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Primeros Modernos.pdf

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primerosmodernos249Modernidade, modernização e modernismo: a construção do “ProjetoModerno Brasileiro”Paola Bernardi (PROPUR-UFRGS)Para Berman, o que gera tal complexidade é uma grande quantidade de processos sociais impulsionados pelomercado mundial capitalista, “em perpétua mutação e drasticamente flutuante”. O autor denomina tais processos pormodernização sócio-econômica. A partir desta experiência, surge o que pode ser descrito como “espantosavariedade de visões e idéias que visam a fazer de homens e mulheres os sujeitos ao mesmo tempo que os objetos da modernização”,tais visões e valores podem ser reunidos sob o nome de modernismo. Entre estas duas definições, encontra-sea modernidade, experiência histórica que faz a mediação entre eles, consistindo no seu vínculo cuja naturezavem do desenvolvimento.Este vínculo pode referir-se às “transformações objetivas da sociedade desencadeadas pelo advento domercado mundial capitalista”, ou desenvolvimento econômico; ou ainda às “transformações subjetivas da vida individuale da personalidade que ocorrem sob seu impacto, uma potenciação dos poderes do homem e ampliação da experiência humana”,uma espécie de autodesenvolvimento. Berman entende que a combinação de ambas sob o ritmo compulsivodo mercado mundial, necessariamente cria uma dramática tensão interior nos indivíduos. Como conseqüênciasdo capitalismo, temos não apenas o fim do confinamento ancestral e de toda restrição feudal, da imobilidadesocial e da tradição dos claustros, numa emancipação das possibilidades e da sensibilidade do indivíduo; mastambém, como observou Marx, a geração de uma sociedade brutalmente alienada e atomizada, dilacerada poruma empedernida exploração econômica e uma fria indiferença social, o que significaria, no plano psicológico,profunda desorientação e insegurança, frustração e desespero, junto a um senso de expansão e regozijo, novascapacidades e sentimentos, liberados simultaneamente. “Esta atmosfera de agitação e turbulência, vertigem e embriaguezpsíquica, expansão das possibilidades da experiência e destruição das fronteiras morais e dos laços pessoais, auto-expansão eautoperturbação, fantasmas na rua e na alma”, é o contexto em que nasce a sensibilidade moderna.Esta sensibilidade manifesta-se inicialmente por volta de 1500, quando do advento domercado mundial, indo sua primeira fase até 1790 sem um vocabulário comum. A segunda fase se dá ao longodo século XIX, quando “a experiência da modernidade se traduz nas várias visões clássicas de modernismo”, definidas poruma habilidade em capturar várias facetas das contradições do desenvolvimento capitalista. O ser dual destafase tem como exemplo o personagem Fausto, de Goethe, tido como a tragédia daquele que se desenvolve nosentido dual de abrir as comportas do eu à custa de represar o oceano. Uma das condições da sensibilidadeassim criada era a existência de um público quase unificado, que ainda conservava a memória de como era vivernum mundo pré-moderno.

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