cruzá-lo, optando poroutros caminhos. Além disso, não existem lojas, mas sedes de grandes empresas em edificações de grandeporte.O Urbanismo Modernista se ConcretizaAs manifestações concretas do urbanismo modernista em nossa cidade se fazem sentir de forma gradual apartir da década de 40, demonstrando que as idéias contidas nos textos produzidos na década de 30 precisavamser melhor assimiladas antes de sua execução.Ao longo das décadas de 40 e 50, os arquitetos, especificamente aqueles comprometidos como modernismo definem e consolidam um campo de projeto dentro do campo maior do urbanismo, que nasdécadas anteriores, era ocupado por engenheiros-urbanistas (Leme, 1999). É na vertente do movimentomodernista que cresce e se consolida a contribuição dos arquitetos.Enquanto no decorrer da década de 30 e início da de 40, os engenheiros são responsáveis pelaurbanização de diversos bairros, nos quais a ênfase se encontra na definição do sistema viário e praças, nasdécadas de 40 e 50, o profissional mais adequado para projetos de urbanização é aquele que domina oreferencial modernista, que se apoia principalmente sobre a arquitetura, como Reidy e Lúcio Costa. Nesseprocesso, a execução do projeto do arquiteto Lúcio Costa para Brasília, a nova capital do Brasil, e suainauguração em 1960, funcionam como um marco.