FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF
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caráter de “relativo sedentarismo”, algo bem diferente das realidades das sociedades de<br />
pescadores-coletores-caçadores, anteriormente descritas. Essas sociedades também<br />
apresentavam uma forma completamente diferente de apropriação do espaço e mesmo de<br />
organização social. A passagem de uma economia de extração para uma economia de<br />
produção agrícola também permitiu a formação de aldeias que concentravam diversas<br />
famílias que, por sua vez, compartilhavam espaços de moradia e que deram origem a novas<br />
formas de interação social.<br />
Quando da chegada dos europeus, o território do litoral paulista encontrava-se dividido entre<br />
três grupos indígenas, a saber: os tupinambá, que dominavam as terras e mares ao norte de<br />
São Sebastião; os tupiniquim, que ocupavam a faixa litorânea de São Sebastião para o sul, até<br />
a região de Cananéia; e os Carijó, que seguiam daí para o sul do Brasil (Petrone, 1995, p.31).<br />
Hans Staden, que é uma das principais fontes de informação etno-histórica utilizada por<br />
historiadores e arqueólogos para compor os panoramas de ocupação e os hábitos culturais das<br />
populações indígenas durante, e mesmo antes, do período da Conquista, deixa claro que a<br />
região de Boiçucanga, próximo à São Sebastião, era o ponto de referência geográfica que<br />
marcava a divisa do território dos tupinambás, ao norte, dos tupiniquins, ao sul. Levado como<br />
integrante de uma expedição guerreira contra os portugueses e seus aliados tupiniquins, esse<br />
cronista quinhentista comentava em suas memórias: “Desejavam no mesmo dia chegar bem<br />
perto da terra do seu inimigo, até um lugar chamado Boiçucanga, onde queriam ficar de<br />
espreita até a tarde [...]” (Staden, 1942, p.127-128).<br />
Diferentemente da porção central do litoral paulista, que segundo a historiografia e certos<br />
cronistas como Frei Gaspar Madre de Deus (1953, p.44-45), era desprovida de aldeias<br />
litorâneas, sendo considerada uma zona periférica subsidiária das populações indígenas<br />
estabelecidas no planalto (Petrone, 1995, p.32-33), não parece haver dúvidas que a região do<br />
litoral norte abrigou algumas unidades desses assentamentos tupis. Assim, o próprio Petrone<br />
admite a possibilidade de uma aldeia localizada na área da atual cidade de São Sebastião<br />
(1995, p.33). Essa informação se adequa à característica observada por Prous de que a cultura<br />
tupiguarani 2<br />
se estabelecia ao longo de grandes redes hidrográficas principais (PROUS, 1992,<br />
p.373). Como sabemos, a região da atual cidade de São Sebastião encontra-se localizada<br />
justamente ao pé da bacia hidrográfica do Rio Juqueryquerê e, portanto, se enquadra dentro<br />
dos pré-requisitos mencionados pelo arqueólogo. Manuel de Azevedo Marques é outro<br />
historiador que, escrevendo no século XIX (1878), localizava a famosa aldeia de Iperoig em<br />
algum ponto entre São Sebastião e Ubatuba (Marques, 1952, p.344). Para as referências<br />
arqueológicas, o Programa Arqueológico de Ilha Bela, coordenado por Plácido Cáli, identificou<br />
a existência de duas aldeias tupis na Ilha de São Sebastião, uma ao norte, aldeia Viana, e<br />
outra ao sul, ilhote, ambas voltadas para o canal (Cáli, 2003, p.07-08). Outra importante<br />
referência é a da arqueóloga Sandra Amenomori que identifica o que classifica como uma<br />
aldeia tupinambá na ilha Anchieta, em Ubatuba (2005, p.33). Sobre a conformação dos sítios,<br />
Prous nos informa o seguinte:<br />
2<br />
O termo Tupiguarani (sem hífen) citado por este autor (Prous, 1992) se refere a uma tradição<br />
arqueológica, diferenciando-se do termo Tupi-Guarani (com hífen) que se refere a uma família<br />
lingüística do tronco TUPI.<br />
Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL 261