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Primeros Modernos.pdf

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primerosmodernos251Quanto ao modernismo, embora seja posterior à modernização por assinalar o surgimento deum vocabulário coerente para expressar uma experiência de modernidade que o precedeu, uma vez instalado,também não conhece nenhum princípio interno de variação, continuando simplesmente a reproduzir-se. Masa arte do modernismo floresceu e continua a florescer como nunca antes no século XX – mesmo quandoprotesta contra as correntes de pensamento que nos impedem de incorporar adequadamente essa arte emnossas vidas.A fim de compreender as origens do modernismo, examinemos a temporalidade histórica emque se inscreve. Tomemos o caminho escolhido por Lukács, a partir do estabelecimento de uma equação diretaentre a mudança de postura política do capital europeu após as revoluções de 1848 e o destino das formasculturais produzidas pela burguesia ou no seu âmbito de influência como uma classe social. Na Segunda metadedo século XIX, para Lukács, a burguesia torna-se puramente reacionária – abandona seu conflito com anobreza, numa escala continental, para engajar-se numa luta total contra o proletariado. Com isso, entra numafase de decadência ideológica, cuja expressão estética inicial é, sobretudo, naturalista, resultando enfim nomodernismo do início do século XX.Tal esquema é atualmente criticado pela esquerda por errar basicamente no seuevolucionismo; ou seja, o tempo difere de uma época para outra, mas no interior de cada época todos ossetores da realidade social se movem em sincronia uns com os outros, de tal modo que o declínio de um níveldeve refletir-se em todos os outros, resultando numa noção de decadência supergeneralizada.Assim, procuramos preferivelmente uma explicação conjuntural para o conjunto de práticase doutrinas estéticas mais tarde agrupadas como “modernistas”. Tal explicação envolveria a intersecção dediferentes temporalidades históricas compondo uma configuração tipicamente sobredeterminada, entendendomelhor o modernismo como um campo cultural de força que tem por ângulos três coordenadas decisivas: acodificação de um academicismo altamente formalizado, em vários campos artísticos, o qual, por sua vez, erainstitucionalizado nos regimes oficiais de Estados e sociedades ainda maciçamente impregnados, e não rarodominados, pelas classes aristocráticas; a emergência ainda incipiente e essencialmente nova no interior dessassociedades das tecnologias e invenções-chaves da segunda revolução industrial e, finalmente, a proximidadeimaginativa de uma revolução social que estava no ar na maior parte da Europa durante a Belle Époque, devidoà persistência de formas do antigo regime dinástico, como define Mayer.Em nenhum Estado europeu a democracia burguesa se havia completado como uma forma;nem o movimento operário se havia integrado ou cooptado como uma força. As saídas revolucionáriaspossíveis diante de uma destruição eventual da antiga ordem eram, assim, profundamente ambíguas.A persistência dos antigos regimes e do academicismo que ia de par com eles forneceu umconjunto crítico de valores culturais contra os quais podiam medir-se os valores insurgentes de arte, mastambém em termos dos quais elas podiam articular-se parcialmente a si mesmas. Sem o adversário comum doacademicismo oficial, o grande arco das novas práticas estéticas tem pouca ou nenhuma unidade: sua tensão

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